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Na Turquia, um bebê nasceu com anticorpos contra a COVID-19 após a mãe receber as duas doses da vacina durante a gravidez. Uras foi um caso inédito e também o primeiro bebê no país a nascer com anticorpos contra o coronavírus.
Zeynep Asli Kaplan, médica do Hospital Municipal de Ancara e mãe do pequeno Uras, recebeu a primeira dose na 29ª semana de gestação e, cerca de um mês depois, a segunda dose. Ela foi uma das primeiras profissionais da área da saúde a tomar a vacina CoronaVac no país.
Uras nasceu na 38ª semana de gravidez em um parto tranquilo, segundo a gestante. "Eu estava me perguntando se ele tinha anticorpos porque li alguns estudos nos Estados Unidos em que bebês nascem com anticorpos. Verificamos o sangue em seu cordão umbilical e no meu próprio sangue e descobrimos que ambos tinham anticorpos", disse Zeynep à Agência de Notícias Ihlas (IHA).
A médica também descobriu que possui anticorpos em seu leite materno e que irá aguardar para saber se eles serão transmitidos ao bebê. Ela também acrescenta que essa pode ser uma boa notícia para as gestantes em geral.
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"Tenho algumas amigas grávidas que foram vacinadas. Elas não tiveram quaisquer efeitos colaterais, mas precisamos de mais estudos sobre a segurança da vacinação para mulheres grávidas para garantir às pessoas. Pessoalmente, acho que a vacinação de mães em grupos de risco proporciona proteção para elas e para seus filhos", disse Zeynep Asli Kaplan.
Özlem Moraloglu Tekin, professor e médico-chefe da maternidade do Hospital Municipal de Ancara, disse que começaram a coletar dados de Zeynep Asli Kaplan e de outras profissionais da saúde gestantes e de puérperas para realizar mais estudos a respeito.
"Não há dados específicos sobre o efeito das vacinas em mães grávidas, mas estamos familiarizados com os dados limitados sobre mães grávidas e lactantes que receberam vacinas Moderna ou Pfizer-BioNtech em seus estudos de Fase 3. Sabemos que não houve efeitos colaterais, mas ainda precisamos de mais dados. Nosso trabalho aqui pode ser instrumental. Solicitamos ao Ministério da Saúde que fizesse o estudo", finalizou o médico.
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Vacina contra COVID-19 na gravidez: é segura?
O Comitê Consultivo em Práticas de Imunização e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA realizaram uma recente revisão de dados que evidencia a vacinação segura contra a COVID-19 em mais de 30 mil gestantes no país. Ao comparar a reação de mulheres grávidas e não grávidas às vacinas desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer ou Moderna, o comitê percebeu que as reações um dia após a aplicação da vacina foram semelhantes em ambos os grupos.
Os resultados do V-Safe - programa de monitoramento e segurança dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças após a vacinação contra a COVID-19 - também revelam a segurança de tomar a vacina durante a gestação. Cerca de 2 mil gestantes foram inscritas no programa e quase 300 já completaram a gravidez até o momento. As taxas de aborto espontâneo, bebê natimorto, doenças neonatais e complicações na gravidez entre as mulheres vacinadas foram as mesmas das taxas gerais de gestantes não vacinadas.
"Agora temos alguns dados que mostram que não há risco aumentado de sequelas durante a gestação. Seus bebês são tão saudáveis quanto os das mães que não foram vacinadas", relata Melanie Swift, copresidente do Grupo de Trabalho de Distribuição e Alocação de Vacinas contra a COVID-19 da Mayo Clinic.