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A contaminação pelo coronavírus pode causar uma série de sequelas, sejam elas permanentes ou não. Estas alterações no organismo seguem sendo um dos principais objetos de estudo entre pesquisadores de todo o mundo, que ainda tentam entender as proporções do patogênico e seu impacto na saúde.
Apesar de mudanças no olfato e paladar serem as complicações mais relatadas por pessoas que tiveram a doença, já há relatos que a COVID-19 também pode impactar o ciclo menstrual. Um estudo realizado na China com 117 participantes que se identificaram como mulheres revelou que 25% delas sofreram alterações na menstruação após a infecção pelo vírus, como a diminuição ou aumento no fluxo.
Já uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, observou que, mesmo sem nunca ter tido o diagnóstico positivo de coronavírus, é possível que uma pessoa sofra mudanças na menstruação por causa da pandemia. Segundo os pesquisadores, o efeito da quarentena na saúde mental é o maior responsável por essa alteração.
O estudo contou com 948 mulheres em fase reprodutiva que tinham ciclos considerados normais antes da pandemia. Os dados demonstram que entre as 98% que responderam ter sofrido com condições emocionais, como a ansiedade, 90% observaram mudanças no ciclo menstrual.
Como o vírus pode provocar alterações na menstruação?
Segundo Fábio Broner, médico ginecologista do Hospital Albert Sabin, as medicações tomadas para o tratamento da COVID-19 e as alterações hormonais, que podem ocorrer por um padrão de sono desregulado ou altos picos de estresse, são algumas das possibilidades para essas mudanças.
"Sabemos que o corpo sofreu com a COVID, de acordo com cada sintoma. Ainda foi associado o uso de medicações, tais como antibióticos, corticoides, e nos casos mais graves, com medicações conhecidas como 'kit intubação'. Estes fatores podem estar associados com a possibilidade da alteração no ciclo menstrual", afirma.
Ainda de acordo com o especialista, relatos de modificações na menstruação em quem nunca se infectou com o vírus também é uma realidade nos consultórios ginecológicos - e a saúde mental é, mais uma vez, considerada a principal explicação para essas mudanças.
"Um estudo de coorte (estudo observacional feito com um grande número de pessoas), entre 1994 e 2014, multicêntrico, mostrou respostas psicólogas negativas (estresse, ansiedade, depressão) prevalente em mulheres. Isto é, no cenário da pandemia, esses efeitos aumentaram. E podemos observar uma alteração no estilo de vida, com piora na alimentação, estresse, sedentarismo, sono inadequado, entre outros fatores que podem ter contribuído para alteração do ciclo menstrual", explica.
Entretanto, o ginecologista reforça que o efeito da pandemia e da COVID-19 no ciclo menstrual ainda não está claro. É preciso que mais estudos científicos sejam realizados, para que se possa avaliar os efeitos do coronavírus na menstruação de forma mais precisa.
Vacina da COVID X Menstruação
Ainda não há nenhum estudo que tenha analisado uma possível relação entre os imunizantes disponíveis contra o coronavírus e o ciclo menstrual. Porém, alguns grupos compostos por pessoas que menstruam já publicaram relatos nas redes sociais sobre terem presenciado alterações no fluxo após a vacinação.
Considerando que diferentes fatores podem influenciar na menstruação, como, por exemplo, o emocional e a alimentação, não é possível apontar exatamente o que pode ter provocado tais mudanças. Logo, é necessário que novas pesquisas sejam feitas sobre esse tema.