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Segundo um estudo publicado na revista Journal of Women's Health, 97% das mulheres que foram infectadas pelo coronavírus apresentaram sinais de COVID longa - quando os sintomas da COVID-19 persistem ao longo de quatro ou mais semanas. A porcentagem é maior do que a dos homens, que foi de 84%.
O trabalho aponta que, apesar de os homens terem tido maior risco de evoluir para um quadro grave de COVID, os sintomas vivenciados pelas mulheres na fase aguda foram iguais ou até piores na COVID longa.
Entre os sintomas mais sentidos estão: dispneia (falta de ar), fadiga, dor no peito e palpitações. Desses, os dois primeiros foram os sintomas mais apresentados em longo prazo, com 79% e 75%, respectivamente, das mulheres reportando esse sintoma após cinco meses do fim da infecção. Já entre os participantes masculinos, essas porcentagens foram de 63% e 39%, respectivamente.
Sobre o estudo
A pesquisa foi desenvolvida na Universidade de Parma e pelo Hospital de Parma, na Itália. Os estudiosos recrutaram 223 pacientes - sendo 60% homens e 40% mulheres - que passaram por atendimento médico no centro hospitalar entre maio de 2020 e março de 2021 e avaliaram os sintomas tanto na fase hospitalar quanto depois da alta, totalizando 23 semanas de acompanhamento.
Além desses resultados, os pesquisadores também observaram alguns fatores de risco para o aparecimento de sintomas da COVID longa. Apresentar dispneia, palpitações, dores no peito, mialgia (dor no corpo) ou insônia durante a fase aguda da doença são alguns deles e podem voltar a aparecer meses depois da infecção.
O estudo também indica que pacientes com sobrepeso podem apresentar falta de ar persistente. Por outro lado, o emagrecimento de pacientes que durante a fase aguda da doença apresentavam sobrepeso também foi associado à fadiga na COVID longa.
Os pesquisadores observaram, ainda, que os pacientes que fizeram uso de antivirais no início do surgimento dos sintomas tiveram menor ocorrência de COVID longa. Segundo o trabalho, mais homens receberam medicamentos como lopinavir e ritonavir do que mulheres.
Por fim, os estudiosos enfatizam a necessidade de mais estudos de acompanhamento em longo prazo serem realizados para compreender como os sintomas da COVID longa se manifestam nos diferentes gêneros. Também para implementar tratamentos e estratégias específicas durante a fase aguda da doença.
Entenda o que é COVID longa
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção dos Estados Unidos, a COVID longa é uma condição caracterizada pelo alívio e pelo retorno dos sintomas típicos da COVID-19 por mais de quatro semanas. Entre os principais sinais estão:
- Falta de ar
- Fadiga
- Mal-estar após atividade física ou esforço
- Dificuldade de concentração
- Tosse
- Dor no peito
- Dor de cabeça
- Palpitação
- Dor muscular e articular
- Diarreia
- Insônia.
De acordo com Andrea Almeida, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), que concedeu entrevista prévia ao Minha Vida, os sintomas são mais comuns em pacientes que tiveram COVID-19 moderada ou grave, mas também podem se manifestar em pessoas que tiveram quadros mais leves da doença.
Além disso, a especialista explicou que a principal diferença entre a COVID-19 e a COVID longa é o tempo que os sintomas se apresentam no corpo. Enquanto a primeira é uma doença aguda, a segunda é caracterizada pela permanência de um ou mais sintomas por semanas e, em alguns casos, meses.