Médica especialista em Ortopedia Infantil pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP, membro titular da Sociedad...
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Se você tem filhos em casa ou convive bastante com crianças já deve ter reparado que elas adoram sentar com os joelhos para a frente e os pés para trás. Essa é a famosa, porém polêmica, posição “W”, já que muitos acham que ela pode trazer riscos à saúde ortopédica da criança. Mas, afinal, sentar em “W” faz mal?
“Sentar em ‘W’ sempre foi um assunto muito presente no dia a dia dos pais e dos ortopedistas, mas devemos entender que essa posição é favorecida pelo formato do fêmur na região do quadril”, explica Natasha Voguel, ortopedista pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM/SP).
“Nós sabemos que a criança nasce com o formato do quadril diferente do adulto, ou seja, ao nascer, ela tem o que chamamos de anteversão do colo femoral. Isso significa que o osso do fêmur na região do quadril é mais para a frente, o que acaba favorecendo a posição de sentar em ‘W’”, completa a ortopedista.
Isso explica por que os pequenos gostam tanto de brincar nessa posição: ela é confortável para as crianças, principalmente para as que estão em idade pré-escolar, entre três e seis anos, segundo Natasha. “Conforme a criança cresce isso vai diminuindo e, com aproximadamente 10-14 anos, o formato será o mesmo do adulto”, afirma.
Crianças podem ficar sentadas em “W”? Há algum risco?
Segundo a ortopedista, não há motivos para os pais se preocuparem com seus filhos sentando em “W”. “Os estudos científicos não demonstraram que sentar em ‘W’ altere o formato do fêmur e também já sabemos que essa posição não causa uma doença chamada Displasia do Desenvolvimento dos Quadris (DDQ)”, esclarece Natasha.
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Porém, a médica alerta para que os pais fiquem de olho se a criança sente dor ao ficar em outra posição ou insiste em sentar-se sempre em “W”. “Caso os pais tenham dúvidas e percebam que a criança tem dor, dificuldade de sentar de outra forma ou tem alteração na força muscular, é importante buscar avaliação ortopédica”, orienta.
Explorar outras posições além do “W” é essencial
Apesar de não apresentar riscos, é importante incentivar as crianças a sentarem em outras posições além do “W”. “Elas devem ser estimuladas a sentarem de diversas formas: com as pernas esticadas, de lado, com as pernas cruzadas ou ajoelhadas”, exemplifica Natasha. “É importante mostrarmos que outras posições também podem ser interessantes e divertidas na hora da brincadeira”, completa.
Para isso, a ortopedista dá algumas dicas, como: brincar junto com as crianças com as pernas esticadas e estimulá-las a alcançarem os dedos do pé, fazer borboletinha com as pernas, sentar nos joelhos para brincar de carrinho ou sentar de lado para jogar um jogo de tabuleiro no chão.
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“Não existe uma posição ideal para a criança ser estimulada. Ela deve explorar as diferentes formas de brincar”, afirma Natasha. “Manter o corpo em constante movimento é importante para ela entender a necessidade de ser um adulto ativo e a importância das atividades físicas”, finaliza.