Fisioterapeuta Especialista em Oncologia (Hospital I. Albert Einstein);Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia e...
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O câncer de mama é o tumor que mais mata mulheres em todo o mundo, incluindo no Brasil. No país, com exceção do câncer de pele não melanoma, esse é o tipo de câncer mais incidente em mulheres. Para o ano de 2022, foram estimados 66.280 novos casos, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Há uma grande probabilidade de cura do câncer de mama quando o diagnóstico é feito precocemente. Um tumor diagnosticado no estágio inicial chega a ter mais de 90% de chance de cura. Porém, o tratamento, que pode incluir a mastectomia parcial ou total, pode trazer sequelas físicas e emocionais.
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“A visão que a mulher tem sobre ela mesma fica alterada após a mastectomia e quando não há reconstrução mamária imediata”, aponta Vanessa Tiscoski, fisioterapeuta oncológica da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). “Além disso, após a cirurgia, ela sofre com a limitação dos movimentos dos ombros e escápulas, alterações posturais, dores e alteração de sensibilidade, dificuldade de socialização e criando insegurança”, afirma a especialista.
Por isso, a reabilitação é um passo fundamental durante e após o tratamento do câncer de mama. Trata-se de um conjunto de cuidados para assegurar a retomada da vida pós-câncer, melhorando a autoestima e o bem-estar físico, emocional, social e, também, sexual da mulher.
Etapas da reabilitação pós-câncer de mama
A reabilitação da paciente com câncer de mama não deve ocorrer somente depois do tratamento, mas durante todo o processo, desde o diagnóstico. As etapas da reabilitação são:
1. Fisioterapia antes do tratamento
A fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Santa Marcelina, Aline Machado, explica que o tratamento fisioterapêutico é recomendado durante todo o acompanhamento da paciente, desde o diagnóstico até a alta.
Vanessa concorda e ressalta que já é possível fazer indicações de exercícios físicos adequados para cada caso durante a avaliação da paciente. “Sabemos que a atividade física previne o surgimento de outras doenças e amenizam os efeitos colaterais do tratamento do câncer”, explica a fisioterapeuta oncológica.
2. Reabilitação física após cirurgia
É nesta etapa que a fisioterapia terá seu maior papel. O tratamento fisioterapêutico é essencial para ajudar as mulheres a superarem suas limitações físicas e promover a independência funcional, permitindo que elas realizem atividades cotidianas sozinhas e com maior conforto.
“O papel da fisioterapia na reabilitação do câncer de mama é melhorar a qualidade de vida de mulheres no pós-operatório de câncer de mama, em função de diminuir as dores e desconfortos no pós-operatório imediato, melhorar a amplitude de movimento e a força muscular do membro superior envolvido na cirurgia e minimizar possíveis inchaços que podem ocorrer tanto no pós-operatório imediato quanto tardio”, esclarece Aline.
Essa importância se deve, principalmente, por conta da lesão causada pelo próprio procedimento cirúrgico, mas também porque existe a possibilidade de o médico ter que retirar músculos, o que interfere na movimentação do membro superior do lado operado, e linfonodos, que drenam o braço, podendo causar linfedema pós-mastectomia.
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De acordo com Vanessa, os benefícios da fisioterapia também incluem a prevenção de complicações respiratórias, esqueléticas e circulatórias e a reabilitação adequada e segura, com exercícios e orientações que devem ser seguidas após o retorno para casa.
Entre as atividades que fazem parte da fisioterapia estão os alongamentos musculares, as mobilizações articulares, além de recursos eletrofísicos e uso de terapia manual, conforme explica Aline.
3. Reabilitação emocional
Durante o tratamento do câncer de mama, a autoestima da mulher pode ser impactada devido à queda de cabelo, efeito colateral comum da quimioterapia, e por conta da mastectomia. Além disso, é comum que pacientes sintam uma diminuição da libido e sofram de alterações hormonais que podem impactar a vida sexual.
Por isso, também faz parte da reabilitação resgatar a confiança e a autoestima de mulheres. Nesses casos, a cirurgia reconstrutora das mamas pode ser fundamental para algumas pacientes. Além disso, é importante manter um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico para o processo de recuperação da autoconfiança.
4. Reabilitação social
A reabilitação social engloba as fases emocionais e físicas. Afinal, através da fisioterapia, a paciente conseguirá recuperar suas funções físicas e ter mais independência para realizar suas tarefas, sentindo menos dor.
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O acompanhamento psicológico também promoverá bem-estar mental e emocional, motivando a paciente a realizar tarefas que deem prazer a ela. Tudo isso é fundamental para que ela se sinta à vontade para retomar atividades sociais e de lazer que faziam parte de sua rotina antes do tratamento do câncer de mama.