Médico cirurgião com Residência em Oncologia Cirúrgica pertencente ao serviço de Mastologia e Ginecologia Oncológica do...
iRedatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, realizou residência médica em Obstetrícia e Ginecolog...
iGraduado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo- Escola Paulista de Medicina em 1995. Fez residência em clín...
iPossui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (1984), mestrado em Oncologia pela Faculdade d...
iO que é Câncer de mama?
O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve na mama como consequência de alterações genéticas em algum conjunto de células da mama, que passam a se dividir descontroladamente. Esse é o tipo de câncer que mais mata mulheres em todo o mundo e, na maioria dos casos, não apresenta sintomas na fase inicial.
Tipos
Existem diversos tipos de câncer de mama. No geral, o diagnóstico leva em conta alguns critérios: se o tumor é ou não invasivo, avaliação imunoistoquímica, seu tipo histológico e seu estadio (extensão).
Câncer de mama invasivo ou não
Um câncer de mama não invasivo, também chamado de câncer in situ, é aquele que está contido em algum ponto da mama, sem se espalhar para outros órgãos. Ou seja, a membrana que reveste o tumor não se rompe e as células cancerosas ficam concentradas dentro daquele nódulo.
Já o tipo invasivo acontece quando essa membrana se rompe e as células cancerosas invadem outros pontos do organismo. Todo câncer in situ tem potencial para se transformar em invasor.
Avaliação Imunoistoquímica
Também chamada de IQH, a avaliação imunoistoquímica para o câncer de mama avalia se aquele tumor tem os chamados receptores hormonais. Aproximadamente 65 a 70% dos cânceres de mama têm esses receptores, que são uma espécie de ancoradouro para um determinado hormônio.
Existem três tipos de receptores hormonais: o de estrógeno, o de progesterona e o de HER-2. Esses receptores fazem com que o determinado hormônio seja atraído para o tumor, se ligando ao receptor e fazendo com que essa célula maligna se divida, agravando a doença.
Tipo histológico do câncer de mama
O tipo histológico é como se fosse o nome e o sobrenome do câncer. Os tipos histológicos se dividem em vários subtipos, de acordo com fatores como a presença ou ausência de receptores hormonais e extensão do tumor.
Os principais tipos de câncer de mama são:
- Carcinoma ductal in situ
- Carcinoma lobular in situ
- Carcinoma ductal invasivo
- Carcinoma lobular invasivo
- Câncer de mama inflamatório
- Câncer de mama triplo-negativo
- Doença de Paget
- Angiossarcoma
- Tumor Filoide
Sintomas
Sintomas de câncer de mama
Os sintomas de câncer de mama variam conforme o tamanho e estágio do tumor. A maioria dos tumores da mama, em sua fase inicial, não apresenta sintomas. Caso o tumor já esteja perceptível ao toque do dedo, é sinal de que ele tem cerca de 1 cm³ — o que já é uma lesão muito grande.
Por isso é importante fazer os exames preventivos na idade adequada, como a mamografia, antes do aparecimento deste e de qualquer outro sintoma do câncer de mama.
Diagnóstico
Além da mamografia, ressonância magnética, ecografia e de outros exames de imagem que podem ser feitos para identificar uma alteração suspeita de câncer de mama, é necessário fazer uma biópsia do tecido coletado da mama. A partir desse material, é possível identificar se as células são tumorosas ou não.
Caso seja feito o diagnóstico, os médicos irão fazer o estudo dos receptores hormonais para saber se aquele tumor expressa algum ou não, além de sua classificação histológica. O tratamento vai ser determinado pela presença ou ausência desses receptores na célula maligna, bem como o prognóstico do paciente.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para o câncer de mama são:
- Histórico familiar
- Idade
- Tumor de mama anterior
- Menstruação precoce
- Menopausa tardia
- Reposição hormonal
- Métodos contraceptivos hormonais
- Alcoolismo
- Colesterol alto
- Obesidade
- Ausência de gravidez
Tratamento
Tratamento de câncer de mama
O tratamento para câncer de mama é determinado a partir da presença ou ausência de receptores hormonais, do estadiamento do tumor e se já apresenta o diagnóstico com metástase ou não. Outro fator determinante é o estado de saúde do paciente, a presença de doenças preexistentes e a idade — uma vez que é preciso levar em conta o impacto do tratamento e se ele irá interferir na qualidade de vida.
Os tratamentos são divididos entre:
- Terapia local: inclui cirurgia parcial ou total do tumor e/ou das mamas, seguida de radioterapia — um tratamento feito com radiações ionizantes para destruir o tumor ou impedir que suas células aumentem
- Terapia sistêmica: envolve um conjunto de medicamentos que serão infundidos por via oral ou diretamente na corrente sanguínea, que irá circular por todo o organismo, inclusive onde o tumor se encontra. Há três modalidades de terapia sistêmica: quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia
Caso o tumor tenha grande extensão, pode ser que o médico recomende uma terapia sistêmica inicialmente para diminuir o tamanho do câncer de mama e assim fazer a cirurgia parcial. Se o câncer apresentar metástases, a terapia sistêmica também é indicada, já que as drogas agem no corpo inteiro, encontrando focos do tumor e eliminando.
Pacientes que sofreram metástases deverão se submeter a algum tratamento sistêmico para o resto da vida, além do acompanhamento clínico.
Tem cura?
Câncer de mama tem cura?
O câncer de mama pode ter cura desde que diagnosticado precocemente. Um tumor detectado no estágio 0 ou 1 chega a ter mais 90% de chance de cura. Já um câncer de mama no estágio 3 ou 4 tem de 30% a 40% de chance de cura total. Contudo, isso não é motivo para desistir ou achar que o seu caso não tem cura.
Mesmo cânceres em estágios mais avançados podem responder bem ao tratamento, podendo ser operados e retirados completamente. Assim, é importante conversar com seu médico e sempre buscar novas formas de lidar com a doença.
Prevenção
Como prevenir o câncer de mama?
A prevenção do câncer de mama pode ser feita a partir da adoção de alguns hábitos, como:
- Alimentação saudável
- Exercícios físicos
- Não fumar
- Não ingerir bebidas alcóolicas
- Redução do estresse
- Mamografia
- Amamentação
Convivendo (Prognóstico)
O prognóstico do câncer de mama depende de todas as características do tumor e da paciente, como também da disponibilidade das drogas adequadas. No Brasil, ainda não está disponível a terapia anti HER2 para doenças metastáticas, por exemplo. Mas estudos têm mostrado eficácia em testes da vacina contra câncer de mama e a expectativa é de que a imunização esteja disponível aos brasileiros até 2027.
Além disso, 40% das mulheres com câncer no geral que precisam de radioterapia não recebem o tratamento porque não há equipamentos suficientes no país para suprir a demanda. Esse tipo de complicação pode piorar o prognóstico de uma paciente, que fica dependente de uma fila de espera ou então precisa se inscrever em programas internacionais.
Fisioterapia para câncer de mama
Ela promove a independência funcional da paciente, permitindo que realize as atividades que deseja sozinha e sem inconveniências. Proporciona alívio da dor e reduz a necessidade do uso de analgésicos. Geralmente o tratamento é indicado após a cirurgia.
Sexualidade e sensualidade
Durante o tratamento do câncer de mama, diversas situações como diminuição da libido, alterações hormonais e incômodos emocionais podem influenciar diretamente no seu comportamento sexual.
É importante que entenda que esses transtornos são causados por situações físicas que você está enfrentando e não tem a ver com o que você é em essência. Tente resgatar nesse período a sensualidade que há em você – mas tudo em seu tempo.
- Fale com seu parceiro ou parceira: converse sobre a diminuição da libido para que a pessoa não se sinta rejeitada e confusa com seu possível desinteresse sexual. A comunicação aberta poderá ajudar a buscar maneiras criativas de despertar a sua libido.
- Fale com seu oncologista: seu médico pode prescrever medicamentos para combater os efeitos colaterais do tratamento, motivos que levam ao desinteresse sexual.
- Fale com um psicólogo: o profissional pode ajudar identificando e tratando os obstáculos emocionais que colaboram com o desinteresse sexual a partir da psicoterapia.
Cuidados com a autoestima
A queda de cabelos e a mastectomia são os pontos que mais podem afetar a autoestima da paciente. Tente não se render a esses sentimentos e procure saídas para esses incômodos, que são pequenos perto da sua qualidade de vida e da luta que você está travando.
Busque outras atividades que façam você se sentir bem, como cursos de uma área que você se interesse. Tudo vale para reconquistar a autoconfiança ou então não deixar que ela se vá.
Se você perceber algum sinal de depressão, como tristeza profunda, falta de sono e apetite, insegurança e desânimo, converse com seu oncologista sobre o assunto. Ele poderá recomendar uma visita ao psicólogo.
Reconstrução de mama
Passível de ser realizada em quase todas as pacientes, a reconstrução da mama pode elevar a autoestima da mulher. No entanto, há dificuldade de acesso para pacientes do SUS, principalmente por fatores econômicos.
Para quem não tem acesso, é recomendado o uso de prótese externa afim de equilibrar um pouco do peso sobre a coluna e principalmente para alívio estético e maior liberdade para vestimenta da paciente.
Complicações possíveis
Entre as complicações está a recidiva, que é a volta de um tumor já tratado. A recidiva do câncer de mama pode ocorrer nos dois ou três primeiros anos após a retirada do tumor. Por isso, é necessário fazer um acompanhamento bem próximo nesse período, com mamografias regulares em intervalos de seis meses ou anualmente mais análise clínica do paciente.
Há ainda os possíveis efeitos colaterais das terapias, como a cirurgia, a hormonioterapia, a quimioterapia, a imunoterapia e a radioterapia. Converse com o seu médico sobre o que fazer caso sinta algum sintoma incomum após realizar esses tratamentos.
Links Úteis
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Instituto Brasileiro de Controle do Câncer
MAMAinfo
Sociedade Brasileira de Mastologia
Mais Sobre
Seus direitos
- Reabilitação profissional: o serviço da Previdência Social visa readaptar ou reeducar a profissional para o retorno ao trabalho, com o fornecimento de materiais necessários à reabilitação (tais como taxas de inscrição em serviços profissionalizantes e auxílios para transporte e alimentação). Todos os segurados da Previdência têm direito à reabilitação.
- Auxílio-doença: você terá direito ao benefício mensal desde que fique por mais de 15 dias com incapacidade para o trabalho atestada por perícia médica da Previdência Social e que tenha contribuído com o INSS por no mínimo 12 meses (embora haja exceções). Compareça pessoalmente ou por intermédio de procurador a uma agência da Previdência Social, preencha o requerimento, apresente a documentação exigida e agende a perícia. O auxílio-doença deixará de ser pago quando você recuperar a capacidade para o trabalho, ou caso o direito se reverta em aposentadoria por invalidez.
- Aposentadoria por invalidez: você terá direito ao benefício se for segurada da Previdência Social e a perícia constatar que está incapacitada permanentemente par ao trabalho. Via de regra, é preciso ter contribuído com o INSS por, no mínimo, 12 meses para obter o benefício. Compareça pessoalmente ou por procurador a uma agência da Previdência Social, preencha o requerimento, apresente a documentação exigida e agende a perícia. Você ainda pode requerer o auxílio-doença pela internet, no site da Previdência Social ou pelo telefone gratuito 135.
- Isenção de imposto de renda: você tem direito à isenção do imposto de renda sobre os valores recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma, inclusive as complementações recebidas de entidades privadas e pensões alimentícias, mesmo que a doença tenha sido adquirida após a concessão da aposentadoria, pensão ou reforma. Procure o órgão responsável pelo pagamento da aposentadoria, pensão ou reforma e solicite a isenção do imposto de renda que incide sobre esses rendimentos.
- Isenção de IPTU: não existe uma legislação nacional que garanta a isenção do IPTU para pessoas com determinadas patologias, como o câncer de mama. Como se trata de um imposto municipal, algumas cidades já garantem a isenção. Informe-se na Secretaria de Finanças do seu município.
- Cirurgia de reconstrução mamária: você tem direito a realizar a cirurgia reparadora gratuitamente tanto pelo SUS como pelo plano de saúde. Se estiver em tratamento no SUS, exija o agendamento da cirurgia no próprio local e, se não estiver, dirija-se a uma Unidade Básica de Saúde e solicite seu encaminhamento para uma unidade especializada em reconstrução mamária. Pelo plano de saúde, consulte um cirurgião credenciado.
Referências
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Mastologia
Sociedade Brasileira de Oncologia