Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Em tempos de pandemia de COVID-19, é importante lembrar que outras doenças ainda continuam ativas e precisam de atenção para serem controladas. É o caso da Aids, que atingiu a menor taxa de mortalidade no Estado de São Paulo em quase três décadas.
Segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), a região teve uma queda de 78% no número de mortes causadas pela doença desde o pico registrado em 1995. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira, 1 de dezembro, que também é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
Em seu auge, foram registradas 7.739 mortes no estado, sendo 5.850 de homens e 1.889 de mulheres. Em 2021, último ano analisado, ocorreram 1.719 óbitos, entre eles 1.237 pacientes do sexo masculino e 482 do sexo feminino. Desta forma, em 1995, houveram 22,9 óbitos a cada 100 mil habitantes contra 3,8 em 2021.
Os dados apontaram também uma diferença na faixa etária. Em 1995, 90% das vítimas possuíam menos de 44 anos. Já no ano passado, 60% dos casos corresponderam a pacientes acima de 45 anos.
A expectativa de vida dos pacientes com Aids também se ampliou entre os sexos: 49 anos para mulheres e 47 para homens. De acordo com a entidade, esses números refletem a evolução dos tratamentos - profilaxias pré e pós exposição (PrEP e PEP) - e introdução de novos procedimentos, o que contribuiu para o crescimento da sobrevida dos indivíduos afetados.
“O avanço nos tratamentos são um motivo para comemoração neste Dia Mundial de Luta contra a Aids, mas também trazem um alerta importante para a necessidade da conscientização sobre a importância do uso de métodos preventivos, como a camisinha, entre outros métodos de prevenção combinada. Apesar dos tratamentos terem maior eficácia, não podemos deixar de lado a prevenção”, afirma o Coordenador do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids de São Paulo, Alexandre Gonçalves.
Saiba mais: HIV: tire suas dúvidas sobre os testes de diagnóstico
Na cidade de São Paulo, pelo quinto ano consecutivo, houve queda no número de novos infectados. Em 2021, ocorreram 2.351 novos casos de HIV contra 3.761 registros em 2016. A informação foi apresentada no Boletim Epidemiológico 2021, divulgado pela Coordenadoria de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Números da Aids no Brasil
Já em âmbito nacional, 960 mil pessoas estão vivendo com HIV no Brasil, estima o Ministério da Saúde. No último ano, foram detectados 40,8 mil novos casos de HIV e 35,2 mil casos de Aids no país. Cerca de 727 mil pessoas estão em tratamento. O boletim revela que, atualmente, os casos se concentram em indivíduos de 25 a 29 anos, sendo 51,7% do sexo masculino e 47,4% do sexo feminino.
Nessa tendência, a taxa de detecção de HIV em menores de cinco anos, em decorrência da transmissão vertical (de mãe para filho), teve uma redução de 66% na última década. Em 2011, eram atribuídos 3,4 casos a cada 100 mil habitantes, enquanto em 2021 foram 1,2 casos a cada 100 mil cidadãos. Em contrapartida, os casos em gestantes cresceram 35% no mesmo período.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 4 milhões de pessoas possuem o vírus e ainda não foram diagnosticadas. Essa parcela representa mais de 10% dos 38 milhões de pacientes soropositivos ao redor do mundo. Por isso, a entidade vem cobrando as autoridades globais para se engajarem na meta de controlar a doença no mundo até 2030.
Leia mais: Como se prevenir e quais são os exames de controle da AIDS