Possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (2002) e mestrado em Moléstias Infecciosas e Parasitárias pe...
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O que é HIV?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana (human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV é uma infecção sexualmente transmissível (IST), que também pode ser contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o filho durante a gravidez.
Não há cura para a infecção pelo vírus HIV, mas há remédios que podem reduzir drasticamente a progressão da doença. Essas drogas reduziram o número de mortes em decorrência da infecção em grande parte do planeta, mas não é um tratamento simples e a pessoa infectada demandará de diversos cuidados em todas as áreas de sua saúde.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, atualmente 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, 77% fazem tratamento com antiviral e 94% das pessoas em tratamento estão com a carga viral indetectável, não transmitindo o HIV sexualmente.
Todas as pessoas estão sujeitas à infecção pelo HIV, não importa o gênero, idade ou comportamento sexual. É preciso apenas que tenham contato com uma das formas de transmissão do vírus.
HIV x AIDS
HIV não é a mesma coisa que AIDS. A AIDS é uma doença crônica e que pode ser potencialmente fatal. Ela acontece quando a pessoa infectada pelo HIV começa a ter o sistema imunológico danificado pelo vírus, interferindo na habilidade do organismo de lutar contra os invasores que causam a doença, além de deixar a pessoa suscetível a infecções oportunistas.
Causas
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais desprotegidas, isto é, sem o uso do preservativo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro, uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a vertical, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.
É importante ressaltar que é possível contrair o HIV seja por sexo desprotegido vaginal, anal ou oral, quando o parceiro está infectado e seu sangue, sêmen ou secreção vaginal entram no corpo da pessoa que não vive com o vírus.
A infecção pelo HIV evolui para AIDS quando a pessoa não é tratada e sua imunidade começa a diminuir ao longo do tempo, pois, mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por definição, a pessoas que tem AIDS apresentam contagem de linfócitos TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de AIDS, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extrapulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progressão da doença para AIDS.
Quanto tempo demora para os sintomas se manifestarem?
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva, e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema imune com perda dos linfócitos T, podendo viver por anos sem manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o período chamado de janela imunológica, que é o período entre o contágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é transmissora.
Sintomas
Quais os sintomas do HIV no corpo?
A maior parte das pessoas infectadas pelo vírus HIV desenvolvem, cerca de um ou dois meses após a exposição, alguns sintomas parecidos com os de um resfriado. Esta fase, conhecida como primária ou aguda pode durar por algumas semanas e é bastante perigosa, pois a infecção pode passar desapercebida e a carga viral (quantidade de vírus no sangue) neste momento é bastante alta, fazendo com que o vírus se espalhe mais facilmente. Depois deste período os sintomas podem desaparecer espontaneamente por vários anos antes do HIV ser diagnosticado.
Entre os sintomas que podem surgir quando a pessoa foi infectada pelo HIV estão:
- Febre;
- Mal-estar;
- Manchas vermelhas pelo corpo;
- Aumento dos linfonodos, ou ínguas;
- Dores de cabeça;
- Dor nos músculos;
- Erupção cutânea;
- Calafrio;
- Dor de garganta;
- Úlceras orais ou úlceras genitais;
- Dor nas articulações;
- Sudorese noturna;
- Diarreia;
- Tosse.
Diagnóstico
O diagnóstico do HIV normalmente é realizado através de testes que detectam o vírus na saliva ou no sangue. Eles podem ser realizados a partir de 30 dias após a exposição, isso porque os exames (laboratorial e teste rápido) busca por anticorpos contra o HIV no sangue para detectar a infecção. Existem vários testes para determinar em que estágio a doença está, dentre eles:
- Contagem de CD4: As células CD4 são um tipo de glóbulo branco que é especificamente destruído pelo HIV. A contagem de células CD4 em uma pessoa sem HIV pode variar de 500 a mais de 1.000. Mesmo que o paciente não apresente sintomas, quando a infecção por HIV progride para aids a contagem de CD4 cai para menos de 200
- Carga viral: O teste mede a quantidade de vírus no sangue e, normalmente, quanto maior a carga viral, menor a condição geral de saúde da pessoa.
O médico também pode solicitar testes para outras infecções ou complicações relacionadas ao HIV/aids:
- Tuberculose;
- Hepatite;
- Toxoplasmose;
- Outras doenças sexualmente transmissíveis;
- Danos nos rins e fígado;
- Infecções de trato urinário.
Tipos de teste
- Testes convencionais: Os profissionais de laboratório colhem uma amostra do sangue do paciente e buscam por anticorpos contra o vírus. Se a amostra não apresentar nenhuma célula de defesa específica para o HIV, o resultado é negativo e, então, oferecido ao paciente. Porém, caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é necessária a realização de um teste adicional, o chamado teste confirmatório, para que se tenha certeza absoluta do diagnóstico. Nele, os profissionais buscam por fragmentos de HIV na corrente sanguínea do paciente
- Teste rápido: Ele funciona da mesma forma que o teste convencional, com a diferença de que o resultado sai no mesmo dia, cerca de trinta minutos até duas horas após a realização do exame. Isso permite que o paciente fique sabendo do resultado no momento da consulta médica e receba o aconselhamento pré e pós-teste, muito importante para esclarecer dúvidas a respeito das formas de transmissão e também de tratamento
- Fluído oral: O teste de fluido oral é a mais recente modalidade de testagem. Para realizar o exame, é necessário retirar uma amostra do fluido presente na boca, principalmente das gengivas e da mucosa da bochecha, com o auxílio de uma haste coletora. O resultado sai em 30 minutos e pode ser realizado em qualquer lugar, dispensando estruturas laboratoriais. No entanto, o teste de fluido oral serve apenas como triagem para o paciente
- Testes confirmatórios: São usados como testes confirmatórios os exames Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta para o HIV-1 e o Imunoblot. Eles são requeridos somente quando o resultado de testes convencionais ou testes rápidos é positivo. Eles são necessários porque, algumas vezes, os exames podem dar resultados falso-positivos em decorrência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doenças autoimunes e alguns tipos de câncer não diagnosticados.
Saiba tudo sobre os diferentes tipos de teste e quando fazê-los aqui
Fatores de risco
Há alguns comportamentos de risco para a infecção por HIV:
- Relação sexual (vaginal, anal ou oral) com pessoa infectada sem o uso de preservativos
- Compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis
- Reutilização de objetos perfurocortantes com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV
Mulheres HIV-positivas que queiram engravidar também precisam tomar as providências, sob orientação médica, para não transmitir o vírus para os seus filhos durante a gestação, parto ou amamentação.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar HIV são:
- Clínico geral
- Infectologista
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar tempo. Dessa forma, você já pode chegar ao consultório com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Como você acredita que foi exposto ao HIV?
- Faz quanto tempo que esta exposição ocorreu?
- Quais são os seus sintomas e quando eles começaram?
- Você praticou ou pratica algum dos comportamentos de risco para infecção por HIV, como relação sexual vaginal, anal ou oral sem o uso de preservativos, compartilhamento de agulhas e seringas, reutilização de objetos perfurocortantes?
- Alguém com que você fez sexo é portador do vírus HIV?
Caso a pessoa já tenha sido diagnosticada como portadora do HIV, o médico analisará a evolução da doença, a resposta do organismo ao tratamento, os exames do paciente, a sua condição geral de saúde e quais doenças oportunistas ele contraiu neste período de tempo.
Tratamento
Há várias medicações disponíveis e o tratamento é sempre combinado com pelo menos três drogas. Há um consenso brasileiro de tratamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde, que visa uniformizar as formas de tratar. A medicação de primeira escolha hoje está disponível em um único comprimido, é a combinação de lamivudina, tenofovir e efavirenz. No caso de contraindicação, efeitos adversos ou resistência, temos opções de outros antirretrovirais que deverão ser individualizados para cada paciente. A indicação de qual esquema de tratamento deve ser utilizado é passada pelo médico.
O importante é que uma vez iniciado o tratamento, o paciente deve estar ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo e que as medicações devem ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos. Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por surgimento de vírus resistentes.
Os medicamentos agem em diferentes partes do ciclo de multiplicação do HIV dentro do organismo, evitando a formação de novos vírus e a destruição das células de defesa. Cada classe de medicação age em uma fase desse ciclo e para que o tratamento seja mais eficaz, são utilizadas combinações de diferentes classes. É importante lembrar que ainda não há uma medicação que consiga destruir todos os vírus existentes no paciente e que alguns permanecem “escondidos” e podem voltar a se multiplicar se ele parar de tomar a medicação.
Outros remédios utilizados são para prevenção de algumas doenças oportunistas, que em geral são suspensos com a melhora da imunidade do paciente.
PrEP
A Profilaxia Pré-exposição (PrEP) é um método de prevenção à infecção pelo HIV. Ele consiste na tomada diária de um comprimido que o organismo esteja preparado para uma possível exposição ao vírus, evitando a contaminação.
O medicamento começa a fazer efeito a partir de 7 dias para relações anais e 20 dias para relações vaginais, mas você só estará protegido se tomar todos os dias, sem interrompimentos.
PEP
A Profilaxia Pós-exposição (PEP) é uma medida de prevenção de urgência utilizada em situações de risco à infecção pelo HIV. A profilaxia deve ser iniciada o mais rápida possível, preferencialmente até 2h após a exposição, e no máximo até 72h depois.
O tratamento deve ser realizado por 28 dias, com o uso de medicamentos que diminuem as chances do vírus se espalhar no organismo e acompanhamento médico durante o período, após interromper a medicação, exames devem ser realizados à fim de confirmar que a pessoa não foi infectada.
Tem cura?
Apesar de ainda não se ter descoberto a cura para a infecção, atualmente existem medicamentos antirretrovirais, que são coquetéis que aumentam a sobrevida dos soropositivos, mas é fundamental seguir todas as recomendações médicas e tomar os medicamentos conforme a prescrição. Caso o paciente não faça o tratamento conforme recomendado, ele pode acabar tornando o vírus mais resistente antes do tempo, dificultando o tratamento e prejudicando a sua saúde no geral.
A AIDS é um dos maiores desafios da saúde pública no mundo, especialmente nos países mais pobres. No Brasil temos centros especializados no tratamento da doença com equipes multidisciplinares que podem ajudar o paciente com AIDS a viver da melhor forma possível, desde que use os seus medicamentos e siga todas as demais recomendações médicas para o seu caso.
Prevenção
Para se prevenir contra o HIV, o mais importante é não se colocar em situação de risco para a infecção pelo vírus, ou seja:
- Faça sexo (vaginal, anal ou oral) sempre com proteção;
- Não compartilhe agulhas e seringas;
- Não reutilize objetos perfurocortantes no geral;
- No caso de violência sexual, comunique as autoridades o quanto antes e vá a um hospital, de preferência especializado, para que eles possam ministrar os remédios de profilaxia de infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis (IST). As chances de não se desenvolver essas doenças quando a profilaxia é feita poucas horas após o ato é muito maior;
- Se você descobriu que tem o vírus, comunique o seu parceiro ou pessoas com as quais teve relações sexuais. Ele precisará fazer os testes, pois um diagnóstico precoce faz com que o tratamento seja muito mais efetivo. Além disso, eles precisam saber se estão com o vírus para que não acabem por infectar outras pessoas.
Se você já foi diagnosticado com HIV, para se prevenir a AIDS o mais importante é que você tome todos os seus medicamentos conforme prescrição e siga todas as demais orientações médicas, além de procurar ter uma vida mais saudável, se alimentando bem, mantendo o peso compatível com a sua idade, sexo e altura e, se ainda fuma, deixar de fumar. No caso de infecções oportunistas ou outros sintomas enquanto está se tratando do HIV, é importante procurar assistência médica para tomar as providências corretas contra a doença o quanto antes, que incluem medicações que não interfiram com os seus antirretrovirais.
Convivendo (Prognóstico)
Assim como é muito importante que o paciente com HIV faça uso das medicações corretamente para que aumente a sua expectativa de vida e reduza as possíveis complicações do HIV, que incluem a AIDS, também é essencial ter diversos cuidados e regras com a saúde. As seguintes sugestões podem ajudar os pacientes soropositivos a ficarem saudáveis por maior período de tempo:
Coma alimentos saudáveis
Frutas e vegetais frescos, grãos e proteínas, em uma dieta equilibrada, ajudam a manter o paciente forte, liberar mais energia e a dar suporte ao sistema imunológico. Mas cuidado, doenças relacionadas a ingestão de alimentos podem ser especialmente mais severas em pessoas vivendo com HIV/aids. Evite produtos lácteos não pasteurizados, ovos crus e frutos do mar crus, como ostras e peixes. Cozinhe a carne até que ela fique bem passada ou até que não haja nenhum traço cor de rosa.
Tome suas vacinas
A imunização pode prevenir infecções como pneumonia e gripe, mas tenha certeza de que as vacinas não são compostas de vírus vivos. Eles podem ser perigosos para pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Tome cuidado com os animais de estimação
Alguns animais podem carregar parasitas que causam infecções em pessoas soropositivas ou com o sistema imunológico enfraquecido. As fezes do gato, por exemplo, podem causar toxoplasmose, répteis podem carregar salmonela e os pássaros certos tipos de fungo. O ideal é conversar com o seu médico sobre a presença do animal em casa e procurar um veterinário para verificar a saúde do bichinho.
Não fume
Pacientes soropositivos têm o sistema imunológico enfraquecido e estão mais susceptíveis a diversas doenças, inclusive comorbidades relacionadas aos pulmões. Então, se ainda fuma, pare de fumar o quanto antes.
Cuidados na gestação
Durante a gestação, uma mulher soropositiva não vai necessariamente transmitir o vírus para o bebê. O maior risco é durante o parto e, dependendo da carga viral da paciente, o ideal é fazer uma cesárea.
Durante toda a gestação a mulher deve ser medicada, mesmo que sua sua carga viral não exija tratamento. A mãe recebe um coquetel para reduzir a quantidade de vírus em seu organismo, o que diminui o risco de transmissão para o bebê.
Saiba mais detalhes sobre os cuidados com o HIV na gestação aqui.
AIDS na terceira idade
Os pacientes idosos podem ter associadas doenças pré-existentes que podem intensificar os sintomas relacionados a doenças ditas oportunistas que definem o diagnóstico de AIDS, conferindo maior gravidade ao quadro.
Em relação aos antirretrovirais disponíveis para tratamento dos pacientes idosos, (que são as mesmas classes disponíveis para os pacientes adultos), se faz importante atentar para possíveis para-efeitos destas medicações, que costumam ser mais intensos em pacientes com mais de 60 anos. No momento do início de tratamento com medicações antirretrovirais, é preciso escolher um esquema que tenha o menor número de interações farmacológicas com as medicações de uso prévio e contínuo do paciente em questão (exemplo: medicações para hipertensão arterial, diabetes etc).
O diagnóstico do HIV no idoso muitas vezes é dificultado, porque tanto o paciente quanto seus familiares e profissionais de saúde tendem a não cogitar a possibilidade deste diagnóstico nesta faixa etária e em muitas situações os sinais e sintomas presentes no momento da avaliação médica fazem parte do grupo de doenças típicas do envelhecimento, confundindo e dificultando o diagnóstico. Por isso, o atendimento diferenciado a este paciente, com intensa interação entre médico geriatra e médico infectologista é imprescindível.
Saiba mais: Veja como lidar com o HIV em relacionamentos
Complicações possíveis
São diversas as complicações que uma pessoa vivendo com HIV pode desenvolver, a principal delas é a AIDS, mas, com o tratamento adequado é possível retardar bastante este processo. Contudo, o vírus deixa a pessoa mais suscetível a outras doenças, como um grande número de infecções e de tipos de cânceres.
Dentre as infecções temos:
- Tuberculose: É a infecção oportunista mais comum associada ao HIV e uma das principais causas de morte entre pessoas com aids. É extremamente comum que pessoas com HIV também estejam infectadas com tuberculose.
- Salmonela: A infecção é contraída através da ingestão de alimentos ou água contaminada. Entre os sintomas estão diarreia severa, febre, calafrios, dor abdominal e vômitos e é muito mais incidente entre soropositivos do que em soronegativos.
- Citomegalovírus: O vírus da herpes, que é transmitido através de contatos com fluídos corporais, fica inativo ou dormente em uma pessoa com um sistema imunológico saudável. Contudo, se a imunidade da pessoa está baixa, ele reaparece, o que é comum em soropositivos. O vírus pode causar dano aos olhos, trato digestivo, pulmões e outros órgãos.
- Candidíase: A infecção causa inflamações e o aparecimento de um revestimento branco espesso nas membranas mucosas da boca, língua, esôfago ou vagina. Em crianças, os sintomas são ainda mais severos na boca ou no esôfago, o que pode tornar o ato de comer bastante doloroso.
- Meningite criptocócica: é uma infecção do sistema nervoso central, associada ao HIV, ocasionada por fungos encontrados no solo. Esta doença também pode estar ligada à pássaros ou fezes de morcego.
- Toxoplasmose: É uma infecção potencialmente fatal causada por um parasita transmitido usualmente por gatos. O animal infectado libera o parasita nas fezes, que é quando ele pode ser transmitido a humanos e outros animais.
- Criptosporidiose: É uma infecção intestinal parasitária comumente encontrada em animais, transmitida para os humanos através da ingestão de água ou alimentos contaminados. O parasita cresce no intestino, levando a diarreias severas e crônicas em pacientes com aids.
Dentre os tipos mais comuns de câncer que podem se desenvolver com maior facilidade em pacientes soropositivos estão:
- Sarcoma de Kaposi: Que é raro em pessoas sadias e comum entre os portadores do vírus HIV. O Sarcoma de Kaposi surge com lesões rosas, vermelhas, roxas, marrons ou pretas na pele e boca da pessoa e também pode afetar os órgãos internos como o trato digestivo e os pulmões.
- Linfomas: Esse tipo de câncer se origina nos glóbulos brancos do sangue e usualmente aparece primeiramente nos nódulos linfáticos.
Outras complicações podem incluir:
- Síndrome de Wasting ou do definhament: É definida como a perda de ao menos 10% da massa corpórea do paciente, acompanhada de diarreia, fraqueza crônica e febre. Com os tratamentos, o número de casos de Síndrome do Definhamento tem diminuído, mas ainda afeta muitas pessoas com HIV.
- Complicações neurológicas: Apesar da aids aparentemente não afetar as células nervosas, ela pode causar sintomas neurológicos como confusão, esquecimento, ansiedade, dificuldade de caminhar etc. A complicação mais comum é o complexo aids-demência, que leva a mudanças comportamentais e a um funcionamento mental diminuído.
- Doenças renais: A nefropatia associada ao HIV é uma inflamação dos pequenos filtros dos rins, que removem o excesso de líquido e resíduos do sangue e os passa para a urina.
Saiba mais: Entenda por que o HIV favorecer o aparecimento de doenças crônicas
Perguntas frequentes
O que é janela imunológica?
Janela imunológica é o tempo que o corpo demora para reconhecer a presença do HIV (ou qualquer outro vírus) na corrente sanguínea e, assim, começar a produzir anticorpos contra ele. E como os testes de diagnóstico buscam esses anticorpos na amostra de sangue colhida, se o exame for feito dentro deste período o resultado pode dar negativo mesmo que a pessoa já esteja infectada.
Qual a chance de me infectar se eu fizer sexo com alguém soropositivo?
Poucos sabem, mas é muito mais difícil ser infectado tendo relações com um soropositivo do que com uma pessoa que desconhece sua sorologia. Isso porque, graças ao tratamento, a carga viral de muitas pessoas que vivem com o vírus está indetectável, ou seja, com menos de 40 cópias de vírus por mililitro de sangue. Isso é suficiente para que não haja a transmissão. Para se ter uma ideia, se um soropositivo com carga viral indetectável há pelo menos um ano fizer o teste de HIV, o resultado tem muitas chances de ser negativo.
Estudos internacionais já mostraram que um soropositivo em tratamento e há seis meses com a carga viral suprimida tem 96% menos chances de transmitir o vírus durante o ato sexual.
HIV se transmite também pelo beijo ou suor?
Mito antigo, porém que ainda resiste no imaginário popular. O HIV é transmitido por meio da troca de fluidos corporais, porém saliva e suor não são uns deles. Apenas sangue, sêmen, secreções genitais e leite materno possuem concentração de vírus suficiente para infectar outra pessoa. Portanto, nunca é demais lembrar que as únicas formas de transmissão do HIV são: relações sexuais desprotegidas - anal, oral ou vaginal -, transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou de mãe para filho (transmissão vertical). Não se pode contrair HIV por nenhum outro meio que não sejam esses
Referências
Karina T. Miyaji, médica infectologista do Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) – CRM: 108285/SP.
Graziella Hanna, médica infectologista do Hospital Santa Cruz de São Paulo – CRM: 51071/SP.
Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais
Clínica Mayo – organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos, entre outros.
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS).