Coordenador médico do Fleury Fertilidade e PhD em Reprodução Humana. Especializado em infertilidade masculina e conjugal...
iRedatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
Não são raros os casos de pessoas que passam meses ou até anos tentando alcançar o sonho de uma gravidez — seja ela de primeira viagem ou não. Assim, por nem sempre ser um objetivo garantido, a busca por truques que facilitem esse processo é grande.
A questão é que existem muitos mitos em torno da gravidez que podem, na verdade, mascarar problemas ginecológicos ou urológicos. Daniel Suslik Zylbersztejn, coordenador médico do Fleury Fertilidade e PhD em Reprodução Humana, conta que casais que tentam engravidar sem sucesso por mais de um ano devem passar por uma avaliação médica, a fim de entender se a dificuldade tem relação com alguma complicação.
Nos casos em que ambos estão saudáveis, algumas dicas podem facilitar a concretização de uma gravidez. Confira os conselhos dados pelo especialista e descubra o que é verdade (ou não) quando o assunto é facilitar a gestação.
Cuidado com os lubrificantes
O uso de lubrificantes, sejam eles a base de petróleo ou água, é considerado tóxico para os espermatozoides. Por isso, caso a aplicação do produto seja necessária, o ideal é que sejam utilizados lubrificantes considerados “sperm friendly”, que não prejudicam a chance de fecundação do espermatozoide.
Saiba mais: Por que é essencial usar lubrificante no sexo anal?
Posição sexual interfere?
Há quem diga que algumas posições sexuais podem aumentar a chance de engravidar. Outro truque muito difundido é que a pessoa com útero fique de pernas para cima após a relação para que o esperma não saia da cavidade. Entretanto, o médico explica que não há estudos que comprovem a eficácia dessas técnicas.
“Durante a relação, existe o depósito do sêmen no fundo vaginal. Quando a pessoa está no período fértil, com o colo receptivo aberto, uma pequena quantidade desse sêmen vai para dentro do canal cervical em direção às tubas para encontrar o óvulo. Aí, pode ocorrer a fertilização e a formação de um embrião”, explica Daniel.
Dessa forma, o hábito de se deitar no final da relação sexual ou a posição durante o ato em si não causa interferência nesse processo - e, sim, fatores como a fertilidade e a saúde do organismo.
Ingestão de flavonoides
Os flavonoides, mais especificamente a isoflavona, mimetizam o hormônio feminino estrogênio no organismo, o que teoricamente pode favorecer a gravidez. Essas substâncias são encontradas no reino vegetal e, por não serem produzidas naturalmente pelo organismo, devem ser ingeridas através da alimentação.
Porém, não há estudos conclusivos que comprovem a relação entre os flavonoides e o início de uma gestação. De acordo com Daniel, durante a gravidez, o consumo de alimentos ricos neste composto deve ser moderado, já que o excesso dele no organismo pode trazer efeitos negativos na saúde do feto.
Benefício do orgasmo
Além de diminuir o estresse e relaxar o corpo, o orgasmo pode facilitar a gravidez. “O orgasmo de pessoas com útero faz com que haja uma contração importante de todo o trato reprodutivo, o que facilita o processo de entrada do espermatozóide nas tubas uterinas”, afirma o ginecologista.
Intervalo nas relações
Quanto maior o tempo de abstinência ejaculatória, pior a qualidade seminal. Isso significa que passar muito tempo sem ejacular faz com que o sêmen tenha o seu poder enfraquecido, o que diminui a possibilidade de fecundação, além de impactar em seu volume.
Segundo Daniel, o ideal é que as relações sexuais aconteçam a cada 48 horas, mesmo fora do período fértil. Para aumentar as chances de uma gestação, o especialista indica que a ejaculação ocorra entre quatro e cinco dias antes da ovulação.
Saúde em dia
Diferente do orgasmo e até mesmo da frequência ejaculatória, alguns hábitos podem interferir negativamente na qualidade dos espermatozoides e dos óvulos, como o fumo. Por isso, manter uma rotina saudável, livre de vícios e com uma alimentação rica em nutrientes, é essencial para evitar complicações que envolvem o sistema reprodutor.
“Muitas vezes, algumas doenças são fruto dos nossos maus hábitos - sejam alimentares ou cuidados de vida, como sedentarismo, obesidade e vícios. Portanto, tentar ter uma vida mais saudável vai gerar gametas com melhor qualidade”, finaliza Daniel.