Psicóloga com pós-graduação em Psicologia Hospitalar, cursando formação clínica na abordagem ACP (Abordagem Centrada na...
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As novas gerações já estão nascendo conectadas e sabendo mexer em smartphones e tablets. Por isso, é difícil imaginar um cenário em que elas não estão acessando a internet, brincando em jogos digitais ou vendo vídeos nas redes sociais. Porém, existem motivos para se preocupar com essa superexposição.
Um estudo canadense, publicado no JAMA Pediatrics em 2019, por exemplo, mostrou que deixar uma criança pequena passar muito tempo usando celulares, tablets e outros eletrônicos pode atrasar o desenvolvimento de habilidades de linguagem e sociabilidade. A pesquisa acompanhou 2,5 mil crianças de dois anos de idade e, segundo especialistas, elas não devem ter contato com as telas até completar 18 meses de idade.
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Um outro estudo mais recente, publicado em junho de 2022, no JAMA Network Open, descobriu que o uso frequente de dispositivos eletrônicos para acalmar as crianças entediadas ou chateadas está associado a uma maior desregulação emocional, principalmente em meninos. Para a pesquisa, foram ouvidos 422 pais e 422 crianças de três a cinco anos.
Além disso, há as preocupações com o que está disponível na internet. “A criança e o adolescente, quando acessam a internet, ficam expostos a riscos como aliciamento on-line, cyberbullying, campanhas de ódio, golpes e vazamento de dados. Esses são apenas alguns dos riscos que a internet pode oferecer quando usada sem o devido acompanhamento dos pais”, exemplifica Mayara Gomes, psicóloga do Grupo Prontobaby.
Alternativas para reduzir o tempo no smartphone
Com todos esses riscos, é normal querer reduzir o tempo das crianças nas redes. Uma solução para essa questão é pensar em alternativas que possam entreter e, ao mesmo tempo, oferecer conhecimento e desenvolvimento físico e cognitivo para os pequenos - com ou sem tecnologia. Separamos duas opções a seguir:
1. Rotinas e brincadeiras em família
Segundo um estudo de 2017, publicado no American College of Sports Medicine, as crianças se sentem menos cansadas e aproveitam mais as atividades quando estão acompanhadas do que quando estão sozinhas. “Passeios como piqueniques, brincadeiras ao ar livre e atividades que estimulem a criatividade são ótimas opções”, afirma a psicóloga Mayara.
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Mas como colocar isso em prática? “Coloque um limite no tempo que as crianças passam na frente das telas”, sugere. Além disso, é válido relembrar das próprias brincadeiras de quando era criança e ensiná-las para os pequenos: esconde-esconde, pega-pega, queimada, jogos de tabuleiros, massinhas, cabanas, desenhos e pinturas são algumas alternativas.
2. Uso de dispositivos dos pais em horários específicos
A segunda opção, principalmente para crianças que já estão acostumadas a usar o celular, é separar um momento específico do dia para utilizar o smartphone de um dos responsáveis para assistir vídeos ou jogar on-line. Faça isso com a sua supervisão e impondo limites dos aplicativos que ele pode utilizar.
Para que a sua privacidade não seja invadida, mesmo que sem querer, uma sugestão é utilizar aplicativos que bloqueiam o acesso a redes sociais por um período específico de tempo. Esse recurso é bastante comum entre estudantes que querem se concentrar nos estudos ou entre funcionários que querem reduzir as distrações durante o expediente.
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Algumas opções são: StayFocusd, uma extensão do Google Chrome personalizável, e Offtime, um app que bloqueia as redes sociais pelo tempo estabelecido por você.
Meu filho tem o próprio smartphone. E agora?
Se você já presenteou seu filho com um smartphone ou, ainda assim, pretende dar um dispositivo para ele, o próximo passo é monitorar as atividades do pequeno e estabelecer limites.
“É importante entender que celular não é brinquedo. A internet abre portas para exposição e perigos já citados anteriormente. Os pais precisam monitorar regularmente o uso do celular e orientar a consumir sites e aplicativos que ofereçam conteúdo apropriado para crianças de acordo com cada idade”, afirma Mayara.
Há uma série de aplicativos que auxiliam na segurança on-line das crianças. O Google Family Link, por exemplo, permite, gratuitamente, ao responsável criar uma conta no Google para crianças menores de 13 anos e consegue aprovar ou bloquear remotamente o download de outros apps no dispositivo da criança, além de controlar os períodos de uso do aparelho.
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“É necessário ter em mente que o celular faz parte hoje da rotina em nossas vidas e pode trazer benefícios quando usado na medida certa. Por exemplo, a tecnologia oferece a facilidade de comunicação com pessoas em qualquer lugar do mundo, acessando aplicativos e programas com conteúdo educativo que podem, inclusive, ajudar nas lições de casa”, opina Mayara.
Também é fundamental conversar com o pequeno para estabelecer regras e alinhar as expectativas, ou seja, entender o que o filho quer e o que você, como responsável, pode oferecer e o que não pode. De tempos em tempos, revisite essas regras estabelecidas e veja o que pode ser adaptado aos poucos.