Possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Realizou Mestrado e Doutorado...
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As micoses de pele são infecções causadas por fungos que podem afetar a pele, o couro cabeludo, as unhas, os pés e a boca, resultando em sintomas como coceira, vermelhidão e descamação na região. Existem diversas variações da condição, mas o que todas têm em comum é o ambiente em que os micro-organismos se proliferam: quente, úmido e abafado.
"O que as diferencia são as classificações dos fungos e as formas de contaminação", explica o dermatologista Reinaldo Tovo, chefe da equipe de dermatologia do Hospital Sírio Libanês (SP). Segundo o especialista, os micro-organismos causadores podem ser divididos da seguinte forma:
- Fungos antropofílicos: são passados de pessoa para pessoa e muito comuns em casais
- Fungos geofílicos: são contraídos pelo solo, normalmente por pessoas que tomam banho sem chinelo ou andam descalças em locais contaminados
- Fungos zoofílicos: são disseminados pelos animais altamente contagiosos e afetam principalmente as crianças
A seguir, médicos dermatologistas consultados pelo MinhaVida explicam os principais tipos de micoses que afetam a pele, suas características e as melhores formas de tratá-los. Confira!
1. Frieira (ou pé-de-atleta)
A frieira, também conhecida como pé-de-atleta ou micose no pé, é uma doença que se desenvolve entre os dedos dos pés, especialmente quando eles ficam abafados em sapatos fechados por muito tempo ou são expostos a ambientes contaminados, como beiras de piscinas e vestiários de clubes.
A frieira também pode atingir as laterais, a sola e até outras partes do corpo, como a virilha, causando sintomas como sensibilidade, coceira intensa, dor, ardor e pele com fissuras.
Leia mais: Frieiras: entenda como prevenir o aparecimento desses fungos
Como tratar: quando a micose é de pequena intensidade ou causada por um fungo não resistente ao tratamento tópico, o tratamento de frieira é feito com a aplicação de antifúngicos, que podem ser em spray, pó, cremes e, como é mais comum, pomadas. Algumas das mais usadas incluem terbinafina, cetoconazol e miconazol. Em casos mais graves podem ser necessários medicamentos orais.
2. Candidíase
A candidíase é um tipo de micose causada pelo fungo Candida, normalmente na região vaginal e na boca (chamada de sapinho), mas também pode acometer regiões de dobras. O fungo já existe em pequenas quantidades no organismo da mulher e vive em equilíbrio com a flora vaginal, mas alguns fatores podem fazer com que ela se prolifere descontroladamente, como uso de antibióticos, roupas úmidas e aumento dos níveis de estrogênio.
Como tratar: seja onde for sua localização, o tratamento é feito especialmente a partir do uso de pomadas antifúngicas, como nistatina e clotrimazol, e medicamentos antimicóticos, como fluconazol. Também é essencial adotar algumas mudanças no estilo de vida, o que inclui evitar o estresse, o uso de roupas muito apertadas na região íntima e ter bons hábitos de sono.
Leia mais: 6 pomadas para tratar a candidíase
3. Impinge (Tinea corporis)
A impinge é uma infecção que pode aparecer em qualquer parte do corpo, normalmente devido ao contato com a pele de uma pessoa que está com o fungo ou com objetos que tenham sido contaminados por ela, como roupas ou sapatos, por exemplo. Neste caso, é fundamental evitar o uso compartilhado de objetos pessoais. Sua aparência é de placas arredondadas escamosas, vermelhas e com bastante coceira.
Como tratar: a abordagem envolve o uso de antifúngicas, como imidazol, ciclopirox, naftifina ou terbinafina em creme, loção ou gel aplicado diretamente na área afetada. Se as lesões já estiverem muito avançadas e graves, o especialista pode receitar medicação via oral.
4. Intertrigo
O intertrigo é uma infecção fúngica causada por um tipo de fungo chamado dermatófito, que afeta as áreas úmidas e quentes do corpo, como virilha, nádegas, axilas e região embaixo dos seios. Ela provoca sintomas como erupção cutânea avermelhada, descamação da pele, coceira e ardor intenso.
Como tratar: a abordagem envolve antifúngicos tópicos aplicados diretamente na área afetada. Em casos graves, em que o paciente não responde ao tratamento tópico, são usados antifúngicos orais — prescritos previamente por um médico.
5. Micose no couro cabeludo (Tinea capitis)
A micose no couro cabeludo, ou tinea capitis, é uma infecção que provoca coceira intensa, vermelhidão, presença de caspas na cabeça e queda dos fios. Além do couro cabeludo, ela pode acometer outras áreas do corpo que contêm pelos, sendo facilmente transmitida de pessoa para pessoa através do contato ou do compartilhamento de toalhas, chapéus e pentes.
Como tratar: o médico pode indicar o uso de antifúngicos orais, como griseofulvina e terbinafina, além de corticoides em alguns casos para reduzir a inflamação na pele do couro cabeludo. Além dos remédios, o especialista pode aconselhar o uso de xampu antifúngico para a higiene do cabelo, como cetoconazol.
6. Micose de praia (pitiríase versicolor)
A micose de praia, também chamada de pano branco ou pitiríase versicolor, é provocada pelo fungo Malassezia furfur que resulta em coceira intensa, manchas mais claras ou escuras que a pele e, eventualmente, descamação. As áreas que mais a desenvolvem são o dorso e os ombros, que ficam sob roupas úmidas ao longo do dia.
Como tratar: o tratamento envolve o uso de remédios antifúngicos, que podem ser aplicados no local afetado ou ingeridos na forma de comprimidos. Alguns dos principais cremes ou pomadas de uso tópico incluem cetoconazol, clotrimazol e terbinafina. Já no caso de comprimidos orais, podem ser indicados itraconazol ou fluconazol.
Vale lembrar que apesar do fungo ser eliminado com o tratamento adequado, as manchas causadas pela micose podem demorar um pouco mais a desaparecer. Para reverter o quadro, é fundamental buscar a orientação de um dermatologista.
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Quais os fatores de risco das micoses de pele?
Você já percebeu que algumas pessoas apresentam problemas frequentes com micoses, seja por repetição ou por gravidade? A resistência da saúde e os hábitos do dia a dia explicam essa diferença de reação entre os organismos. A dermatologista Helga Clementino, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica o que acontece.
"Quem está com a imunidade comprometida tende a ter micoses de todos os tipos com mais frequência. Por isso, uns são mais suscetíveis às doenças que outros, apesar de viverem no mesmo lugar. Além disso, o ambiente que a pessoa cria ao seu redor, de acordo com as roupas que usa, também pode influenciar no surgimento de micoses".
Além disso, pacientes imunodeprimidos podem desenvolver mais infecções do que outras pessoas, como explica o dermatologista Reinaldo Tovo. Neste grupo, entram pacientes em tratamento contra o câncer, transplantados ou portadores de doenças autoimunes que façam terapia imunossupressora, portadores de síndromes de imunodeficiência congênita e soropositivos.