Professor Livre-Docente do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. ...
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Azia, sensação de queimação e tosse seca. Esses são alguns dos principais sintomas de refluxo, condição caracterizada pela volta de ácidos estomacais pelo esôfago. A sensação é bastante incômoda e, se não tratada, pode levar a outros problemas de saúde, como úlcera no esôfago e esofagite erosiva.
A boa notícia é que algumas mudanças de hábitos, principalmente relacionados à alimentação, são capazes de aliviar o refluxo. Vale lembrar que, caso os sintomas não melhorem, é fundamental buscar ajuda médica para iniciar o tratamento adequado.
Com ajuda de Eduardo Moura, diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o MinhaVida listou 6 dicas simples para amenizar o refluxo. Confira a seguir!
1. Evite bebidas e alimentos que aumentam os sintomas
Entre os alimentos que devem ser evitados em casos de refluxo estão as bebidas alcoólicas, refrigerantes e bebidas com cafeína, como café e alguns tipos de chás. Alimentos ricos em açúcar e adoçantes artificiais não são recomendados, assim como o chocolate.
Algumas frutas podem piorar os sintomas do refluxo, como as cítricas. É o caso do limão, laranja, mexerica, abacaxi, maracujá, kiwi, morango, amora, uva, romã, carambola, entre outras. Alguns temperos naturais não são recomendados também, como alho, cebola, hortelã e pimenta. Batatas, tomates, milho e grãos em geral devem ser igualmente evitados.
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Por fim, alimentos processados e ultraprocessados, como bolachas, salgadinhos, sorvetes, barras de cereais, iogurtes adoçados artificialmente, bebidas energéticas, embutidos, entre outros, também devem ser evitados para amenizar o refluxo.
2. Aposte em frutas e legumes frescos
Afinal, quais alimentos podem ser consumidos em casos de refluxo? De acordo com Eduardo Moura, é interessante apostar em alimentos frescos, como alguns tipos de frutas, verduras e legumes. Alguns exemplos são:
- Banana
- Mamão papaia
- Maçã
- Melão
- Melancia
- Abóbora
- Alcachofra
- Brócolis
- Alface
- Espinafre
- Aspargos
3. Priorize o consumo de carnes magras
Para quem tem refluxo e come alimentos de origem animal, uma sugestão importante é preferir o consumo de carnes magras. É o caso do frango e peixes. Essas carnes possuem baixo teor de gordura, ajudando a reduzir os efeitos do refluxo.
Dessa forma, é interessante evitar o consumo de carnes vermelhas e muito gordurosas, como alguns cortes bovinos e suínos. Também é fundamental reduzir o consumo de embutidos, como salame, presunto, peito de peru e mortadela.
4. Alimente-se até 2 horas antes de deitar
A última refeição do dia deve ser feita até duas horas de ir dormir. É interessante apostar em pratos mais leves e evitar ingerir líquidos junto com a refeição. Mastigar bem os alimentos e caminhar após se alimentar também pode ajudar. “Essas medidas ajudam no processo de digestão, facilitam o esvaziamento gástrico e evitam o desconforto da distensão abdominal”, afirma Eduardo.
5. Evite comer assistindo à TV ou fazendo outras tarefas
Outro hábito durante as refeições que deve ser evitado é comer assistindo TV ou fazendo outras tarefas, como trabalhar ou mexer no celular. Com a correria do dia a dia, esse cuidado, muitas vezes, é deixado de lado, mas pode trazer prejuízos para a saúde digestiva.
Isso acontece porque, ao comer fazendo outras tarefas, nos distraímos e não prestamos atenção no ato de mastigar. Consequentemente, comemos mais rápido e engolimos porções maiores de comida, o que pode dificultar a digestão e provocar o refluxo.
6. Procure um médico quando necessário
Se mesmo seguindo essas dicas o refluxo persistir, é fundamental buscar ajuda médica para identificar as causas e iniciar o tratamento adequado. “Há uma série de causas que interferem no mecanismo antirrefluxo. Alguns hábitos e vícios relaxam o esfíncter, que barra o refluxo”, explica Eduardo. Entre essas causas estão:
- Tabagismo
- Uso de alguns medicamentos (como anti-inflamatórios não esteroides, ácido acetilsalicílico - AAS e a dexametasona)
- Aumento da pressão intra-abdominal, causada pelo excesso de atividade física abdominal
- Peças de roupas que comprimem a cintura, como cintos, roupas íntimas, etc.
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Ao detectar a causa, o tratamento individualizado é realizado. “Envolve alterações comportamentais, como as citadas acima, o uso de medicamentos, tratamento cirúrgico e endoscópico”, elenca o especialista. Entre o tratamento medicamentoso, está o uso de antiácidos, inibidores de produção de ácido e remédios para acelerar o esvaziamento gástrico.
Já o tratamento cirúrgico é indicado para casos especiais. “Geralmente, recorre-se a esse recurso quando os outros métodos não trouxeram os resultados esperados, quando há dependência da medicação ou em casos de hérnias do hiato (dilatação de uma parte do estômago pelo diafragma) de grande volume”, afirma Eduardo.