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A gravidez provoca uma série de alterações no corpo da mulher, incluindo no metabolismo. Para atender as necessidades nutricionais do bebê, a placenta produz hormônios que podem reduzir a efetividade da insulina em reduzir as taxas de glicose na corrente sanguínea. Como consequência, a gestante precisa produzir mais insulina do que o habitual.
O problema ocorre quando o corpo não consegue compensar o aumento da resistência à insulina, o que leva ao desenvolvimento do diabetes gestacional. Embora possa acontecer com qualquer pessoa, a condição é mais comum em mulheres acima dos 35 anos, com quadro de obesidade ou histórico familiar de diabetes.
A condição normalmente é identificada entre a 24ª e a 28ª semanas de gravidez e é necessário, após o diagnóstico, avaliar a saúde da mãe e do bebê constantemente, além de monitorar os níveis de açúcar no sangue. Se não identificada e tratada adequadamente, a condição pode gerar uma série de complicações.
Riscos do diabetes gestacional para o bebê
Uma vez que todos os nutrientes que o bebê precisa para se desenvolver vêm da mãe, qualquer alteração pode afetar diretamente a saúde dele. No caso do diabetes gestacional, com o aumento da glicose na corrente sanguínea, o bebê está suscetível a uma série de riscos — como peso excessivo ao nascer, prematuridade e até óbito.
Entre as complicações possíveis, é possível destacar:
1. Macrossomia fetal
A macrossomia fetal é uma condição em que os bebês nascem muito grandes para a idade gestacional (acima de 4 kg) e está associado à maior ocorrência de cesariana e de distócia de ombros, que ocorre quando os ombros do bebê ficam presos na bacia óssea da mãe, de acordo com o ginecologista e obstetra Leonardo Valladão. O especialista ainda aponta o risco de tocotraumatismo, lesões fetais durante o parto que podem ocorrer tanto no parto normal quanto na cesariana.
2. Hipoglicemia neonatal
A hipoglicemia neonatal é o nível muito baixo de glicose no sangue do bebê após o nascimento. Ela ocorre quando ele é exposto a níveis elevados de glicose no útero, o que faz com que o pâncreas de bebê produza mais insulina que o necessário.
Nesses casos, o recém-nascido com hipoglicemia deve ser acompanhado em UTI neonatal para que seja feita a administração de glicose. Em casos mais graves, a condição pode causar danos no cérebro do bebê.
3. Cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética é uma complicação rara, mas potencialmente fatal, que pode acometer o feto quando a mãe apresenta diabetes gestacional, segundo a ginecologista e obstetra Marina Levy, da clínica Parto com Amor. Ela ocorre quando a placenta não consegue fornecer glicose o suficiente para o bebê e, como consequência, começa a quebrar gordura para obter energia. Isso produz cetonas, substâncias que podem ser tóxicas para o bebê.
4. Polidrâmnio
O polidrâmnio é uma condição em que há excesso de líquido amniótico no útero e pode ocorrer em casos de diabetes gestacional, pois, uma vez que o excesso de açúcar aumenta o peso do bebê, ele começa a ingerir mais líquidos e a produzir mais urina. O problema está associado a um risco maior de contrações prematuras e, possivelmente, trabalho de parto prematuro — além do descolamento prematuro da placenta, má posição fetal e prolapso do cordão umbilical.
5. Diabetes tipo 2 mais tarde na vida
Crianças de gestantes com diabetes gestacional apresentam maiores chances de ter diabetes tipo 2 no futuro. O risco é ainda maior para bebês que nasceram muito grandes para a idade gestacional (macrossômicos). Além disso, eles também têm mais probabilidade de apresentarem obesidade na infância e na vida adulta.
Riscos do diabetes gestacional para a mãe
O diabetes gestacional está associada especialmente a maiores complicações no parto e pós-parto. Entre os principais riscos, é possível destacar:
1. Parto prematuro
O parto prematuro ocorre antes das 37 semanas de gestação e pode ocorrer em função das complicações causadas pela diabetes gestacional, como pré-eclâmpsia, poligodrâmnio e macrossomia fetal. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o décimo país com maior índice de partos prematuros. Essa é a principal causa de morte de bebês no primeiro mês de vida.
2. Diabetes tipo 2 após a gravidez
Para a gestante, a presença de diabetes gestacional é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro, especialmente se ela já apresentava um quadro de resistência insulínica antes da gestação (e que não foi identificado). Por isso, é importante realizar anualmente uma avaliação para diabetes, indica Leonardo.
3. Pré-eclâmpsia
Mulheres com diabetes gestacional apresentam maior risco de ter pré-eclâmpsia, uma condição que surge a partir da 20ª semana de gravidez e é caracterizada pela elevação da pressão arterial. Se não monitorada e tratada adequadamente, ela também pode causar complicações, incluindo parto prematuro, descolamento prematuro de placenta e restrição do crescimento fetal.
Como prevenir o diabetes gestacional?
Adotar hábitos mais saudáveis é a principal medida de prevenir o diabetes gestacional, especialmente entre as gestantes que fazem parte do grupo de risco. Algumas medidas preventivas incluem:
- Manter acompanhamento pré-natal
- Manter o peso adequado antes da gravidez
- Praticar exercícios físicos durante a gravidez
- Manter uma alimentação rica em fibras e pobre em gordura e calorias
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