Formado pela Faculdade do ABC (1994), desenvolveu toda a sua carreira acadêmica na Faculdade de Medicina da Universidade...
iRedatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iDanilo Höfling é endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Membro...
iO que é Diabetes tipo 2?
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada pelo aumento nos níveis de açúcar no sangue. A sede e fome frequente e a constante vontade de urinar estão entre os principais sintomas da doença, que também pode causar alterações na visão.
Sua principal causa é a resistência à insulina, hormônio que regula a entrada de açúcar nas células, ou a produção insuficiente desse hormônio para manter o nível de glicose adequado no organismo. Quando nos alimentamos, a quantidade de glicose no sangue aumenta naturalmente e é transformada em energia graças à ação da insulina. Quando esse hormônio não funciona adequadamente, há o aumento do nível de açúcar no sangue.
O diabetes tipo 2 é um dos principais tipos de diabetes mellitus e representa 90% dos casos de diabetes no Brasil, sendo mais frequente em adultos, segundo dados do Atlas de Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes em 2021.
Diabetes tipo 1 e 2: qual é a diferença?
É importante entender a diferença entre diabetes tipo 1 e 2, já que as causas, o tratamento e alguns sintomas são divergentes para cada doença. No tipo 1, a pessoa com diabetes sofre com um distúrbio no sistema imunológico em que os anticorpos atacam as células que produzem a insulina. Com isso, o organismo não produz hormônio o suficiente.
Já no caso do diabetes tipo 2, ao contrário do tipo 1, a pessoa não nasce com a doença e produz insulina normalmente. Porém, ao longo dos anos, devido a maus hábitos alimentares, sedentarismo ou predisposição genética, o paciente pode apresentar resistência aos efeitos da insulina ou passar a produzir o hormônio de maneira insuficiente, fazendo com que os níveis de glicose no sangue permaneçam altos.
Com essas diferenças em mente, é hora de compreender mais a fundo o que é diabetes tipo 2, suas causas, sintomas, formas de tratamento e como conviver com a doença para manter ao máximo a qualidade de vida. Confira!
Causas
As causas do diabetes mellitus tipo 2 ainda não são totalmente esclarecidas. O que se sabe é que, no paciente que possui a doença, as células de gordura, dos músculos e do fígado não respondem corretamente à insulina. Como consequência, o nível de açúcar aumenta na corrente sanguínea.
Alguns fatores de risco podem influenciar para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, principalmente em pessoas acima dos 45 anos de idade. Os principais são:
- Obesidade e sobrepeso;
- Diabetes gestacional anterior;
- Histórico familiar de diabetes tipo 2;
- Alimentação pouco saudável;
- Acúmulo de gordura abdominal;
- Pré-diabetes;
- Sedentarismo;
- Baixos níveis de colesterol HDL;
- Triglicerídeos elevados;
- Hipertensão;
- Síndrome do ovário policístico;
- Consumo elevado de álcool.
Saiba mais: Diabetes: 9 hábitos que ajudam a controlar (bem) a doença no dia a dia
Sintomas
Sintomas de diabetes tipo 2
Em muitos casos, o diabetes tipo 2 pode ser assintomático no início. Porém, com o avanço da doença, alguns sinais começam a ser percebidos. Os principais sintomas de diabetes tipo 2 são:
- Sede constante
- Fome frequente
- Cansaço
- Constante vontade de urinar (poliúria)
- Alteração visual (visão embaçada)
- Infecções frequentes, como, por exemplo, na bexiga, rins e pele
- Feridas que demoram para cicatrizar
- Formigamento nos pés
- Perda de peso não intencional
- Furúnculos
Na presença desses sintomas, principalmente associado aos fatores de risco, é importante visitar um médico e fazer uma investigação.
Saiba mais: Sintomas de diabetes: veja os principais sinais de cada tipo
Diagnóstico
O diagnóstico de diabetes tipo 2 normalmente é feito através de três exames:
- Glicemia de jejum: o exame mede o nível de açúcar no sangue no momento em que é feito, servindo para monitorização do tratamento do diabetes. Os valores de referência ficam entre 65 a 99 mg/dL. Valores acima de 100 mg/dL são indicativos para prosseguir a investigação; valores acima de 126 mg/dL ou acima de 200 mg/dL são considerados diagnósticos para diabetes tipo 2;
- Hemoglobina glicada: é o exame que avalia a fração da hemoglobina, proteína dentro do glóbulo vermelho, que se liga à glicose. Os valores da hemoglobina glicada irão indicar se você está ou não com hiperglicemia, iniciando uma investigação para o diabetes. Os valores normais para pessoas sadias variam entre 4,5% e 5,7%;
- Curva glicêmica: o exame que mede a velocidade com que seu corpo absorve a glicose após a ingestão. O paciente ingere 75g de glicose e é feita a medida das quantidades da substância em seu sangue após duas horas da ingestão. Os valores de referência são menos de 100 mg/ dl em jejum, e 140 mg/dl após duas horas. Um resultado maior que 200 mg/dl é considerado suspeito para diabetes.
Tratamento
Tratamento para diabetes tipo 2
Os tratamentos para diabetes tipo 2 visam baixar os níveis de glicose no sangue do paciente e cuidar para que ele não sofra nenhum tipo de complicação. Saiba mais sobre as opções a seguir:
Um dos primeiros passos é seguir uma dieta para diabetes tipo 2. Pessoas diagnosticadas com a doença devem evitar os açúcares presentes nos doces e carboidratos simples, como massas e pães, pois eles possuem um índice glicêmico muito alto.
Para pessoas que têm diabetes tipo 2, a alimentação deve priorizar, sempre que possível, alimentos integrais, ricos em fibra, ao invés de carboidratos simples, como pães e massas brancas. Também é importante que a dieta seja balanceada, cortando os excessos de gordura e priorizando o consumo de frutas e vegetais.
Saiba mais: Dieta para diabetes: dicas de alimentação, mitos e cardápio
Além disso, no tratamento de diabetes tipo 2, o exercício físico é essencial, pois ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue controlados e colabora para o emagrecimento. A prática de exercícios deve ser realizada pelo menos três vezes na semana.
Se mesmo após a adoção de uma dieta, e a prática de exercícios os níveis de açúcar no sangue continuarem altos, o médico pode indicar o uso de medicamento para diabetes tipo 2. É o caso de antidiabéticos orais, que são comprimidos que ajudam a controlar os níveis de glicose na corrente sanguínea.
Aplicação de insulina
O uso de insulina no tratamento para diabetes tipo 2 é uma opção para pessoas que não conseguem manter o nível de açúcar controlado apenas com o uso de medicamentos ou através de hábitos alimentares e prática de atividade física. Também é uma opção para quem não pode usar antidiabéticos devido a outros problemas de saúde.
Medicamentos
Remédios para diabetes tipo 2
Os remédios para diabetes tipo 2 mais usados são:
- Diamicron MR
- Glibenclamida
- Gliclazida
- Glifage
- Glifage XR
- Glimepirida
- Galvus
- Galvus Met
- Metformina
- Victoza
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do profissional de saúde e leia a bula.
Tem cura?
Diabetes tipo 2 tem cura?
Diabetes tipo 2 não tem cura. Segundo o endocrinologista Pedro Saddi, do Grupo Fleury, é possível falar em remissão da doença quando o indivíduo consegue emagrecer cerca de 15% do peso corporal e fica com a glicemia bem controlada sem medicação. Isso chama remissão e não cura porque, se o paciente voltar a ganhar peso ou, depois de um certo tempo, a glicemia voltar mesmo sem ganhar peso, o diabetes volta também.
Prevenção
Pacientes com história familiar de diabetes tipo 2 ou fatores de risco devem ser orientados a:
- Manter o peso normal
- Não fumar
- Controlar a pressão arterial
- Evitar medicamentos que potencialmente possam agredir o pâncreas
- Praticar atividade física regular
Complicações possíveis
Se não tratado corretamente, o diabetes tipo 2 pode causar uma série de outras doenças ou complicações, como:
- Arteriosclerose: é caracterizada pelo endurecimento e espessamento da parede das artérias. Isso faz com que o fluxo sanguíneo seja prejudicado
- Pé diabético: ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés de quem tem diabetes tipo 2 desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode estar relacionado à má circulação sanguínea e aos níveis de glicemia mal controlados
- Nefropatia diabética: é uma doença que consiste nas alterações nos vasos sanguíneos dos rins, fazendo com que ocorra uma perda de proteína pela urina. Com isso, o órgão reduz sua função de forma progressiva e lenta até sua paralisação total
- Retinopatia diabética: é uma doença em que lesões aparecem na retina do olho, podendo causar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual
- Neuropatia diabética: os nervos sofrem alterações, provocando sintomas, como formigamento, dormência ou queimação das pernas, pés e mãos, dores locais e desequilíbrio, enfraquecimento muscular, pressão baixa, distúrbios digestivos, excesso de transpiração e impotência.
O diabetes tipo 2 também pode favorecer outras condições, como infarto do miocárdio, AVC e hipertensão. Isso acontece porque a alta concentração de glicose no sangue prejudica a circulação, aumentando a pressão arterial.
O excesso de glicose também pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. A causa por trás dessa condição é que a hiperglicemia prejudica o funcionamento dos glóbulos brancos, que são responsáveis pelo combate a vírus, bactérias e outros microorganismos.
Leia mais: Veja de forma mais detalhada todas as complicações do diabetes
Referências
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Cleide Sabino, endocrinologista do Laboratório Pasteur
Milena Teles, endocrinologista do Fleury Medicina e Saúde