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A candidíase é uma infecção fúngica causada pela proliferação desordenada do fungo Candida e pode afetar diferentes partes do corpo, incluindo: pele, boca e região íntima. Dependendo do tipo, a candidíase provoca sintomas como lesões avermelhadas, coceira intensa e corrimento branco.
O tratamento também pode variar de acordo com o tipo de candidíase, então é essencial consultar um especialista para realizar o diagnóstico adequado e avaliar a melhor abordagem. Durante a gravidez e a amamentação, o uso de medicamentos ou pomadas só deve ser feito com orientação médica. O mesmo vale para crianças.
Para te ajudar a entender melhor, listamos, abaixo, os principais tipos de candidíase, suas características e formas de tratamento. Confira!
1. Candidíase vaginal
A candidíase vaginal é uma infecção fúngica que acomete a genitália feminina. Geralmente o problema acomete pessoas com o sistema imunológico debilitado ou flora vaginal desequilibrada. Nesses casos, o fungo, que já existe em pequenas quantidades no organismo e vive em equilíbrio com a flora vaginal, encontra um ambiente favorável para se replicar.
“A candidíase possui sintomas como coceira, ardência e corrimento, parecido com leite coalhado. Ele pode ter mais ou menos volume e cores, como branco, amarelado e até verde, mas não tem cheiro”, explica Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.
Uma vez que esses sinais também são característicos de outros problemas de saúde, como vaginose bacteriana e herpes vaginal, é essencial consultar um especialista para realizar o diagnóstico adequado. Não se automedique!
Como tratar: a abordagem mais utilizada para tratar a candidíase vaginal é o uso de remédios antifúngicos orais, como fluconazol e Gino-Canesten e cremes vaginais de aplicação local, como nistatina e nitrato de isoconazol. A indicação pode variar de acordo com a intensidade dos sintomas e as características individuais do paciente. Gestantes e lactantes não devem utilizar nenhuma medicação sem orientação médica.
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2. Candidíase masculina
A candidíase masculina, também conhecida como candidíase no pênis, pode ser causada por alterações no sistema imunológico (causada pelo uso de corticoides ou diagnóstico de HIV, por exemplo) e contato íntimo desprotegido com pessoas infectadas com o fungo Candida. A má higienização do pênis e alterações provocadas pelo diabetes também são alguns dos fatores de risco para a proliferação de fungos.
Coceira, ardência e inchaço na ponta do pênis, dor na relação sexual e ardência ao urinar são alguns dos principais sintomas de candidíase masculina. Em alguns casos, o paciente também pode apresentar feridas na pele do pênis, corrimento branco e odor forte.
Como tratar: a abordagem envolve o uso de medicamentos antimicóticos ou pomadas antifúngicas, como o cetoconazol e nistatina. Somente um especialista pode indicar a melhor forma de tratamento, de acordo com a gravidade da infecção. Algumas práticas podem contribuir para o alívio dos sintomas, como consumo de chás e banhos de assento.
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3. Candidíase cutânea
Também conhecida como candidíase na pele e intertrigo candidiásico, a candidíase cutânea afeta especialmente regiões com dobra, como as axilas, a área entre os dedos e a virilha. Ele pode afetar pessoas de todas as idades, mas algumas situações predispõem o surgimento da infecção, como bebês que usam fraldas, idosos, pessoas com diabetes e gestantes.
Nesse tipo de candidíase, os sintomas mais comuns incluem coceira intensa, queimação, lesões avermelhadas na pele e descamação. No caso de bebês que usam fralda, pode ocorrer uma contaminação secundária na região, provocando sintomas como pele avermelhada com bolinhas e pústulas e formação de úlceras.
O fungo Candida também pode acometer as cutículas e ao redor das unhas — condição conhecida como paroníquia. Ela causa avermelhamento, dor e edemas na região, além de amarelamento e esbranquiçamento das unhas.
Como tratar: a principal abordagem para aliviar o quadro é uma mudança comportamental. O ideal é manter as regiões de dobra seca e, se necessário, fazer o uso de talco para prevenir a reinfecção. Também podem ser necessários antimicóticos tópicos (pomadas e cremes) diretamente na pele e medicamentos orais.
4. Candidíase oral
A candidíase oral, ou sapinho, é uma infecção que acomete especialmente crianças com menos de um ano de idade e pessoas com doenças que provocam baixa imunidade. Uma forma de contágio comum em bebês, inclusive, é por meio do parto — quando a mãe tem uma candidíase vaginal não tratada durante o pré-natal. Assim, os fungos são transmitidos para o bebê no momento em que ele passa pelo canal vaginal.
Os principais sintomas do sapinho são placas esbranquiçadas dentro da boca (língua, parte interna da bochecha, gengiva e céu da boca), dores ao engolir e mau hálito. Quando as manchas brancas são removidas, é comum que a mucosa abaixo apresente vermelhidão intensa e até sangramento. É importante que as mães estejam atentas ao surgimento de qualquer sintoma na criança.
Como tratar: em bebês, o sapinho é tratado a partir de higiene oral e uso de antifúngicos tópicos. A pomada indicada deve ser colocada apenas na região afetada na boca. Já em adultos, o tratamento envolve bochechos e deglutição de nistatina quatro vezes por dia durante uma semana. Além de boa higiene bucal, em outros casos é essencial suspender o uso de cigarro, bebidas alcoólicas e alimentos açucarados.
5. Candidíase mamária
A candidíase mamária pode atingir apenas o mamilo, o mamilo e aréola juntos ou, em alguns casos, os ductos lactíferos — secretores do leite materno. Ela pode ser causada por dois fatores: imunidade baixa da mãe ou transmitida pelo bebê com candidíase oral por meio da amamentação.
Para identificar a condição, é importante reconhecer os sintomas, como fortes dores mamárias, sensação de queimação dentro das mamas, coceira e vermelhidão na região e feridas nos seios que demoram para cicatrizar. Nem todos os sintomas estão presentes ao mesmo tempo, mas todos os casos apresentam dor com sensação de fisgada e uma pequena ferida.
Como tratar: a abordagem é feita com o uso de antifúngicos tópicos durante duas semanas, que podem ser aplicados após cada amamentação. Dependendo da pomada usada, não é necessário retirá-la para amamentar o bebê.
6. Candidíase intestinal
A candidíase intestinal é causada pela proliferação do Candida albicans no intestino, normalmente devido à imunidade baixa. É o caso de pessoas imunossuprimidas por doença ou por uso de medicamentos imunossupressores. O desequilíbrio da flora bacteriana, que pode ocorrer devido a maus hábitos alimentares ou doenças como síndrome do intestino irritável, também é uma das causas da candidíase intestinal.
Entre os principais sintomas, é possível destacar gases, inchaço na barriga, desconforto abdominal e diarreia. Por apresentar características semelhantes a outros problemas que afetam o trato gastrointestinal, é importante consultar um especialista para realizar o diagnóstico e o tratamento adequado. Isso porque o fungo pode afetar outros órgãos ou se espalhar pela corrente sanguínea, provocando complicações graves, como uma infecção generalizada (sepse).
Como tratar: a principal abordagem para tratar a candidíase intestinal é o uso de medicamentos antifúngicos, capazes de inibir a proliferação de ação dos fungos. Também é importante adotar uma dieta com alimentos naturais e com baixo nível de gordura, como arroz integral, peixes e carne branca. Evite alimentos ricos em gordura, como produtos lácteos, açúcar simples e leveduras, pois podem piorar o quadro.
Referências
ANVISA. CETOCONAZOL - creme dermatológico. 2021. <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/1252040?nomeProduto=CETOCONAZOL> Acesso em 18 dez 2023
ANVISA. Nistatina - creme vaginal. 2022. Disponível em: <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/527072?nomeProduto=NISTATINA>. Acesso em 18 dez 2023
ANVISA. Nitrato de isoconazol - creme vaginal. 2022. <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/575904?nomeProduto=nitrato-de-isoconazol> Acesso em 18 out 2023
ANVISA. GINO-CANESTEN- cápsula vaginal. 2023. <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/1285687?nomeProduto=GINO-CANESTEN> Acesso em 18 dez 2023
ANVISA. FLUCONAZOL - cápsulas 2017. <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/385933?nomeProduto=FLUCONAZOL> Acesso em 18 dez 2023