Neurologista do Hospital São Camilo Santana. Formado pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo...
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O AVC hemorrágico é uma condição caracterizada pelo rompimento de um vaso cerebral, levando ao sangramento de um ponto do sistema nervoso. De maneira geral, é uma complicação grave de saúde e que pode levar a uma série de sequelas, o que pode influenciar nas chances de sobrevivência a um AVC hemorrágico.
Isso porque o prognóstico da condição depende de detalhes específicos da lesão, como tamanho e local atingido. É o que o MinhaVida, junto com Edson Issamu, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, vai explicar a seguir. Confira!
As chances de sobreviver a um AVC hemorrágico são variáveis
De acordo com o especialista, o prognóstico e as chances de sobreviver a um AVC hemorrágico dependem da localização e do volume da hemorragia e da quantidade de edema cerebral formado após a lesão.
“Além disso, vai depender do surgimento ou não de outras complicações, como choque, infecções e dos antecedentes pessoais, como obesidade, dislipidemias, uso de drogas, alcoolismo, diabetes, entre outros”, explica Edson.
Um estudo chamado EMMA (Estudo da Mortalidade e Morbidade do AVC), publicado em 2016, avaliou o prognóstico do AVC hemorrágico e isquêmico no Brasil. Segundo os resultados, a sobrevivência em 4 anos em casos de AVC primário (primeiro episódio da condição) foi de 17,4% para o tipo hemorrágico.
Por outro lado, quando um paciente sobrevive ao AVC, há o risco de desenvolver complicações de saúde. Isso acontece porque, ao ter um episódio de acidente vascular cerebral, o aporte de oxigênio e sangue no cérebro pode ser reduzido e, consequentemente, algumas partes do corpo controladas pelas células danificadas podem não funcionar corretamente.
Essa perda de função pode ser leve ou grave, temporária ou permanente, o que também depende das características das lesões cerebrais. As principais sequelas do AVC hemorrágico incluem:
- Paralisia em um lado do corpo
- Afasia (perda da habilidade de se comunicar)
- Apraxia: dificuldade de falar
- Agnosia visual: incapacidade de reconhecer objetos e pessoas através da visão
- Lesões no tronco cerebral
- Alterações comportamentais
- Depressão
- Transtorno do estresse pós-traumático
O tratamento do AVC hemorrágico é cirúrgico
O tratamento do AVC hemorrágico é baseado em procedimentos cirúrgicos. “Na fase aguda, a hemorragia pode causar o aumento da pressão intracraniana. A partir de um determinado volume, é preciso fazer a drenagem cirúrgica de hemorragia intracerebral, para não causar mais lesões cerebrais”, explica Edson.
Além disso, como o AVC hemorrágico pode ser causado por aneurismas, em alguns casos é necessário corrigir essa condição através da clipagem (cirurgia intracraniana) ou por via endovascular (cateterização). O mesmo vale para outras causas do AVC, como malformações arteriovenosas e angiomas, que podem sofrer intervenções cirúrgicas também.
Adicionalmente, a pessoa que está sofrendo com sequelas pode receber um tratamento voltado para essa complicação. Por exemplo, uma pessoa que sofreu alterações na fala deve ter um acompanhamento com fonoaudiólogo, assim como alguém que sofreu paralisia deverá fazer fisioterapia.
A prevenção passa pela dieta e mudanças no estilo de vida
A prevenção do AVC hemorrágico envolve mudanças no estilo de vida, para afastar fatores de risco como a hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto, obesidade e sedentarismo.
“É necessário um equilíbrio na dieta, evitando excesso de sal, açúcar e gordura, evitar a obesidade, o sedentarismo, o consumo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e outras drogas”, elenca o neurologista.
Além disso, em pessoas que já sofreram um AVC primário, é importante prevenir um segundo episódio, estabelecendo a causa da lesão hemorrágica e, então, tratando-a. É o caso de corrigir um aneurisma ou as malformações arteriovenosas ou angiomas.