Médica do sono e neurologista. Possui experiência no tratamento de transtornos do sono (insônia, apneia, ronco, perna in...
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Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF//MG) em 2002. Residência Médica em Neurologia pela...
iPossui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (1976) e é Diretor Científico da Sociedade Paulista de...
iGraduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Residência em Neurologia pela Unifesp. Doutorado em Neurologia...
iO que é AVC?
O AVC, também conhecido como derrame cerebral ou acidente vascular cerebral, ocorre quando há entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, causando a paralisia da região afetada no cérebro. A condição provoca sintomas como perda súbita de visão, dor de cabeça intensa e diminuição ou perda súbita da força na face, no braço ou na perna de um lado do corpo.
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Causas
O que causa o AVC?
O AVC pode ser causado por diversos fatores, dependendo de como ele se originou. Ele pode surgir a partir de uma obstrução de vasos sanguíneos, chamado de acidente vascular isquêmico, ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.
AVC hemorrágico
As causas do AVC hemorrágico são:
- Hipertensão arterial
- Inflamação nos vasos sanguíneos, que podem se desenvolver a partir de doenças como sífilis, doença de Lyme, vasculite e tuberculose
- Distúrbios de coagulação do sangue, como a hemofilia
- Ferimentos na cabeça ou no pescoço que resultam em danos aos vasos sanguíneos na cabeça ou no pescoço
- Tratamento com radiação para câncer no pescoço ou cérebro
- Angiopatia amiloide cerebral (uma doença degenerativa dos vasos sanguíneos)
- Aterosclerose
- Arritmias cardíacas
- Doenças das válvulas cardíacas, como prolapso da válvula mitral ou estenose de uma válvula cardíaca
- Endocardite
- Forame oval patente, que é um defeito cardíaco congênito
- Distúrbios de coagulação do sangue
- Vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos)
- Insuficiência cardíaca
- Infarto agudo do miocárdio
AVC isquêmico
As causas do AVC isquêmico são:
- Aterosclerose: condição vascular onde ocorre o acúmulo de lipídeos (como o colesterol e triglicérides), plaquetas e outras substâncias no seu interior dos vasos, levando a um espessamento gradual de suas paredes e gerando sua obstrução
- Formação de trombos: pequenos grumos sanguíneos coagulados, de diversos tamanhos, que quando em circulação, encontram um vaso menor que seu diâmetro causando sua obstrução
- Inflamações: respostas locais que o nosso corpo produz para combater alguma situação indesejável. No AVC, as inflamações mais comuns são as causadas por anti-corpos (doenças autoimunes) e as infecções que acometem o interior das artérias
Tipos
Os principais tipos de AVC são:
AVC hemorrágico
O AVC hemorrágico ocorre quando há o rompimento de um vaso cerebral, ocorrendo um sangramento em algum ponto do sistema nervoso. A hemorragia pode acontecer no interior do tecido cerebral ou perto da superfície cerebral, entre o cérebro e a meninge, conhecido como AVC hemorrágico subaracnoideo. Embora esse tipo não seja tão comum quanto o isquêmico, pode causar a morte mais frequentemente quando comparado a ele.
AVC isquêmico
O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais e causando sua morte. Essa condição é chamada de isquemia cardíaca.
A obstrução da artéria pode acontecer por um trombo, que é um coágulo de sangue que se forma na parede do vaso sanguíneo, ou por um êmbolo, que nada mais é do que um trombo que se desloca pela corrente sanguínea até ficar preso em um vaso sanguíneo menor que sua extensão.
Sintomas
Sintomas de AVC
Os principais sintomas de AVC são:
- Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do corpo
- Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo
- Perda súbita de visão num olho ou nos dois olhos
- Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar ou para compreender a linguagem
- Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente
- Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos
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Como diferenciar um AVC hemorrágico e isquêmico?
O AVC hemorrágico pode ter os sintomas agravados rapidamente, como o rebaixamento de consciência progressivo e a deterioração súbita dos reflexos neurológicos. Além disso, caso a pessoa apresente sintomas mais graves subitamente, como o desmaio ou convulsão, é possível que se trate de um quadro de AVC hemorrágico.
Contudo, não há uma maneira clínica definitiva para diferenciar ambos os tipos de AVC. A melhor alternativa é a realização rápida de exame de imagem por um especialista capacitado.
Diagnóstico
O diagnóstico de AVC é feito por meio de exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ecocardiograma para identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC. Exames como angiografia e ultrassonografia também podem ser necessários em alguns quadros.
Assim que o paciente chega ao hospital, entre os cuidados clínicos de emergência estão:
- Verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura axilar
- Posicionar a cabeceira da cama a 0°, exceto se houver vômitos (nesse caso manter a 30 graus)
- Colocar acesso venoso periférico em membro superior não paralisado
- Administrar oxigênio por cateter nasal ou máscara, caso o paciente precise
- Checar a glicemia capilar
- Determinar o horário de início dos sintomas por meio de questionário ao paciente ou acompanhante
Fatores de risco
Os fatores de risco para AVC mais conhecidos, seja qual for o tipo, são:
- Hipertensão
- Diabetes tipo 2
- Colesterol alto
- Sobrepeso e obesidade
- Tabagismo
- Uso excessivo de álcool
- Idade avançada
- Sedentarismo
- Histórico familiar (parente próximo, como pai, mãe ou irmão, teve um AVC)
- Ser do sexo masculino
Além disso, doenças cardiovasculares que influenciam no fluxo sanguíneo podem aumentar o risco de AVCs isquêmicos, como:
- Arritmias cardíacas, como fibrilação atrial
- Doenças das válvulas cardíacas, como prolapso da válvula mitral ou estenose de válvula cardíaca
- Endocardite, que é a infecção das valvas do coração
- Forame oval patente, que é um defeito cardíaco congênito
- Insuficiência cardíaca
- Infarto agudo do miocárdio
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar AVC são:
- Clínico geral;
- Médico intensivista;
- Neurologista.
Buscando ajuda médica
Na presença de qualquer um dos sintomas de derrame citados, é importante ir a um pronto-socorro imediatamente. Isso porque quanto mais rápido se dá o tratamento, menores são as sequelas decorrentes do AVC.
O mais correto é chamar o resgate (ambulância) para fazer a remoção em vez de encaminhar o paciente para o hospital de carro ou ônibus, pois já na ambulância podem ser iniciados alguns procedimentos, como oxigenação.
Também é importante dar preferência a hospitais que são conhecidamente preparados para receber um paciente em situações agudas do AVC.
Tratamento
Tratamento de AVC
O tratamento de AVC é feito de acordo com o tipo de derrame cerebral que o paciente teve. Por ser um quadro de emergência médica, o tratamento deve ser feito o mais rápido possível para evitar a morte dos neurônios do cérebro, que pode provocar diversas sequelas.
Se o tempo de aparecimento dos sintomas for inferior a quatro horas, sem presença de hemorragia intracraniana, pode-se tentar a desobstrução das artérias através de uma medicação endovenosa, o rt-PA. O procedimento é conhecido como trombólise endovenosa.
Saiba mais: Veja como as sequelas de um AVC podem ser minimizadas
Caso o exame de imagem aponte a presença de um trombo nas artérias cerebrais, a preferência é a retirada mecânica ou dissolução local do mesmo através de procedimentos endovasculares. A partir deles, é possível retirar o trombo ou infundir no próprio local medicações que desfaçam a obstrução, incluindo o rt-PA. Isto possibilita a desobstrução imediata da artéria obstruída. Este procedimento é indicado para pacientes com até 8 horas após o derrame.
Se a história é superior a quatro horas, sem evidências da presença de trombo nas artérias intracerebrais detectadas pelas imagens, resta apenas o tratamento clínico e o suporte para diminuição de danos e prevenção de novos eventos.
Reabilitação de AVC
O programa de reabilitação do paciente que sofreu um AVC é feito a partir de diversas técnicas para reaprender as habilidades que foram perdidas em decorrência da lesão cerebral — como fraqueza muscular, falta de coordenação, dificuldade de caminhar ou dificuldade para se comunicar. Há recursos terapêuticos que podem auxiliar na restauração das funções afetadas.
Para que o paciente possa ter uma melhor recuperação e qualidade de vida, é fundamental que ele seja analisado e tratado por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
Medicamentos
Os medicamentos usados no tratamento do AVC são geralmente indicados para evitar futuras complicações, a exemplo de doenças cardiovasculares. Para casos como esse, a sinvastatina costuma ser o remédio mais prescritos por especialistas.
Outros medicamentos usados para prevenir complicações e tratar efeitos do AVC são:
- Aradois;
- Aspirina Prevent;
- Atorvastatina Cálcica;
- Cebralat;
- Cilostazol;
- Clopidogrel;
- Coumadin;
- Cozaar;
- Effient;
- Eliquis;
- Marevan.
Esses medicamentos também podem ser recomendados por médicos para prevenir a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais. No entanto, sempre tenha em mente que somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Quando a pessoa é atendida rapidamente após um AVC, suas chances de sobreviver e ter menos sequelas são menores. Caso o paciente tenha sobrevivido e ficado com sequelas, o tempo de recuperação pode variar de acordo com alguns fatores, como extensão do AVC, idade do paciente e condições gerais de saúde. Em geral, o tempo médio de recuperação gira em torno de seis meses a um ano.
Prevenção
Como evitar um AVC?
A prevenção do AVC envolve o diagnóstico e tratamento adequado de doenças e condições preexistentes, como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas — além da interrupção da ingestão de bebidas alcoólicas e o fumo. Após um quadro de AVC, a adequação dos hábitos de vida é essencial para prevenir um novo derrame. Veja o que fazer:
- Não fumar ou não permitir que outros fumem perto de você
- Manter o peso saudável
- Praticar pelo menos 30 minutos de exercícios na maioria dos dias da semana (caminhada é uma boa escolha)
- Manter uma dieta equilibrada, com menos colesterol, gorduras saturadas, açúcar e sal, conforme orientação profissional
- Controlar a pressão, em caso de hipertensão
- Controlar a glicemia, em caso de diabetes
- Seguir tomando as medicações prescritas pelo médico. Após o AVC isquêmico a grande maioria dos pacientes terão que tomar um antiagregante, medicação que afina o sangue, como a aspirina (AAS)
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Complicações possíveis
Sequelas de AVC
As principais sequelas do AVC são:
Sequelas de AVC
As principais sequelas do AVC são:
- Déficit motor: ocorre quando a área afetada pelo AVC é aquela responsável pelos movimentos do nosso corpo, sendo o lado esquerdo do cérebro responsável pelos movimentos do lado direito e vice-versa
- Déficit sensitivo: diversas áreas do cérebro estão relacionadas à sensibilidade. Quando há lesão de uma delas, a pessoa deixa de sentir um lado do corpo
- Afasia: quando o AVC ocorre na área do cérebro correspondente à linguagem (broca e wernicke), é comum o paciente sofrer com a afasia
- Apraxia: o paciente de AVC com apraxia perde a capacidade de se expressar por gestos e mímicas e de realizar tarefas motoras em sequências. Por exemplo: a incapacidade de fazer gestos que tenham um significado predefinido, como o sinal de silêncio, acenar para dar oi ou levantar o polegar em sinal positivo.
- Negligência: decorrente de lesões no hemisfério cerebral não dominante, que na maioria da população é o lado direito. Essa sequela diz respeito à pessoa que negligencia uma parte ou um lado se seu corpo, como se aquele segmento não pertencesse à pessoa
- Agnosia visual: entende-se por agnosia visual a incapacidade da pessoa de reconhecer objetos e pessoas através da visão, apesar de essa não ter sido comprometida. Dependendo do grau da lesão, a pessoa pode inclusive não reconhecer mais rostos
- Déficit de memória: ocorre quando a região temporal do cérebro é afetada. No geral, a pessoa perde a capacidade de lembrar eventos recentes, recordando apenas episódios passados
- Lesões no tronco: no tronco cerebral, estão localizados centros responsáveis por atividades vitais, como a respiração. Lesões nesta região podem deixar sequelas graves e até mesmo levar à morte. Pacientes com esse tipo de sequela podem apresentar também paralisia nos dois lados do corpo, estrabismo e dificuldades para engolir — cada ponto sendo tratado por sua especialidade específica
- Alterações comportamentais: ocasionadas por uma lesão na parte frontal do cérebro, as alterações comportamentais são comuns em vítimas de AVC. O indivíduo geralmente passa por quadros de agitação e quadro de apatia, passando por sintomas como perda de iniciativa ou explosões de raiva sem causa aparente
- Depressão: os sintomas manifestados são iguais aos da depressão comum — como tristeza, apatia, sono inadequado, transtornos alimentares, entre outros — e pede um tratamento especializado com um psicólogo e com um neurologista ou psiquiatra
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): é comum em indivíduos com AVC. Sintomas que ajudam a identificar o problema são pesadelos persistentes e tendência do paciente a evitar lembranças do evento
Referências
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Mayo Clinic, organização norte-americana sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médico-hospitalares