Graduada em Medicina com especialização em psiquiatria pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Especializada tam...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Dificuldade de concentração é um dos principais sintomas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Atualmente, estima-se que 5% a 8% da população mundial sofra com o transtorno, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA. Esses dados devem levar em consideração que alguns países possuem diferentes sistemas para classificar o que é TDAH.
A condição costuma se manifestar durante a infância, principalmente na fase escolar, o que pode gerar dúvidas se as características apresentadas pela criança fazem parte ou não do transtorno. Entenda o que é o TDAH e como ele é diagnosticado em outros países.
O que é TDAH?
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um distúrbio neurológico que se manifesta pela dificuldade de foco, impulsividade e inquietude motora. “O TDAH pode causar impacto na vida acadêmica, profissional e social do indivíduo, mas com o tratamento adequado é possível controlar os sintomas e ter uma vida plena”, afirma Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Alguns dos sintomas que um paciente com TDAH pode manifestar são:
- Dificuldade em se concentrar, seguir instruções e se organizar
- Dificuldade em manter um comportamento adequado em diferentes situações
- Não escutar quando lhe dirigem a palavra
- Não conseguir permanecer parado por muito tempo
- Se distrair facilmente por estímulos externos
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Como é feito o diagnóstico de TDAH no Brasil?
De acordo com a especialista, o diagnóstico de TDAH é feito com uma avaliação clínica completa que inclui:
- Entrevista com o paciente
- Entrevista com os pais ou cuidadores
- Avaliação do histórico escolar
- Observação do comportamento
- Uso de questionários e escalas
- Exclusão de outras condições
“O diagnóstico do TDAH é baseado nos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que é uma referência utilizada por profissionais de saúde para o diagnóstico de transtornos mentais. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), também inclui o TDAH como um transtorno”, informa Sabino.
Os critérios do DSM-5 incluem 9 sintomas de desatenção e outros 9 de hiperatividade e impulsividade. Para que o especialista conclua o diagnóstico, é preciso que o paciente:
- Apresente 6 ou mais sintomas de desatenção, hiperatividade ou ambos
- Manifeste sintomas por mais de 6 meses
- Apresente os sintomas em pelo menos dois ambientes distintos
- Tenha a sua capacidade funcional em casa, na escola ou trabalho, interferida pelos sintomas
Qual médico diagnostica TDAH?
Uma das dúvidas frequentes sobre a condição é a respeito de qual médico diagnostica TDAH. “feito por profissionais de saúde especializados, como psicólogos, psiquiatras ou neurologistas”, esclarece Aline.
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Qual a diferença na interpretação do TDAH em outros países?
Alguns países abordam o TDAH de maneira diferente à indicada no DSM-5, como a França por exemplo. Em 1983, a Federação Francesa de Psiquiatria criou o seu sistema próprio de classificação para transtornos psicológicos, onde só prioriza causas psicossociais e culturais. Ou seja, para o país, fatores como ambiente social e cultural são mais relevantes do que fatores farmacológicos na hora de fechar o diagnóstico.
Dessa forma, a França não indica o tratamento medicamentoso do TDAH, o que é motivo de controvérsias. No entanto, Aline Sabino ressalta que o transtorno pode ser tratado sem a abordagem medicamentosa se realizada outras abordagens como psicoterapia comportamental ou cognitivo-comportamental, treinamento de habilidades, entre outras.
“É importante ressaltar que a escolha da terapia depende das necessidades individuais da pessoa com TDAH, bem como da gravidade dos sintomas e do impacto na vida diária. Em alguns casos, uma combinação de terapias pode ser recomendada. É sempre aconselhável buscar a orientação de um profissional de saúde qualificado para determinar a melhor abordagem de tratamento”, finaliza.