Nutróloga com título de especialista há 15 anos pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Mais de 20 anos d...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iUm recente estudo, realizado na Califórnia (EUA), avaliou a ligação entre corantes alimentares sintéticos e anormalidades neurocomportamentais em crianças, como a hiperatividade. Esta relação já havia sido observada em estudos anteriores e mostra a importância de escolhas alimentares adequadas para as crianças.
Os pesquisadores analisaram sete corantes sintéticos frequentemente encontrados em alimentos e bebidas comercializados nos Estados Unidos, incluindo Azul 1, Azul 2, Verde 3, Vermelho 3, Vermelho 40, Amarelo 5 e Amarelo 6. Eles concluíram que esses aditivos podem contribuir para resultados neurocomportamentais negativos em crianças.
Ou seja, segundo a pesquisa, a exposição a produtos químicos, como os corantes sintéticos, poderia ampliar o risco de desenvolver o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) entre crianças e adolescentes.
Mas a culpa é só dos corantes? Conversamos com a nutróloga Liliane Oppermann, que avaliou a pesquisa e comentou pontos relevantes sobre sua avaliação dos resultados.
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São só os corantes?
O estudo foca, principalmente no uso de corantes industrializados. Mas o que pode, de fato, gerar essas possíveis alterações de comportamento? "É o fato de os alimentos serem industrializados, muito refinados, com muito açúcar, ou é o fato de, além disso, eles também terem esses corantes?”, questiona a especialista.
Segundo ela, o alimento industrializado é rico não apenas em corantes, mas também em ingredientes como farinha branca, açúcar em excesso e glutamato monossódico, um realçador de sabor. “Todos podem estar envolvidos. Muitos estudos, principalmente com o glutamato monossódico, mostram esse aumento de comportamento de hiperatividade, de déficit de atenção e outras questões neurocognitivas”.
Ela explicou, por exemplo, que outros estudos já mostraram como adultos com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade têm comportamentos exacerbados com o consumo desses alimentos industrializados, melhorando quando são retirados da alimentação.
“É unânime dentro de um protocolo nutrológico para pacientes que tenham essas alterações de comportamento que a gente faça uma orientação para uma alimentação o mais natural possível. Então automaticamente esses esses corantes saem”, ressalta.
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O problema do excesso
O estudo em questão foi realizado em um recorte populacional de moradores dos EUA. “E, quando a gente fala de uma população americana, nós estamos falando de um outro agravante que são as porções muito grandes”, destaca a especialista.
Ou seja, a quantidade de corantes consumida por lá pode ser maior do que em outros lugares, como no Brasil. “As porções são enormes, vendidas nos supermercados em pacotes enormes, sejam biscoitos ou cereais açucarados, por exemplo”.
Lembrando que, além dos corantes para se tornarem mais atrativos, esses produtos industrializados também têm outras substâncias, como gorduras trans e conservantes, que também podem estar atreladas a todos esses problemas citados.
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7 alimentos ricos em corantes
A lista de alimentos ricos em corantes é composta por alimentos industrializados, sobretudo aqueles considerados ultraprocessados. Ou seja, alimentos que passam por um grande processo ao longo da produção, com adição de saborizadores, corantes e conservantes para que cheguem ao mercado prontos para o consumo. A lista inclui:
- Refrigerantes e bebidas açucarada
- Chocolates e balas
- Sorvetes
- Cereais matinais
- Sobremesas pré-preparadas
- Snacks e salgadinhos
- Molhos e condimentos
Lembre-se que é importante observar os rótulos dos alimentos para identificar a presença de corantes e fazer escolhas alimentares conscientes.