É dermatologista graduada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), cursou a residência médica em...
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser internado neste domingo (5), em Manaus, para continuar o tratamento contra erisipela, uma infecção na pele que acomete especialmente os membros inferiores. Em uma mensagem publicada nas redes sociais, ele informou que não há previsão de alta. O ex-presidente já havia sido hospitalizado no mesmo local no sábado (4), com um quadro de desidratação e processo infeccioso de pele.
Não é a primeira vez que Bolsonaro apresenta um episódio de erisipela. Em novembro de 2022, ele cancelou agendas pelo mesmo problema. Segundo pessoas próximas, o ex-presidente teria relatado dores e feridas em suas pernas durante suas viagens de avião em meio à campanha eleitoral. À época, o então vice-presidente, Hamilton Mourão, comentou que a doença impedia Bolsonaro de vestir calças.
A erisipela pode acometer pessoas de qualquer idade, mas é mais comum em pessoas com diabetes ou problemas de circulação das veias dos membros inferiores. Entenda como ela se manifesta e os principais perigos da doença, que pode levar à morte.
O que é erisipela e qual a sua causa?
A erisipela é uma doença infecciosa provocada pelas bactérias Estreptococo beta-hemolítico do grupo A e ocasionalmente Haemophilus influenzae tipo B. Elas penetram na pele por meio de ferimentos, como picadas de inseto, frieiras e micoses, atingindo as camadas cutâneas inferiores e se espalhando facilmente com muita velocidade.
Ao MinhaVida, a dermatologista Kaliandra Cainelli apontou que a erisipela consiste em uma celulite infecciosa superficial, acometendo principalmente as pernas de pacientes idosos, embora possa aparecer no rosto também. Algumas condições de saúde também facilitam a infecção, como pessoas com diabetes descompensada, baixa imunidade ou insuficiência venosa nos membros inferiores.
De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros sintomas de erisipela podem ser comuns à qualquer infecção, como calafrios, febre alta, mal-estar, dor de cabeça, náuseas e vômitos. As alterações de pele podem variar desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço, até a formação de bolhas e feridas por necrose.
Quais os principais riscos da erisipela?
Quando o paciente é tratado logo no início do quadro, as complicações não são tão graves ou evidentes. No entanto, casos não tratados a tempo podem evoluir para abscessos, ulcerações superficiais ou profundas e trombose de veias, segundo o Ministério da Saúde.
Em pacientes debilitados, também há o risco da infecção se tornar uma sepse (ou infecção generalizada), que possui um alto potencial de morte, uma vez que pode afetar todo sistema imunológico e dificultar o funcionamento dos órgãos.
Alguns sinais de uma infecção mais grave incluem:
- Dor forte
- Febre
- Suor frio
- Pele pálida
- Náusea
- Respiração mais rápida ou taquicardia
- Sonolência ou confusão
Se o paciente apresentar qualquer um desses sintomas, é importante procurar atendimento médico imediatamente. Se houver complicações, apenas o tratamento rápido pode prevenir danos maiores.
Como é feito o tratamento de erisipela?
O tratamento de erisipela é feito com o uso de antibióticos. Normalmente, os medicamentos são da família das penicilinas, utilizados por 10 a 14 dias, por via oral, nos casos mais simples. Em quadros graves, como o do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ser necessária a administração de antibióticos intravenosos, além da internação do paciente.
Para amenizar alguns sintomas, como dor e inchaço, podem ser usadas medidas de tratamento local, como compressas frias ou gelo. Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de pomadas com antibióticos para reduzir a infecção, ou analgésicos anti-inflamatórios (como ibuprofeno), para amenizar a febre e a dor.
Por que a erisipela volta?
O paciente pode ser curado da erisipela, mas ela não cria proteção para episódios futuros. Novas ocorrências podem ocorrer especialmente se houver fatores de risco — como diabetes, insuficiência venosa e obesidade.
“A prevalência de erisipela é maior nos pacientes imunodeprimidos e nos portadores de insuficiência venosa, de varizes, edema de membros inferiores e com histórico de trombose. Cada episódio de erisipela leva a um aumento exponencial no risco de outros episódios, por isso é muito importante que o paciente e os familiares sejam instruídos sobre os sinais de alerta e os cuidados preventivos”, apontou Fábio Rossi, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, da Regional de São Paulo (SBACV-SP), previamente ao MinhaVida.