É dermatologista graduada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), cursou a residência médica em...
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Médica especializada em dermatologia clínica, dermatologia pediátrica, cirurgias de pele e dermatologia estética. É memb...
iO que é Erisipela?
A erisipela é uma doença infecciosa causada pelas bactérias Estreptococo beta-hemolítico do grupo A e ocasionalmente Haemophilus influenzae tipo B, que penetram na pele por meio de ferimentos (como picada de inseto, frieira e micose), desenvolvendo feridas vermelhas e dolorosas.
De acordo com a dermatologista Kaliandra Cainelli, a erisipela consiste em uma celulite infecciosa superficial, acometendo principalmente as pernas de pacientes idosos, embora possa aparecer no rosto também. Em alguns casos a doença pode envolver outros tipos de bactérias, como Estafilococos e Klebsiella.
Erisipela é contagiosa?
Sim, a erisipela é contagiosa, justamente por sua transmissão ocorrer através do contato com bactérias. Dessa forma, o contato não cuidadoso com paciente que carregam as bactérias e tenham feridas abertas não tratadas pode causar contágio. Para que isso não aconteça, é recomendado evitar o compartilhamento de toalhas e objetos pessoais.
A seguir, saiba com mais detalhes o que é erisipela, quais são suas causas, principais sintomas e formas de tratamento.
Celulite infecciosa e erisipela
Embora a erisipela seja uma celulite infecciosa superficial, ela não é cientificamente uma celulite infecciosa - por mais que os sintomas sejam parecidos. Isso porque a celulite infecciosa é uma inflamação profunda da derme e do tecido subcutâneo, que torna difícil de diferenciar a parte infectada da parte não infectada. Ela também acomete somente as pernas normalmente.
A erisipela, por outro lado, é uma infecção superficial, fácil diferenciar a parte infectada e a parte não infectada. Ela também acomete não só as pernas, mas o rosto.
Causas
A erisipela é causada por bactérias, como a Estreptococo beta-hemolítico do grupo A e ocasionalmente Haemophilus influenzae tipo B. A “porta de entrada” para a infecção pode ser uma úlcera venosa crônica, pé de atleta, picada de insetos, ferimento cutâneo traumático e manipulação inadequada das unhas.
Através dessas portas de entradas, as bactérias causadoras de erisipela penetram na pele, atingindo as camadas cutâneas inferiores e se espalhando facilmente com muita velocidade.
Foto de erisipela
Sintomas
Os sintomas da erisipela variam conforme a gravidade da doença. Entre os sinais que a doença manifesta no corpo, destacam-se:
- Vermelhidão
- Edema (inchaço)
- Calor
- Dor no local acometido
- Febre
- Calafrios
- Mal-estar
- Gânglios aumentados
- Vômitos
Estágio inicial da erisipela
O quadro tem início súbito, com bordas bem demarcadas e elevadas que permitem diferenciar bem a infecção da área de pele sã.
Erisipela bolhosa
Em casos graves, pode ocorrer formação de bolhas, condição chamada de erisipela bolhosa, e levar a uma evolução para um quadro de infecção generalizada, chamada sepse com risco de óbito.
Diagnóstico
O diagnóstico da erisipela é clínico e feito com base nos sintomas. A aparência da pele, essencialmente, somada à cultura de material cutâneo também ajudam no diagnóstico.
A cultura consegue detectar a bactéria envolvida e permite determinar para qual antibiótico ela é sensível. Exames complementares podem ser usados, como hemograma, tomografia e ressonância magnética para diagnosticar a erisipela.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para a erisipela são aqueles que permitem uma porta de entrada na pele como:
- Úlceras
- Feridas operatórios
- Fissuras
- Presença de alterações vasculares como a insuficiência venosa e o linfedema
Pacientes com a imunidade comprometida também têm risco aumentado para erisipela, como:
- Obesos
- Pessoas com diabetes
- Pessoas com neoplasias
- Pacientes em quimioterapia
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a erisipela são:
- Clínico geral
- Dermatologista
Anote previamente todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram, bem como um histórico médico, com outras condições que você tenha tido durante a vida e remédios que toma com frequência. O especialista poderá fazer perguntas como:
- Quando você notou seus sintomas pela primeira vez? Você poderia descrevê-los para mim?
- Quão severos são seus sintomas?
- Você já esteve com alguém com uma infecção por Streptcoccus?
- Você tem algum problema médico em curso, incluindo um sistema imunológico debilitado?
- Você esteve recentemente no hospital?
- Você sofreu algum corte na pele recentemente?
Buscando ajuda médica
Ao apresentar os primeiros sintomas de erisipela é essencial procurar ajuda médica, para que o tratamento adequado seja iniciado o quanto antes. Consulte o médico se:
- Está sentindo dor na área afetada
- Houver febre
- Você suspeita de estar sofrendo uma infecção
- Você já tentou medidas de autocuidado e não obteve sucesso
Aproveite a consulta e tire todas as dúvidas que você tiver. Lembre-se também de fazer uma descrição completa de seus sintomas. Isso ajudará o médico a fazer o diagnóstico da erisipela.
Tratamento
Tratamento para erisipela
O tratamento para erisipela é feito com antibióticos. Existe também a possibilidade de técnicas de resfriamento e cirurgia para remoção do tecido lesionado. Entenda as opções a seguir:
Remédio para erisipela
O tipo exato de antibiótico dependerá de vários fatores, como a bactéria que causou a doença. Geralmente, os antibióticos para erisipela usados são da família das penicilinas, utilizado por 10 a 14 dias, por via oral nos casos mais simples. O antibiótico mais usado é a penicilina procaína ou cristalina.
Nos casos mais graves pode ser necessário o uso antibióticos intravenosos, além de haver necessidade de internação do paciente. Para verificar o progresso do tratamento, a área afetada da pele é delineada com uma caneta especial. Isso permite ver se os antibióticos estão tendo efeito e se a infecção e a vermelhidão estão desaparecendo.
Pomada para erisipela
Também é possível receber indicação de uso de pomada para erisipela durante o tratamento. Elas contém antibióticos em suas composições que podem ajudar a reduzir a infecção, devendo ser aplicadas nas áreas afetadas. Apenas um médico poderá indicar qual a melhor pomada para erisipela.
Tratamento com resfriamento
Também é recomendável que você resfrie o inchaço e aplique envoltórios anti-sépticos úmidos. Os analgésicos anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, podem ser usados para aliviar a dor e a febre. Além disso, é recomendado o uso tópico de cremes antibióticos, elevação do membro afetado e repouso no leito.
Cirurgia para erisipela
A cirurgia só será indicada em casos de complicações como a ocorrência de necrose, abscessos ou gangrena, na qual há tecido desvitalizado que precisa ser retirado.
Tratamentos caseiros para erisipela
O uso de tratamentos caseiros para erisipela não é indicado. Segundo a dermatologista Kaliandra Cainelli, a doença pode se desenvolver para uma sepse (infecção generalizada) caso não haja pronto-atendimento médico - o que explica a contraindicação.
O que pode ser feito em domicílio são medidas para evitar a piora do quadro como:
- Elevação do local afetado;
- Ingestão de bastante água;
- Controle da febre;
- Hidratação da área hidratada;
- Compressa gelada ou gelo no local para resfriamento da área afetada.
Medicamentos
Os medicamentos para erisipela mais usados no tratamento são:
- Claritromicina;
- Hirudoid;
- Klaricid;
- Levofloxacino;
- Penicilina.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A erisipela tem cura. Para isso, é necessário o diagnostico rápido e tratamento adequado a fim de evitar complicações.
Prevenção
Algumas formas de prevenir a erisipela são:
- Investir em medidas de limpeza local;
- Evitar as “portas de entrada”, como traumas, picadas de insetos, dermatoses cutâneas tipo pé de atleta;
- Ter atitudes que reduzam a insuficiência linfática e venosa;
- Ter um melhor controle de diabetes.
Em pacientes contaminados, deve-se descolonizar a pele. Aplicar penicilina benzatina intramuscular a cada 21 dias, nos casos de erisipela de repetição.
Convivendo (Prognóstico)
Pacientes com quadros de repetição da erisipela, muitas vezes tem que conviver com a doença e por isso precisam seguir algumas regras, como:
- Utilizar antibioticoterapia profilático a cada 21 dias com penicilina benzatina;
- Usar meias de compressão diariamente hidratar a pele;
- Fazer exercícios físicos;
- Elevar o membro ao dormir;
- Adotar uma dieta saudável e sem álcool para manter o peso controlado.
Complicações possíveis
A erisipela, em determinados pacientes, pode se repetir por várias vezes, causando alterações na circulação e predispondo ao desenvolvimento de inchaço crônico no membro afetado.
Em casos mais graves, como em pacientes debilitados, pode se tornar uma infecção generalizada e levar à morte.
Se houver complicações, apenas o tratamento rápido pode evitar maiores danos. Sinais de uma infecção mais grave incluem o seguinte:
- Dor forte
- Febre, suores frios, pele pálida
- Náusea
- Taxa de respiração mais rápida ou um coração acelerado
- Sonolência, confusão ou outros problemas com consciência ou consciência
Se você notar algum destes sintomas, é importante ligar imediatamente para os serviços de emergência.
Referências
Greice Rampon, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Secção RS (SBD-RS) - CRM 30343 RS
Kaliandra Cainelli, médica dermatologista - CRM 801534 RJ
National Center for Biotechnology Information
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Manual MSD - Versão para profissionais de Saúde
University of Iowa Stead Family Children's Hospital