Cirurgião-geral graduado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina. Residênc...
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Depois dos estudos que comprovaram a ligação direta entre as emoções e o intestino, as famosas “dores de barriga” passaram a ser tidas como situações comuns da rotina corrida e estressante do mundo moderno. É justamente nesse ponto que o perigo começa e a campanha de saúde do Maio Roxo entra em ação: prevenir e diagnosticar possíveis quadros de Doenças Inflamatórias Intestinais, as DII’s.
A iniciativa, que surgiu no país em 2010 pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), não é uma exclusividade do Brasil: a campanha também é comemorada lá fora, com cerca de 50 representantes em 5 países diferentes. A cor roxa é um símbolo de luta e solidariedade da causa.
A campanha como um todo tem o objetivo de conscientizar governos e especialistas da saúde a apoiarem as mais de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo que vivem com alguma DII. Em ascensão, as DIIs têm afetado em grande escala jovens em idade ativa. Os dados são do Ministério da Saúde.
Mas afinal, o que são as Doenças Intestinais Inflamatórias (DII’s) e quais as principais causas?
As Doenças Inflamatórias Intestinais são um grupo de condições médicas crônicas que causam inflamação no trato gastrointestinal, responsável pela ingestão, digestão, absorção de nutrientes e eliminação de resíduos do corpo.
No Brasil, as DIIs mais recorrentes são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
- Doença de Crohn: é a DII mais incidente e pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, desde a boca até o ânus
- Retocolite ulcerativa: considerada a DII mais preocupante, essa doença é caracterizada pela inflamação crônica do cólon e do reto.
“As doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são condições complexas e multifatoriais”, explica o Dr. Ernesto Alarcon, cirurgião geral e médico do corpo clínico de hospitais como Albert Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz.
Ou seja, existem diversas condições que podem acarretar no desenvolvimento dessas doenças. O especialista cita algumas, como fatores genéticos devido ao histórico familiar, disfunção do sistema imunológico, dieta, tabagismo, estresse, e até alterações na composição da microbiota do intestino.
“É importante ressaltar que a interação complexa entre esses fatores ainda está sendo estudada pela comunidade científica. Portanto, é essencial consultar um profissional de saúde qualificado para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento individualizado, caso haja suspeita de doença inflamatória intestinal”, acrescenta.
Sintomas para ficar atento
A atenção aos sintomas deve ser redobrada caso eles sejam novos, persistentes ou se agravarem. Os principais, são:
- Diarreia frequente como um dos primeiros sintomas
- Dor e cólicas abdominais variando de leve a intensa
- Sangue nas fezes
- Fadiga
- Anemia
- Necessidade urgente de defecar
- Inchaço e distensão abdominais em casos graves
Prevenção e tratamento
Embora não exista uma forma garantida de prevenir as DII’s, Dr. Ernesto enfatiza como a importância de adotar um estilo de vida saudável pode ajudar o risco de desenvolvê-las ou de experimentar surtos graves se já tiver sido diagnosticado. Ele ainda complementa: “É fundamental manter uma comunicação aberta com profissionais de saúde para monitorar qualquer sintoma potencial e discutir estratégias de prevenção personalizadas”.
Em relação às formas de tratamento, o especialista comenta que cada cuidado é altamente individualizado e pode requerer ajustes ao longo do tempo: o gerenciamento da doença envolve uma combinação de uso de medicamentos, mudanças no estilo de vida, acompanhamento regular com o médico e, se for preciso, cirurgias.
“A colaboração entre pacientes, familiares e profissionais de saúde é crucial para o manejo bem-sucedido das DII e para melhorar a qualidade de vida dos portadores”, diz.