Nutricionista formada pela Universidade Federal de Goiás, onde também cursou Educação Física, sem completar este último...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê já sentiu a língua meio estranha depois de comer abacaxi? Aquela sensação de ardência, formigamento ou até uma leve aspereza? Pois é, isso não é coisa da sua cabeça – e tem uma explicação científica por trás!
Apesar de ser uma fruta deliciosa e cheia de benefícios para a saúde, como vitaminas que fortalecem o sistema imunológico e fibras que auxiliam na digestão, o abacaxi também pode causar um pequeno "efeito colateral" curioso.
Mas calma, não precisa excluir essa fruta do seu cardápio! Vamos te contar por que isso acontece e como minimizar esse incômodo ao saborear um pedaço de abacaxi.
"O que acontece com a minha língua quando como abacaxi?"
Se, ao comer alguma fruta, você sente coceira na língua, percebe uma sensação estranha ao beber água e esse incômodo dura bastante tempo, há duas possibilidades: ou você está sendo envenenado (o que não é o caso aqui) ou está com a língua escaldada. Vamos focar na segunda opção, que é bem interessante, já que se trata, literalmente, de uma queimadura – mas não como as que conhecemos.
A chamada "língua escaldada", ou síndrome da boca ardente, é o termo médico para uma queimação contínua em algumas partes do interior da boca. Muitos médicos e dentistas não têm um teste específico para diagnosticar essa síndrome, o que pode dificultar a identificação do problema. Além disso, não há um tratamento universal que funcione para todos os casos. No entanto, o médico pode prescrever medicamentos para ajudar a controlar a dor, a boca seca ou outros sintomas associados.
Essa dor pode ocorrer de duas formas: primária ou secundária. A dor primária não está associada a nenhuma condição médica e é causada por danos nos nervos que controlam a dor e o paladar. Já a dor secundária surge como consequência de um problema de saúde subjacente, e, nesse caso, é necessário acompanhamento médico para tratá-la adequadamente.
Agora, voltando ao abacaxi: essa fruta contém uma quantidade significativa de uma enzima chamada bromelina, que tem ação proteolítica, ou seja, quebra proteínas. Quando a bromelina entra em contato com as proteínas da nossa saliva, ela as decompõe, afetando a mucosa da boca e causando a sensação de ardência ou "escaldadura". Além disso, a acidez do abacaxi torna a língua mais sensível, intensificando ainda mais essa sensação – daí o motivo de a dor ser classificada como primária.
Segundo a nutricionista Patricia Bertolucci em um artigo anterior ao MinhaVida, "não existe uma quantidade recomendada de abacaxi. No entanto, uma fatia de abacaxi após as refeições contribui para uma melhor digestão." Ou seja, o consumo moderado pode trazer benefícios sem causar tanto desconforto.
Antes de culpar o abacaxi, vale lembrar que a bromelina traz diversos benefícios à saúde. Ela auxilia na digestão dos alimentos, tem ação antioxidante, protegendo as células do estresse oxidativo e dos radicais livres, e pode até ter efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos e imunomoduladores. Algumas pesquisas também sugerem que essa enzima pode ter potencial anticancerígeno e propriedades antiulcerativas.
No entanto, a nutricionista alerta que "o abacaxi é uma fruta ácida e não deve ser consumido em excesso ou por pessoas que sofrem de refluxo gástrico, úlceras e gastrite. O consumo em grandes quantidades pode ocasionar uma queimação no estômago." Portanto, se você tem sensibilidade a alimentos ácidos ou sofre com esses problemas gastrointestinais, é melhor ter cautela ao incluir a fruta na sua alimentação.
O abacaxi é o exemplo mais conhecido de fruta que pode provocar essa sensação, mas ele não é o único. Kiwi, mamão e figo também contêm enzimas que podem causar um efeito semelhante. Se você perceber que alguma fruta ou vegetal gera sintomas intensos ou persistentes, vale a pena procurar um médico para descartar possíveis alergias alimentares ou, em casos mais raros, intoxicações.
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