É preciso muito jogo de cintura para lidar com as múltiplas tarefas femininas. Quem é mãe então sabe que é preciso pique extra para encarar a criançada cheia de energia. A questão é: como driblar o cansaço da jornada dupla e ainda ter disposição para dar atenção e brincar com os pequenos no final do dia?
Na realidade, a mulher precisa ser muito perspicaz para perceber este duplo papel. "Os filhos sempre vão solicitar muito da mãe, em qualquer idade. A mãe é o alicerce, a base do ambiente familiar", explica a psicóloga Maria Dirce Benedito, especialista em saúde mental das crianças.
É normal que a criança busque atenção e interação. A ausência da mãe pode trazer prejuízos para a criança. "Porém, o mais importante é que exista previsibilidade, ou seja, a organização do ambiente e da rotina da criança para que ela saiba que pode contar com a mãe", explica a psicóloga Cynthia Borges de Moura, da Universidade do Oeste do Paraná e autora do livro "O Monstro do Problema: Ajudando As Crianças A Entender A Psicoterapia", além de jogos terapêuticos para pais e filhos.
Está cansada? Tente tirar um tempo para você
No caso das mães que trabalham fora, os filhos ficam ansiosos pela chegada da mãe no final do dia e esse momento deve ser aproveitado por ambos. No entanto, para que isso aconteça é necessário que ela não se atropele e que existam algumas regras importantes.
É fundamental chegar em casa e ambientar-se à nova realidade. Não adianta ligar o piloto automático com a garotada, que eles percebem rapidinho. "Quando chega em casa, a mulher deve se vestir de mãe. Deve despir-se do papel que desempenhava fora de casa. Ou então, a criança vai querer despertar a atenção dela de outras formas, fazendo birra ou o que sabe que é errado fazer", explica Maria Dirce.
Também é importante chegar em casa e ter um tempo, mesmo que pequeno, para si. A jornada dupla exige muito da mulher e tomar um banho e se alimentar ao chegar devem ser atitudes sagradas. Portanto, explique para a turminha que está cansada e peça que esperem um pouco até você se recompor. Mas cumpra a promessa.
"Sempre digo para as mães: cuide de você primeiro. Faça algo que diminua o impacto do cansaço. Justamente para que você também fique em condições de dar o que a criança precisa", sugere Cynthia.
Sem telas: opções de brincadeiras leves com os filhos
Eles ficam entretidos com um filme ou desenho, mas fazer disso uma rotina não é saudável. Criança gosta de brincar. Para diverti-los, é importante estreitar os laços e ao mesmo tempo não ser vencida pelo cansaço, a pense em tornar prazerosas atividades corriqueiras ou domésticas, como por exemplo, na hora do jantar, brincar de restaurante, incentivando o contato da criança com as atividades da mãe.
"Tornar atividades lúdicas também é válido. Brincar de cabeleireiro, deixando que a criança penteie seu cabelo e vice-versa, ou ainda, de SPA, recebendo uma massagem relaxante de mãos pequenas e delicadas", explica a psicóloga Cynthia Borges de Moura, da Universidade do Oeste do Paraná.
Já para a Maria Dirce, se a mãe puder sentar no sofá, ou mesmo no chão com a criança e se dispuser a brincar com algum jogo a diversão fica ainda melhor, pois para ela, é desse tipo de contato que a criança precisa. "Brincar com a criança é fundamental, relembre brincadeiras antigas", afirma a psicóloga.
Outra dica é colocar uma música tranquila como trilha sonora de fundo para conversar sobre o dia da criança com ela ou ver os cadernos da escola. "Coloque uma música suave que possa relaxar a criança e o adulto", ensina Maria Dirce.
A rotina cansa, mas não desista de brincar com seu filho
Muitas vezes o adulto bloqueia a necessidade de afeto e contato físico por causa do cansaço. Porém, a criança não faz isso. Psicologicamente, a criança está precisando de colo quando a mãe chega em casa. "Um alento que funciona para suprir uma necessidade básica", explica Maria Dirce. É um momento muito aguardado do dia, em que os pequenos ficam esperando para receber apoio, carinho e atenção.
Por isso, preste atenção nas atitudes da criança, que podem indicar que algo não vai bem. Quando a criança não procura mais a mãe, pode indicar que ela não conta mais com aquele carinho. "A criança deve procurar a mãe. Isso é como uma necessidade emocional e fisiológica", explica Cynthia.
Porém, esta necessidade tende a diminuir com o tempo, mas se isso não muda, é um sinal negativo de que a criança está se sentindo insegura. Cynthia exemplifica: "A criança tem dificuldades para dormir, pois isso lhe remete ao fato de se desligar da mãe".
É perfeitamente normal que a criança, entre 2 e 4 anos, chore quando a mãe sai para trabalhar. Porém Cynthia esclarece que é necessário ampliar o contato social desta criança, como na escolinha, mostrando que ela também estará segura em outros ambientes e com outras pessoas.
"As alterações no comportamento infantil podem ocorrer por causa de mudanças na rotina de trabalho da mãe, de escola ou até pelo nascimento de um irmãozinho. Porém se persistem por mais de um mês, algo deve ser feito", explica a especialista.