Dr. Tércio Rocha é endocrinologista, pós-graduado em medicina estética em Paris. Mais de 30 anos de experiência em...
iO comer compulsivo é um padrão recorrente, ou seja, acontece com frequência e está associado à perda de controle. É uma patologia dentro dos transtornos alimentares. A compulsão alimentar é objeto de estudo médico desde 1959. Quando pensamos em compulsão alimentar ou comer compulsivo, estamos nos referindo à pessoa que come grande quantidade de alimentos rapidamente, perde o controle e não consegue interromper a refeição mesmo quando se sente plenamente saciada.
A perda do controle sobre o episódio de consumo alimentar mais o consumo de grandes quantidades de alimentos são características muito importantes para a definição do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). A compulsão alimentar pode ocorrer em pessoas de qualquer sexo, idade ou padrão sócio econômico e, como quem sofre do transtorno de compulsão alimentar aumenta com frequência de peso ou se torna clinicamente obeso, torna-se passível de contrair uma grande variedade de doenças.
Infelizmente, não há uma cura reconhecida para o transtorno de ingestão compulsiva, mas existe uma variedade de opções de tratamento que podem ser exploradas quando o transtorno é diagnosticado.
O transtorno de compulsão alimentar deve ser diagnosticado por um profissional qualificado. Estes critérios de diagnóstico incluem episódios cíclicos de alimentação em excesso e sensação de perda de controle, bem como episódios de compulsão alimentar com pelo menos três das seguintes características: comer depressa, comer até atingir mal-estar físico, comer quando não se tem fome e comer sozinho ou ter sentimentos de vergonha e culpa em relação à alimentação. Outros critérios incluem expressão de ansiedade ou angústia em relação à ingestão compulsiva.
As opções de tratamento para o transtorno de compulsão alimentar incluem acompanhamento psicológico. Apesar de poder ser feito o uso de medicamentos para tratar o transtorno de ingestão compulsiva com supressores de apetite e até antidepressivos é muito importante que se tenha uma avaliação médica completa e precisa do caso. Os componentes serotoninérgicos, dopaminérgicos, endocanabinóides e convulsivos devem ser analisados através de minuciosos exames clínicos e laboratoriais.
Muitas pessoas fazem todos os sacrifícios para manter o peso, mas não resistem a uma guloseima. Esse é um problema que atinge muitas mulheres. A gula por chocolates, pães, doces e comidas gordurosas em geral é creditada a uma mera ausência de força de vontade. No entanto, estudos científicos apontam que a vontade de comer e de saborear estes alimentos é fundamentalmente neuroquímica.
Todas essas delícias engordativas contêm substâncias que estimulam a produção de neurotransmissores ligados à sensação de vitalidade, prazer, e bem-estar, como a serotonina. Além disso, o nosso organismo é uma máquina que procura instintivamente economizar energia e nada sabe sobre a moda dos bumbuns empinados, das coxas roliças e da barriga sarada.
O organismo vai preferir armazenar gordura para gerar mais energia. Por este motivo, a reeducação alimentar está na ordem do dia: porque, se deixarmos a boca seguir a sua "lógica" natural, ela escolherá invariavelmente o que mais engorda.
Outro agravante também é o fato de que toda vez que ingerimos gordura, o cérebro produz endorfina - substância que transmite uma sensação de relaxamento e bem-estar. Em outras palavras, nossa mente nos condiciona a comer alimentos gordurosos para ter prazer. As pessoas que ligam menos para gordura têm altos níveis de leptina no organismo. A leptina é um hormônio produzido pelas células gordurosas e que informa o cérebro de que os compartimentos celulares armazenadores de gordura já estão lotados.
Segundo pesquisas recentes, 60% das mulheres que padecem do chamado efeito sanfona possuem compulsão alimentar em relação à farinha refinada. Essa dependência se dá quando os agentes metabólicos do trigo, durante o processo digestivo, entram em contato com as glândulas endócrinas situadas na primeira porção do intestino. Esse contato gera a liberação de uma substância semelhante à endorfina - a enxorfina -, que sobe ao sistema nervoso central e provoca a sensação de prazer e estímulo de comer compulsivamente.
Antes de iniciar o tratamento, o paciente deverá passar por um minucioso exame laboratorial, dosando todos os hormônios e os níveis sérios de serotonina, dopamina e catecolaminas, além de vitaminograma completo. Isso orienta o médico a prescrever o medicamento correto. Atividades físicas de 30 minutos, de quatro a cinco vezes por semana também são fundamentais pela alta produção de endorfinas e pelo gasto calórico.