Nutricionista formado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com aprimoração em Transtornos Alimentares pelo...
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O que é Compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é um transtorno alimentar em que a pessoa diagnosticada apresenta episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de alimentos em pouco tempo, mesmo quando não sente fome.
Apesar de estar relacionada aos alimentos, a compulsão alimentar tem raiz psicológica e é reconhecida como um transtorno psiquiátrico. Geralmente, durante os episódios, a pessoa sente perda de controle e, após o ocorrido, experimenta sensação de vergonha, nojo, angústia e culpa.
A compulsão alimentar também pode provocar problemas de saúde adicionais relacionados à dieta, como diabetes e níveis elevados de colesterol.
Causas
Existem alguns quadros e situações que podem favorecer a compulsão alimentar. São eles:
Dietas rígidas
Após dietas muito rígidas, há o risco da pessoa desenvolver compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam as pessoas deprimidas e privadas de diversos alimentos, o que aumenta o desejo por comidas que elas não poderiam comer.
Além disso, diversas pesquisas apontam que as dietas muito restritas levam ao impulso por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de comer quando saciado.
Comer por conforto emocional
Pessoas que comem de forma compulsiva normalmente têm mudanças emocionais como gatilho. Alguns exemplos são: passar por términos de relacionamentos ou situações de aflição e angústia. Episódios de empolgação e euforia também podem resultar em compulsão alimentar.
Além disso, o transtorno também pode ser uma maneira da pessoa lidar com o estresse, depressão e ansiedade, como uma tentativa de válvula de escape.
Baixa autoestima
Problemas com a imagem corporal e baixa autoestima têm ligação direta com o descontrole em comer. Afinal, pessoas com compulsão alimentar normalmente não gostam de sua aparência. Elas constantemente acham que deveriam comer menos, mesmo que não consigam fazer algo a respeito disso.
As consequências da pessoa se sentir acima do peso e com medo de engordar podem virar constantes tentativas de compensar com dietas intensas, restrições alimentares e uso de medicamentos para emagrecer, o que pode levar a problemas ainda piores.
Problemas emocionais mais graves
Casos de compulsão alimentar associados a outras práticas, como bulimia, podem estar ligados a traumas no passado, como abuso sexual, negligência emocional, entre outros.
Sintomas
Uma das principais características da compulsão alimentar é a ingestão de grandes quantidades de comida em curtos períodos de tempo. No entanto, existem outros sinais de aviso e evidências que pessoas com esse transtorno podem apresentar, como:
- Comer mais rápido que o normal;
- Perda de controle;
- Continuar comendo mesmo quando não está fisicamente com fome ou quando já está saciado;
- Ingerir compulsivamente qualquer alimento, mesmo não sendo de seu agrado;
- Comer sozinho ou em segredo por vergonha da quantidade de comida que está sendo ingerida;
- Sentimento de nojo, culpa e vergonha após os episódios de compulsão;
- Evitar situações sociais, especialmente aquelas envolvendo alimentos;
- Sentimentos de baixa autoestima e infelicidade sobre seu peso e formato de corpo.
Diagnóstico
Como acontece com quase todos os transtornos psiquiátricos, não há um teste que indique definitivamente que alguém tem compulsão alimentar. Portanto, o diagnóstico é feito com base nos relatos do paciente e informações sobre sua saúde mental e física.
O médico pode solicitar exames para avaliar a saúde geral do paciente, como testes laboratoriais. O profissional também irá avaliar se a pessoa tem outros transtornos mentais, uma vez que algumas condições podem estar associadas à compulsão alimentar.
Buscando ajuda médica
Ao apresentar um ou mais sintomas, busque um médico o mais breve possível. Os profissionais mais indicados para realizar o diagnóstico e auxiliar com o tratamento de compulsão alimentar são:
- Clínico geral;
- Psiquiatra;
- Psicólogo;
- Endocrinologista;
- Nutrólogo;
- Nutricionista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações, como:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram;
- Histórico médico, incluindo outras condições de saúde e medicamentos ou suplementos que tome com regularidade.
Tratamento
Saúde mental
A primeira parte do tratamento envolve a consulta com um psiquiatra que tenha bom conhecimento sobre a compulsão alimentar. Essa etapa é direcionada tanto para fatores físicos quanto emocionais.
Remédios para compulsão alimentar
Os medicamentos utilizados dependem da quantidade de episódios de compulsão alimentar. Normalmente, eles não são recomendados. Mas, em certos casos, eles podem ser utilizados para controlar a ansiedade ou para inibir o apetite.
Os remédios mais frequentes no tratamento de compulsão alimentar são:
- Cloridrato de sertralina;
- Cloridrato de fluoxetina;
- Orlistate;
- Metformina;
- Cloridrato de sibutramina;
- Dimesilato de lisdexanfetamina.
ATENÇÃO: Nunca se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem autorização de seu médico. Somente um profissional especializado pode indicar o medicamento mais adequado, bem como sua dosagem e frequência. Tomar remédios sem prescrição médica pode levar a graves problemas de saúde ou até mesmo a óbito.
Tem cura?
A partir do momento em que o paciente começa o tratamento adequado para seu caso, com acompanhamento psicológico e psiquiátrico, a tendência é que haja uma melhora gradativa, sendo possível se curar da compulsão.
Prevenção
- Ensine desde cedo crianças e adolescentes a não se deixarem afetar tanto pelos padrões de beleza impostos pela sociedade;
- Incentive a boa autoestima dos jovens;
- Explique sobre os problemas dos distúrbios alimentares;
- Ensine bons hábitos alimentares;
- Converse sobre autoaceitação.
Complicações possíveis
Pessoas com compulsão alimentar têm maior risco de desenvolver:
Referências
Centro Nacional de Transtornos Alimentares dos Estados Unidos
Jônatas de Oliveira - Nutricionista formado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com aprimoração em Transtornos Alimentares pelo Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM).