Médica dermatologista formada pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Tem residência em d...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO leque de opções de produtos para cuidados com a pele, que antes contemplava cremes simples, indicados praticamente para todo tipo de pele, agora conta com as mais diversas composições. Além dos cosméticos, apareceram também os dermocosméticos, mas você sabe qual é a diferença entre esses dois grupos? "Os dermocosméticos, também chamados de cosmecêuticos, agem mais profundamente na pele que um cosmético, mas tem um efeito menor que o de um medicamento", explica a dermatologista Érica Monteiro, membro do Instituto Protetores da Pele (IPP).
Para obter esse efeito, eles têm ações muito diferentes e devem ser usados com objetivos distintos. A seguir nós comparamos os produtos e mostramos em que situações um é melhor que outro.
Receita e indicação médica
De acordo com as normas que regulamentam a venda de produtos tópicos, há duas classificações possíveis: medicamentos e cosméticos. "Os medicamentos são destinados ao tratamento, alívio ou prevenção das doenças, devendo apresentar estudos que comprovem seu efeito terapêutico, sua segurança e eficácia ao serem submetidas à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no Brasil", explica a dermatologista Érica Monteiro, membro do Instituto Protetores da Pele (IPP). Exemplos de medicamentos são os antibióticos e os corticoides tópicos indicados para tratar acne, foliculite e outros problemas. "No polo oposto ficam os produtos que servem para embelezar e combater o envelhecimento precoce, sem alterar as estruturas e as funções da pele: os cosméticos". Ainda não existe uma nomenclatura específica para os dermocosméticos, por isso, eles acabam se encaixando no grupo dos cosméticos e, dessa forma, não necessitam de receita médica.
Mas apesar de ambos os produtos estarem à venda sem a exigência da receita médica, eles têm sempre melhor efeito se bem indicados. O dermatologista é o profissional especializado em pele e ninguém melhor para entender suas necessidades e o tipo de cuidado que mais se adequa a ela.
Como eles agem
"Os dermocosméticos agem nas camadas mais profundas da pele, promovendo modificações fisiológicas que melhoram a aparência, sempre embasado por estudos clínicos", explica a dermatologista Silvia Takakuwa, da Medical Laser. "Já os cosméticos alteram apenas aparência da pele, limpam, perfumam, hidratam e protegem - agem superficialmente, mas não tratam o problema".
Isso acontece porque os dermocosméticos têm ativos com maior capacidade de penetração na pele, já os cosméticos possuem ação superficial. Enquanto um cosmético vai ajudar a cobrir uma mancha, disfarçar uma acne ou ajudar a hidratar a pele superficialmente, o dermocosmético vai atuar no tratamento do problema. Por isso que o mais indicado para tratar rugas, cicatrizes da acne, clarear manchas e olheiras, entre outros problemas, são os dermocosméticos. A diferença principal, portanto, não é que um é melhor que o outro, e sim que as suas funções e propósitos são diferentes.
Princípios ativos
Existem duas diferenças básicas entre cosméticos e dermocosméticos quanto aos seus princípios ativos. "Os princípios ativos dos dermocosméticos são fruto de estudos científicos, criados em laboratório e suas fórmulas são patenteadas pelo fabricante", explica a dermatologista Helua Mussa Gazi, de São Paulo. No caso dos cosméticos, os princípios ativos são de uso livre. "Alguns exemplos de princípios ativos dos dermocosméticos são o aminexil, para queda de cabelos, e o rhamnose, para renovação da pele", explica a especialista. No caso do cosmético, são princípios ativos a aloe vera, as algas marinhas, óleos vegetais e vitaminas, por exemplo. Outro ponto de divergência é a quantidade de princípio ativo, que é maior nos dermocosméticos que nos cosméticos. Mas essa quantidade nunca pode ser maior que nos medicamentos.
Outros componentes
Os dermocosméticos não possuem componentes que são desnecessários para que eles façam sua ação com eficácia, ou seja, perfumes, conservantes e corantes não entram nesse tipo de produto, o que diminui as chances de irritações e alergias na pele. A dermatologista Helua explica que, por isso, os dermocosméticos são considerados produtos hipoalergênicos. Os cosméticos, por sua vez, costumam carregar esses componentes.
Segurança
Segundo a dermatologista Helua, os dermocosméticos são considerados pela ANVISA como cosméticos nível 2, o que garante que foram realizados amplos estudos clínicos para comprovar sua eficácia e ainda exige registro do produto. Essa nomenclatura eleva não apenas a segurança ao usar o produto, com menor ocorrência de efeitos adversos, mas também sua eficácia no tratamento da pele. Já os cosméticos não passam por todos estes testes e por isso têm maiores chances de levarem ao aparecimento de efeitos colaterais, como coceira e vermelhidão.
Resultado
Segundo a dermatologista Helua Mussa Gazi, de São Paulo, os cosméticos e dermocosméticos agem de maneira diferente e, por isso, têm efeitos diferentes. "A melhoria externa da pele é visualizada de forma mais rápida, com o efeito de hidratação do cosmético", explica. "Já os resultados do uso dos dermocosméticos dependem de uma modificação interna que depois se evidenciará externamente, por isso é mais demorado, no entanto, mais eficaz, pois trata o problema".
A dermatologista Silvia Takakuwa lembra que usar um dermocosmético, apesar de mais efetivo que o cosmético, sem a correta indicação pode não trazer nenhum benefício. Por isso, consulte o médico antes de começar a usar um dermocosmético.
Preço
Os dermocosméticos costumam ser mais caros que os cosméticos, geralmente porque envolvem produção de ativos, pesquisas científicas aprofundadas, além de estudos que comprovam seus resultados. Todo esse processo envolve gasto financeiro que se reflete no produto final. Ao passo que os cosméticos não costumam passar por esses critérios para que sejam comercializados.