Ginecologista e obstetra, formada pela Faculdade de Medicina da USP com Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela F...
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O que é injeção anticoncepcional?
A injeção anticoncepcional é um método contraceptivo hormonal, ou seja, uma maneira de evitar a gravidez através de hormônios que são aplicados na paciente. Tem periodicidade mensal ou trimestral a depender da composição indicada pelo ginecologista.
Como funciona a injeção anticoncepcional?
O anticoncepcional injetável é uma injeção com hormônios que têm a função de impedir o processo de ovulação na mulher. Com isso, sem a liberação de óvulos, não ocorre a fecundação e, assim, é prevenida a gravidez.
A ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks reforça que a injeção anticoncepcional não fornece proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's). Por isso, é importante combinar a injeção com o uso da camisinha (feminina ou masculina) para a prevenção de diversas doenças.
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Onde é aplicada a injeção anticoncepcional?
A injeção anticoncepcional é aplicada de forma intramuscular, ou seja, é aplicada nos músculos. Preferencialmente é aplicada nos glúteos ou nos braços e deve ser ministrada por um profissional da saúde habilitado.
Tipos
Tipos de injeção anticoncepcional
Os tipos de anticoncepcionais injetáveis variam conforme a composição e o intervalo de tempo de cada aplicação.
Injeção anticoncepcional mensal
Composição
A injeção anticoncepcional mensal é chamada de método contraceptivo injetável combinado, pois sua composição é à base de estrogênios e progesterona. Estrogênios são hormônios relacionados ao controle da ovulação, enquanto a progesterona é um hormônio feminino ligado ao equilíbrio da produção de óvulos e gravidez.
Periodicidade
Como o próprio nome sugere, o anticoncepcional injetável mensal consiste em uma aplicação a cada 30 dias (uma vez por mês).
Ciclo menstrual
O ciclo menstrual de pacientes que utilizam este tipo de contraceptivo mensal é continuado, ou seja, a mulher menstrua normalmente. Porém, a diferença é que a liberação de óvulos é cessada.
Injeção anticoncepcional trimestral
Composição
A injeção anticoncepcional trimestral é composta somente pelo hormônio feminino progesterona. Costuma ser recomendada a mulheres que apresentam patologias pelas quais não podem receber estrogênio, como doenças relacionadas à coagulação, cardiovasculares e tromboses.
Periodicidade
Segundo o nome sugere, o anticoncepcional injetável trimestral consiste em uma aplicação a cada 90 dias (uma vez a cada três meses).
Ciclo menstrual
A menstruação é interrompida em mulheres que optam pela injeção anticoncepcional trimestral, fazendo com que a paciente fique em estado de amenorreia.
Contraindicações
Contraindicações da injeção anticoncepcional
O uso da injeção anticoncepcional, seja mensal ou trimestral, é contraindicado a pacientes que apresentam:
- Reação ao estrogênio
- Sangramento genital de causa desconhecida
- Tumor ginecológico, como câncer de mama ou câncer de colo de útero
- Trombose
- Enxaqueca
- Endometriose
Gestantes e mulheres que estão amamentando devem evitar as composições com estrogênio (injeção anticoncepcional mensal), conforme ressalta Johnata Dacal.
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Preço da injeção anticoncepcional
O método contraceptivo injetável é administrado e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Portanto, pacientes podem usufruir gratuitamente das injeções anticoncepcionais em postos de saúde.
Na rede privada, o preço da injeção anticoncepcional varia de acordo com o tipo de hormônio na composição. Contudo, costumam custar de R$ 5 a R$ 35 por aplicação.
Considerações
Cuidados na escolha da injeção anticoncepcional
Segundo a ginecologista Luciana Nacano, não há uma injeção anticoncepcional ideal para todas as mulheres. "O melhor método para o seu corpo deve ser discutido e decidido junto ao médico especialista, de acordo com suas necessidades e exames", explica.
Por isso, antes de optar pelo uso da injeção anticoncepcional, consulte seu(a) ginecologista, liste todos os remédios e suplementos que toma, aponte seu histórico médico, bem como alergias e reações a qualquer medicamento.
Quem pode aplicar?
A injeção anticoncepcional é intramuscular, podendo ser aplicada no glúteo ou na parte superior do braço. O ideal é que toda aplicação seja administrada por profissionais, como ginecologistas, enfermeiros ou farmacêuticos.
Quando começa a fazer efeito?
A maioria das soluções de anticoncepcional injetável disponíveis no mercado começam a ter eficácia completa cerca de 7 dias após a aplicação. O ginecologista responsável por prescrever o uso da injeção é a pessoa mais indicada para que você tire dúvidas a respeito, a depender do seu caso.
Benefícios da injeção anticoncepcional
Intervalo maior
A principal vantagem da injeção anticoncepcional frente a outros métodos contraceptivos é sua aplicação com intervalo maior de tempo (30 ou 90 dias). Para a médica Flávia Fairbanks, essa periodicidade é ótima para mulheres que têm uma vida corrida ou que são esquecidas. "Isso reduz a chance delas esquecerem de tomar o contraceptivo", diz.
Não afeta o fígado
A ginecologista comenta também que o anticoncepcional injetável não tem a chamada sobrecarga hepática. Afinal, sua aplicação é intramuscular e não por via oral. Isso significa que é um método contraceptivo excelente para pacientes que não querem engravidar, mas que precisam preservar a saúde do fígado - seja por tomar outras medicações fortes ou por doenças associadas ao órgão.
Efeitos colaterais possíveis
Assim como todo medicamento, a injeção anticoncepcional pode apresentar efeitos colaterais, tais como:
- Sangramento entre os ciclos menstruais (chamado de "spotting")
- Redução da libido
- Maior retenção de líquidos
- Dor local devido à aplicação da injeção
- Amenorreia secundária (parada da menstruação, comum em quem opta pela injeção anticoncepcional trimestral)
- Dor de cabeça
- Náusea
- Tontura
- Cólica menstrual
- Dor nas mamas
- Oscilações de humor
De acordo com o ginecologista e obstetra Johnata Dacal, os efeitos colaterais costumam ser menos intensos quando comparados aos da pílula anticoncepcional. "São efeitos raros e dependentes de pessoa para pessoa", afirma. Ao apresentar qualquer reação à injeção anticoncepcional, notifique e consulte o(a) ginecologista.
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Nomes de injeção anticoncepcional
Mesigyna
A injeção anticoncepcional Mesigyna é composta por enantato de noretisterona (composto sintético de progesterona) e valerato de estradiol (substância indicada para reposição hormonal de quem sofre de deficiência estrogênica).
A aplicação é feita de forma intramuscular a cada três meses (trimestral) e o ideal é que seja realizada somente por profissionais de saúde.
Confira a bula completa de Mesigyna.
Perlutan
A injeção anticoncepcional Perlutan é formada pelas substâncias algestona acetofenida e enantato de estradiol. Ou seja, progesterona e estrogênio, caracterizando a dosagem mensal.
Sua aplicação é intramuscular (de preferência no glúteo ou braço) e realizada a cada 30 dias. Recomenda-se a dose entre o 7º e 10º dia após o início da menstruação.
Confira a bula completa de Perlutan.
Depo-provera
A Depo-provera (ou acetato de medroxiprogesterona) é uma injeção anticoncepcional trimestral, devendo ser aplicada a cada 90 dias de forma intramuscular no glúteo ou na parte superior do braço.
Sua aplicação deve ser realizada até o 5º dia do ciclo menstrual ou até o 5º dia pós-parto, caso a paciente não esteja amamentando. Se estiver amamentando, a mulher só poderá tomar a injeção a partir da sexta semana após o nascimento do bebê.
Confira a bula completa de Depo-provera.
Cyclofemina
A Cyclofemina é um anticoncepcional injetável com efeito combinado de dois hormônios femininos: o acetato de medroxiprogesterona (composto de progesterona) e cipionato de estradiol (estrogênio).
A aplicação é mensal e deve acontecer entre o 1º e 5º dia do ciclo menstrual, de forma intramuscular (glúteo ou braço).
Ciclovular
A injeção anticoncepcional Ciclovular é um contraceptivo mensal, composto pela combinação de algestona acetofenida e enantato de estradiol; ou seja, progesterona e estradiol. Deve ser aplicada entre o 7º e 10º dia do ciclo menstrual, com preferência no 8º dia.
Uno-Ciclo
O Uno-Ciclo é um anticoncepcional injetável de dose única mensal. É composto por progesterona e estrogênio (algestona acetofenida e enantato de estradiol). Assim como o Ciclovular, o Uno-Ciclo deve ser aplicado entre o 7º e 10º dia do ciclo menstrual, de preferência no 8º dia.
Anticoncepcional para homens
Além das opções para mulheres, cientistas indianos desenvolveram o primeiro anticoncepcional masculino injetável: o anidrido maleico de Steryene. O contraceptivo promete eficácia de até 13 anos e é aplicado próximo aos testículos.
A expectativa é que sua comercialização seja liberada em 2020. Em testes feitos em mais de 300 voluntários, não houve efeitos colaterais. A injeção é ainda vista como uma alternativa para cirurgias como vasectomia (em homens) e laqueadura (em mulheres).
Outra opção de contraceptivo injetável masculino tem sido desenvolvido por pesquisadores desde 2018. O Vasagel consiste em um gel aplicado por injeção que impede a passagem dos espermatozoides pela uretra.
Para reverter o efeito e retomar a fertilidade, o homem pode consultar um urologista para aplicar uma substância capaz de dissolver o gel. Contudo, até o momento, o anticoncepcional só foi testado em animais.
Perguntas frequentes
Injeção anticoncepcional engorda?
De acordo com a ginecologista Flávia Fairbanks, a injeção anticoncepcional trimestral pode causar aumento de peso, com uma média de ganho de até 5 kg durante 10 anos. Já a injeção anticoncepcional mensal não tem reação relacionada ao ganho de peso comprovada cientificamente.
Há possibilidade de engravidar com anticoncepcional injetável?
Todo e qualquer método contraceptivo não apresenta 100% de eficácia. Contudo, a ginecologista Luciana Nacano aponta que a falha da injeção anticoncepcional, levando à possibilidade de engravidar, é inferior a 1%.
Flávia Fairbanks complementa que "o risco de engravidar só é maior se a paciente atrasar a injeção, o que acaba acontecendo em alguns casos". Portanto, para não engravidar, é preciso que a paciente siga à risca o período de eficácia da injeção (30 ou 90 dias), tomando uma nova dosagem ao final deste intervalo.
Quanto tempo depois da aplicação posso ter relação sexual?
Isso varia conforme os hormônios que compõem a injeção. De maneira geral, se a primeira injeção tiver sido aplicada no primeiro dia do ciclo menstrual, cerca de uma semana depois da administração o efeito contraceptivo já foi alcançado e a paciente pode ter relação sexual.
Porém, solicita-se o uso da camisinha, sem exceções, nos primeiros 15 dias após a aplicação, a fim de complementar a prevenção da gravidez.
Vale reforçar que nenhum anticoncepcional injetável é capaz de evitar Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's). Portanto, a combinação desse método com a camisinha é altamente recomendada em todas as relações sexuais.
O que pode cortar o efeito da injeção anticoncepcional?
A chance do efeito da injeção anticoncepcional ser "cortado" é mínima. Flávia Fairbanks explica que uma das grandes vantagens desse método é que, como ele não atinge diretamente o fígado, a interação medicamentosa é muito pequena.
Contudo, se você faz uso de antibióticos, antidepressivos ou qualquer outra medicação, informe seu ginecologista.
Quantos dias pode atrasar a aplicação e ainda ter efeito?
Se a paciente atrasa a aplicação, há risco de ovulação. Portanto, não se indica o atraso em nenhuma circunstância. Procure respeitar o intervalo de 30 dias para injeção anticoncepcional mensal e 90 dias para injeção anticoncepcional trimestral.
Como fica a fertilidade a longo prazo?
No caso da injeção anticoncepcional mensal, a partir do momento em que a paciente para de usar, o restauro da fertilidade é quase imediato - como se ela tivesse parado de usar uma cartela de pílula anticoncepcional, por exemplo.
Porém, para injeção anticoncepcional trimestral, pode haver um maior tempo para retorno da fertilidade. Como a menstruação é interrompida, há casos em que mulheres demoram de 8 meses até um ano para retomarem a ovulação de forma regular e terem chances de engravidar novamente.
Referências
Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra, doutora em Ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP, especializada em Endometriose no Hospital das Clínicas da FMUSP e pós-graduada em Sexualidade
Johnata Dacal (CRM-SP 157.515), ginecologista e obstetra da clínica DUO+, com experiência em Medicina Nuclear no Hospital das Clínicas da USP, em Obstetrícia e Ginecologia no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros e em urgência e emergência
Luciana Nacano, ginecologista e obstetra, com experiência em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), pós-graduada em Reprodução Humana