Graduação em Medicina. Residência Médica em psiquiatria. Mestrado em psicologia pela USP. Título de Psiquiatra pela Asso...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iOs cientistas ainda não conseguiram descobrir com precisão quais são as causas do autismo, mas existem alguns hábitos que são conhecidos por aumentar seu risco, como fumar durante a gravidez. Agora, um novo estudo da Universidade de Duke (EUA) descobriu que induzir o parto também está relacionado com o autismo, principalmente se a criança for um menino.
O trabalho, publicado online no JAMA Pediatrics, analisou os registros de nascimento de mais de 625 mil bebês nascidos na Carolina do Norte entre 1990 e 1998, que foram comparados com os registros de diagnóstico de autismo feitos posteriormente em escolas públicas. Segundo os autores, 1,3% dos rapazes e 0,4% das meninas foram diagnosticadas com autismo. Especificamente, meninos nascidos de mães cujo trabalho foi induzido eram 35% mais propensos a desenvolver autismo, em comparação com aqueles que nasceram sem indução. Entre as meninas, apenas o estímulo durante o trabalho de parto foi associado com um risco aumentado para o autismo. A relação foi encontrada mesmo depois de controlados outros fatores, como a idade da mãe.
Induzir o trabalho de parto envolve estimular as contrações antes do parto começar usando uma droga chamada ocitocina. Já o estímulo durante o parto é o uso da ocitocina em grávidas que entraram em trabalho de parto, mas estão com dificuldades para fazer a criança nascer.
Os especialistas afirmam que a indução ao parto com indicação médica não deve ser ignorada por conta dos resultados do estudo, e que as novas descobertas são um ponto de partida para uma maior investigação sobre o mecanismo específico que pode causar a relação entre autismo e indução ao parto. Segundo os cientistas, ainda não é possível afirmar se é a droga usada para acelerar o parto a responsável pela relação, ou se são as eventuais condições físicas da grávida que precisa fazer a indução.
Estimule o desenvolvimento da criança com autismo
Diferente do que propõe o senso comum, o autismo não retira uma pessoa do convívio social. Sem dúvida, as habilidades de comunicação são prejudicadas quando há esse tipo de disfunção, mas os estímulos cognitivos realizados na intensidade adequada e com profissionais especializados são capazes de reverter alguns padrões de comportamento. "O autismo é uma síndrome comportamental de base neurobiológica, caracterizada por dificuldades de interação social e de comunicação e por padrões restritos de comportamento", afirma a psiquiatra Letícia Calmon Amorim, da AMA (Associação de Amigos dos Autistas) de São Paulo. Mas o tratamento disponível hoje em dia pode estimular uma criança a se desenvolver e ganhar mais independência. Não se conhece a causa exata do autismo, tampouco existe cura. Conheça as atividades que ajudam no desenvolvimento da criança que tem essa disfunção.
Escolarização
Letícia Calmon explica que a inclusão é importante, mas o ideal é, inicialmente, fazer o treinamento dos professores e consultar profissionais capacitados para colaborar neste processo, como o psicólogo, o fonoaudiólogo, o terapeuta ocupacional e, em alguns casos, buscar também um acompanhamento pedagógico. "Cada criança deve ter um programa individualizado". A escolarização pode trazer benefícios, como a possibilidade de vivenciar situações sociais e ganhar independência.
Brinquedos e brincadeiras
Estimular a criança com autismo a compartilhar seus brinquedos e a brincar com outras crianças pode ajudar muito na interação social. "Os brinquedos para as crianças com autismo devem ser simples e estimular a criatividade", afirma o psicólogo Yuri Busin, mestrando em estudos do desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. O mais importante é que os pais e os profissionais observem o nível de desenvolvimento da criança e escolham o brinquedo mais adequado ao nível cognitivo dela. Um psicólogo pode ajudar nessa escolha, já que a indicação presente nas embalagens dos brinquedos não se aplica à crianças com autismo.
Convívio com a família
A psicanalista Sônia Pires, da clínica Bem-me-Care, de São Paulo, explica que o primeiro desafio dos pais é aceitar as limitações do filho. "A ideia de um filho sem autismo deve ser abandonada e dar lugar à compreensão das dificuldades da criança", afirma. Estimular a convivência com outras crianças e adultos tanto no ambiente familiar quanto em outros lugares é uma maneira natural de treinar as habilidades sociais e integrar a criança: só não adianta deixá-la isolada, distante do movimento e das conversas.
Atribuindo tarefas
A realização de tarefas depende do nível de cognição e das potencialidades de cada criança. O psicólogo Yuri sugere que sejam propostas à criança tarefas como escovar os próprios dentes, pentear os cabelos ou colocar a mesa, por exemplo, elogiando o desempenho em cada atividade.
É interessante também que os pais estimulem as crianças, fazendo elogios ou criando sistemas de recompensas frente a um comportamento adequado, conhecido como reforço positivo. "Um modelo é a entrega de cartões: juntando dez, por exemplo, a criança ganha um presente ou agrado", explica o especialista.
Atividade física
A psiquiatra Letícia explica que a presença de limitações físicas em pessoas com autismo não é comum. "Isso só acontece quando existem outros problemas associados, como as convulsões". Caso não haja esse tipo de restrição, qualquer tipo de atividade física está liberada e vale a pena consultar um fisioterapeuta para definir qual o melhor esporte para o seu filho.
Comunicação
Letícia Calmon explica que o mais importante é a criança se sentir apta para se comunicar, mesmo que não seja pela linguagem falada, mas por gestos, sinais e até mesmo pela troca de figuras (sistema chamado PECS) e isso deve ser usado tanto em casa quanto na escola. Para estimular a fala, o ideal é procurar o acompanhamento de um fonoaudiólogo.