Formado em Psicologia, Analista Junguiano e coordenador dos cursos de Psicossomática; Dependências, Abusos, Compulsões e...
iConviver com as diferenças além de não ser fácil, com o tempo, pode ficar desgastante e estressante. Constitucionalmente existem tanto as diferenças fisicamente visíveis quanto as invisíveis e dentre elas, a mais importante é que a mulher tem mais cérebro límbico e mais ocitocina, que é apelidado de hormônio do amor, do que os homens que possuem mais testosterona, hormônio responsável pela agressividade e competitividade. Com isso, as mulheres são muito mais propensas a estabelecer e desejar manter os vínculos de relacionamento da monogamia.
Outro aspecto interessante é que uma mulher, no início da menstruação, possui por volta de 400.000 óvulos, porém são liberados, durante toda sua vida reprodutiva, aproximadamente 400 óvulos, um em cada ciclo menstrual. Em contrapartida, um homem saudável em uma única ejaculação libera a quantidade aproximada de 80 milhões de espermatozóides. Essa diferença já nos dá a medida dos comportamentos, pois enquanto os homens, instintivamente, desejam pulverizar horizontalmente seus gametas, as mulheres priorizam, também instintivamente, tanto a qualidade genética do parceiro quanto a segurança que ele irá oferecer. Esses fatores interferem bastante no estar gamado, sinônimo de vidrado ou apaixonado.
Segundo a psicologia analítica de C. G. Jung, sabe-se que todo homem tem em sua intimidade um contraponto sexual chamado Anima. Da mesma forma que as mulheres possuem o Animus, representante do seu lado masculino inconsciente. Animus e Anima são estruturas arquetípicas, agindo como formas primordiais, que norteiam nossas relações com o sexo oposto. Essas formas arquetípicas vão sendo preenchidas por meio das nossas vivências e acabam sendo projetadas no mundo exterior, produzindo atrações ou repulsões a determinados tipos humanos. Daí que surgem as paixões ou os ódios incompreensíveis.
É significativo compreender que no homem a Anima é preponderantemente construída a partir da figura materna, enquanto o Animus da mulher surge das experiências masculinas de sua mãe. Com isso, a Anima fica muito mais coesa e o Animus mais polivalente e multifacetado. Dessa diferença temos que o homem carrega dentro de si uma imagem de mulher mais idealizada, e por essa razão tende a procurá-la mais insistentemente. O representante extremo e patológico dessa busca pela Anima é o personagem Dom Juan, o eterno conquistador. A mulher, por ter uma pluralidade de figuras masculinas em seu Animus, tende a ser mais adaptada e compreensiva nas relações.
Essas características fazem com que o homem tenha muita dificuldade em amar verdadeiramente mais do que uma mulher ao mesmo tempo, enquanto que as mulheres conseguem amar e serem fiéis a mais do que um homem simultaneamente, porque possuem a capacidade de amar fragmentos e aspectos de cada homem e não sua totalidade. Por isso, os homens aprenderam a dissociar amor de sexo, usando e abusando dessa habilidade apesar de, em sua intimidade, acreditarem estar sendo fieis à mulher amada, aquela que se assemelha com a imagem da sua Anima, o que os deixa muito mais adaptados para o comportamento poligâmico.
As mulheres, por sua vez, apesar de conseguirem amar aspectos masculinos em vários homens, sexualmente, são mais fieis, por terem dificuldade de amarem aspectos iguais em homens diferentes, podendo ter atração sexual por um, atração intelectual por outro, e assim por diante.
Acrescidas a essas diferenças nós temos as questões culturais que, infelizmente, devido a um contínuo processo de desfeminilidade social, provocada pela competitividade econômica, produz mudanças drásticas no comportamento humano. Essa situação vem brutalizando os seres humanos, deixando as mulheres com mais testosterona e, conseqüentemente, atuando de modo mais masculino e poligâmico. Por isso, atualmente, ambos os gêneros sexuais estão tendendo à poligamia.
A meu ver essa situação é responsável pelo aumento de casos de depressão e uma infinidade de queixas e insatisfações relacionais e existenciais. Então, no passado as mulheres tendiam mais para os relacionamentos monogâmicos, mas atualmente a poligamia e a traição são realidades presentes e iguais para ambos os sexos.
Creio que essa situação provocará mudanças nos conceitos familiares e que, num futuro não muito distante, a guerra dos espermatozóides voltará ser a responsável pela seleção genética da humanidade. Pois, uma mulher no período fértil ao se relacionar com mais de um parceiro irá ativar a competição dos gametas masculinos em seu útero. Situação que provavelmente acontecia em épocas muito remotas onde a cultura era matrilinear e poligâmica. Para maior compreensão a respeito das conseqüências psicológicas e socioculturais da monetarização da vida, que está motivando essa situação poligâmica e de insustentabilidade planetária, sugiro a leitura do livro Dinheiro, Saúde e Sagrado . Esse livro, que é de minha autoria, possibilita reflexões sobre as questões contemporâneas da humanidade e também o autoconhecimento.
Atualmente, você acha que o homem ou a mulher trai mais?