Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1980), onde realizou mestrado em M...
i A artrite reumatoide é definida como uma doença inflamatória crônica sistêmica de etiologia desconhecida, caráter autoimune, com participação genética, influencia hormonal, caracterizada por artrite de pequenas e grandes articulações e que pode evoluir com deformidade e incapacidade funcional se não tratada adequadamente. Essa é, no entanto, uma descrição longa e pouco esclarecedora. Mas, se pequenos trechos forem analisados, essa complexa definição se torna razoavelmente simples:
Doença inflamatória
Significa que é característica da doença a presença de inflamação, como dor, inchaço, calor e vermelhidão nas articulações (artrite).
Crônica
A inflamação tende a permanecer, não desaparece sozinha, pode melhorar com remédios como anti-inflamatórios, mas parando os remédios voltam as dores e a inflamação. Além disso, a doença precisa de tratamento adequado frequentemente por anos.
Sistêmica
Significa que além das articulações, os pacientes podem ter febre, perda de peso e sensação de mal-estar, principalmente no início da doença.
Etiologia desconhecida
Quer dizer que não sabemos a causa da artrite reumatoide. Conhecemos muito sobre a doença, sobre o que acontece nas articulações e no organismo. Entretanto, não sabemos exatamente o que causa a doença. Portanto, não falamos em cura. Como médicos, reservamos essa palavra para doenças com causas conhecidas, que podem ser eliminadas. Por exemplo em uma infecção, na qual o agente infeccioso é eliminado com antibióticos e, portanto, falamos em cura. No caso da artrite reumatoide falamos em controle ou remissão da doença. Em outras palavras, a doença não foi eliminada mas o paciente não sente dor e leva uma vida normal, capaz de exercer as atividades do dia a dia, ainda que usando algum tipo de medicação.
Caráter autoimune
Significa que existe uma reação do organismo contra ele mesmo em algum momento da doença. Na maioria dos pacientes com artrite reumatoide é possível identificar anticorpos dirigidos contra componentes do próprio organismo (autoanticorpos) que acabam servindo como marcadores da doença. Os dois mais importantes são chamados "fator reumatoide" e "anti-CCP". Existem pacientes que apresentam os dois autoanticorpos, outros apresentam apenas um dos dois e finalmente os pacientes são negativos para estes autoanticorpos - cerca de 20 a 30% dos pacientes são negativos para estes dois autoanticorpos e, em geral, tem uma doença mais benigna.
Participação genética
Existe uma tendência de casos se acumularem em famílias. Mas não é nada absoluto - do tipo minha avó teve, minha mãe também e eu certamente também virei a sofrer com esta doença. Nada disso, existe apenas uma chance maior de se ter a doença comparando-se com alguém que não tem nenhum caso na família. Mas é só isto: uma chance maior! Façamos uma comparação: se você compra um bilhete da loteria, certamente você tem mais chance de ganhar do que alguém que não comprou o bilhete, mas é só isto - uma chance maior.
Influencia hormonal
A doença acomete mais mulheres do que homens em uma proporção de três mulheres para cada homem. Esta proporção seria um pouco maior no Brasil e existem estudos em andamento para confirmar esses dados. A artrite reumatoide geralmente melhora na gravidez - outro indicativo da participação de hormônios.
Caracterizada por artrite
Artrite ou inflamação das articulações é característica da doença especialmente das articulações das mãos e pés. Dor e inchaço nas articulações que persistem por mais de 15 dias devem motivar uma consulta médica. Essa é a principal diferença entre uma dor do dia a dia e uma artrite: existe inchaço e a dor não desaparece sem um tratamento adequado.
Saiba mais: Exercícios mais indicados para amenizar a artrite
Pode evoluir com deformidades e incapacidade funcional
Infelizmente esta é outra característica da artrite reumatoide, mas, atualmente, com o tratamento adequado e precoce (logo no início da doença) é possível evitar uma evolução com destruição das articulações. A imagem de uma pessoa com artrite reumatoide sofrendo em uma cadeira de rodas não é uma realidade. Existem diferentes tratamentos isso não é mais uma realidade.