Redatora especializada em saúde, bem-estar, alimentação e família.
Praia é sinônimo de relaxar e se divertir. Mas, se não tomarmos os cuidados adequados, o passeio pode virar uma dor de cabeça - por isso é importante usar protetor solar, se hidratar bem e tomar cuidados com os alimentos estragados.
Só que mesmo essas precauções podem não ser suficientes, abrindo espaço para pequenos acidentes acontecerem. Pensando nisso, conversamos com diversos especialistas, que nos ensinaram os primeiros socorros para acidentes típicos da beira mar:
Queimadura
Os cuidados locais que a pessoa deve ter quando sofre uma queimadura térmica são: lave o local com água gelada e sabão neutro, sem usar gelo no local. "Isso pode agravar a lesão, uma vez que a pele estará muito sensível", declara o clínico geral Lucas Zambon, supervisor do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas.
Caso haja bolhas, não estoure, pois há risco de contrair infecções. Após lavar e secar com cuidado o local, você pode fazer compressas geladas com cuidado. "A hidratação com cremes à base de aloe vera pode ser praticada onde não há formações de bolhas ou lesões mais profundas (ou seja, apenas pele vermelha e dolorosa que fica branca quando se faz pressão com o dedo sobre a lesão).
"O especialista afirma que os cuidados com queimaduras são os mesmos, não importa se por objeto quente, exposição ao sol ou outras causas. "Você deve procurar atendimento médico em caso de bolhas, dor intensa, sinais de pele morta e descamando após a queimadura, queimaduras de face, mãos, pés ou genitais, se acometer grande parte do corpo ou caso você comece a ter febre."
É importante ressaltar que qualquer procedimento além desses podem causar uma infecção ou agravar o problema. "Não aplique manteiga, café, pasta de dente ou outras receitas caseiras em hipótese alguma", dia o pediatra Fernando Freitas de Oliveira, coordenador de ensino médico do Hospital Municipal e Infantil Menino Jesus.
Água viva
As queimaduras por águas-vivas ou caravelas são causadas por agentes venenosos que esses animais marinhos têm em seus tentáculos. "Em um primeiro momento, deve-se tentar remover calmamente o tentáculo do contato com a pele, e não se deve colocar o ferimento em água gelada, nem fazer fricção local", afirma o clínico geral Lucas.
Deve-se colocar a parte afetada imersa em água quente (na temperatura máxima tolerada pela pessoa), por pelo menos 20 minutos. Alguns casos podem se beneficiar do uso de ácido acético (vinagre) sobre o local, porém nem sempre é efetivo. "Não é recomendado o uso de urina ou bebidas alcóolicas para passar no ferimento, pois podem provocar uma infecção e agravar a lesão."
Ouvido entupido
Depois de tomar um banho de mar ou piscina, é possível que a água fique acumulada no ouvido. Se a água for de rio ou lagoa, é uma proliferação maior de bactérias do tipo Pseudomonas sp, causadores da otite. "A maioria das infecções de ouvido é causada pelo fato de a água empurrar cera pelo canal auditivo, quadro que pode ser agravado pela presença de micro-organismos no líquido", explica o pediatra Fernando.
Para retirar a água acumulada, você pode enxugar a região externa do ouvido com uma toalha e dar pulinhos ou então pequenos tapinhas no lado oposto da cabeça, a fim de fazer o líquido sair. Caso essas medidas não funcionem, procure um médico para fazer uma lavagem ou receber medicação adequada. "Nunca introduza nada dentro do ouvido, como tampas de caneta ou cotonetes."
Picada de mosquito
Muito comum nos dias quentes de verão, as picadas de mosquito acontecem porque esses insetos necessitam do sangue humano para amadurecer seus ovos - ao contrário do que muitos pensam, não é esse o alimento do animal.
Se você notar que foi atingido, é preciso primeiro notar se houve uma reação alérgica. "Na maioria das vezes ocorre uma reação desproporcional no local da picada, como inchaços ou então várias bolinhas, assemelhando-se à catapora", diz o alergista Marcelo Aun, do Hospital Samaritano, em São Paulo. "Em casos mais graves, a pessoa pode ter um choque anafilático, devendo ser encaminhada imediatamente para o hospital", alerta. Se a reação acontecer, procure um hospital.
Para indivíduos no geral, a recomendação máxima é evitar coçar a área, sob o risco de levar bactérias da unha para a lesão e causar uma infecção secundária - higienizar o local com álcool também irá ajudar. Segundo o especialista, a coceira acontece porque o mosquito deixa em nosso sangue sua saliva, que é tóxica à nossa pele, e melhora sozinha após algumas horas ou poucos dias.
Outra medida campeã é aplicar gelo na área, diminuindo a temperatura local. "Esse processo, além de aliviar a coceira, dor e vermelhidão da picada, também impede que as substâncias deixadas pelo mosquito se espalhem pela pele, impedindo uma inflamação", explica. É importante que o gelo seja colocado logo que a picada acontecer, justamente para evitar a progressão da inflamação.
Ele ressalta que cremes, pomadas e outras receitas caseiras não são necessárias, sob o risco de causar reações e agravar o problema. "Caprichar na limpeza com água e sabão e não coçar a área são as melhores medidas a serem tomadas."
Diarreia
Comidas estragadas ou mal conservadas, água sem tratamento adequado e falta de hidratação são problemas comuns no litoral e que acabam rendendo muitos casos de diarreia. O clínico-geral Claudio Miguel Rufino, da Unifesp, afirma que a hidratação do corpo é a principal recomendação médica em casos de diarreia, já que o organismo perde muita água por meio das fezes.
"As melhores opções são o soro caseiro, soros de reidratação oral comerciais, água de coco, bebidas isotônicas, chás e sucos naturais, além da água mineral", diz. Isso porque a diarreia provoca a perda de sais minerais, como sódio, magnésio e potássio, por isso a água somente não repõe todas essas perdas.
Outras medidas envolvem cortar alimentos muito gordurosos ou ricos em açúcar, e dar preferência a pratos de sabor mais leve, como torradas ou frutas. "O próprio corpo é capaz de resolver um quadro de diarreia, sem necessidade de medicação, mas podem ser usados remédios para diminuir a frequência das evacuações, sempre com orientação médica", completa o clínico.
Lembrando que um hospital deve ser procurado sempre que houver presença de sangue nas fezes, impossibilidade de alimentação e hidratação oral, febre e diarreia por mais de dez dias ou antes disso caso a diarreia seja intensa e as evacuações frequentes.
No caso de crianças, gestantes e idosos, o médico deve ser procurado imediatamente, assim como nas situações em que o paciente apresenta outra doença associada.
Se cortar em espinhas de peixe ou outros materiais
Feridas causadas por corais, ouriços do mar e espinhas de peixe ou de arraia são relativamente comuns. São feridas dolorosas e que podem infectar principalmente se algum material ficar preso na pele.
"Em algumas espécies de peixes, ouriços e no caso da arraia, pode haver veneno, mas os principais sintomas são localizados, havendo muita dor e inflamação", ressalta o clínico geral Lucas.
Em caso de acidente, o ideal é lavar o local, cobrir com um pano limpo ou atadura e se dirigir ao atendimento médico. "Há casos em que é necessário extrair o material preso ou mesmo receber antibióticos."
Insolação
Nem sempre a pessoa que sofre de insolação tem queimaduras severas de sol. "Os sintomas podem ser vários, como vermelhidão, ressecamento e ardor da pele, dor de cabeça, náuseas, pulsação e respiração aceleradas, desidratação, aumento da temperatura corporal e alteração do nível de consciência", conta o pediatra Fernando.
O excesso de sol e calor é suficiente para acabar com o seu bem-estar. Quando o corpo chega a uma temperatura muito elevada, o mecanismo de transpiração falha e o corpo fica incapacitado de se resfriar.
O resultado dessa reação é a insolação, que pode ir desde uma vermelhidão e dor de cabeça até uma internação no hospital. Outros sintomas envolvem prostração, mal estar, vômitos e fadiga acentuada. "As principais recomendações são repouso e ingestão de água, pois o maior perigo da exposição excessiva ao calor é a desidratação", explica.
Irritação nos olhos
A coceira parece que nunca vai ter fim. E, quanto mais você esfrega, mais vermelhos seus olhos ficam. E os problemas não param por aí: inchaço das pálpebras e até dificuldade para enxergar são incômodos bastante comuns após um dia inteiro de sol e mar.
"Os micro-organismos que ficam na água do mar e a concentração de sal, diferente daquela presente nas lágrimas, podem causar irritação e até infecções", afirma a oftalmologista Carla Suzuki, da Unidade de tratamento oftalmológico Vision Care.
Sendo assim, é de extrema importância evitar o mergulho em águas impróprias, que podem conter micro-organismos causadores de uma inflamação. Fique atento às piscinas com cloro e não mergulhe de olhos abertos sem proteção, uma vez que a substância pode causar uma conjuntivite química, pior do que a provocada pela água do mar.
"Use óculos de sol, que evitam a passagem dos raios de luz com comprimento de ondas superiores ao violeta e funcionam como escudo protetor para elementos externos como areia e suas impurezas", diz.
Se a irritação já está instalada, evite coçar os olhos para reduzir a contaminação e lave o rosto com água mineral ou água corrente. "Isso ajuda na remoção da salina e das substâncias químicas que causam irritação. " Uma compressa de soro fisiológico gelado traz um enorme alívio pra a coceira e diminui na hora a vermelhidão.