Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iO câncer colorretal é a quinta causa de morte por câncer no Brasil e sua incidência vem aumentando nos últimos anos. Seus sintomas incluem diarreia, constipação, sangramento nas fezes, anemia, dor abdominal, cansaço e emagrecimento.
Entre os fatores de risco podemos citar a história pessoal ou familiar de pólipos de intestino grosso e neoplasias de cólon, reto, mama, ovário e endotélio, a história pessoal de doença inflamatória intestinal ou condições hereditárias como o câncer colorretal hereditário sem polipose e a polipose adenomatosa familiar, além de tabagismo, obesidade e dieta rica em gordura animal e álcool.
O diagnóstico é feito geralmente por exames endoscópicos com análise histopatológica das biópsias. O exame endoscópico mais utilizado é a colonoscopia, no qual, após o preparo do intestino com o uso de laxantes, sob sedação adequada, um aparelho é introduzido pelo ânus permitindo a visualização da mucosa e a coleta de biópsias.
O estadiamento é definido pelo tamanho do tumor, o grau de acometimento de linfonodos e a presença ou não de metástases. Para isso são usados principalmente exames como hemograma, bioquímica, radiografia de tórax e tomografia computadorizada.
Prevenção radical
Em alguns casos muito selecionados, como pacientes com polipose adenomatosa familiar (em que o risco de câncer é virtualmente 100%), pode ser indicado o uso de anti-inflamatórios ou até mesmo a ressecção de todo intestino grosso (colectomia total). Dados os riscos envolvidos na colectomia total, pelo porte da cirurgia e as complicações em longo prazo, esse procedimento raramente é realizado, sendo recomendado o acompanhamento com colonoscopias regulares e ressecção das lesões, mesmo para pacientes de alto risco.
Entre os cuidados após uma colectomia total estão a reintrodução de alimentos gradualmente, iniciando com líquidos até a plena alimentação - fibras e outros alimentos que estimulam a atividade intestinal podem levar meses para serem reintroduzidos na dieta. Além disso, a cirurgia pode causar hemorragias, diarreias persistentes e perda de peso acentuada.
Outras formas de evitar o câncer colorretal incluem a prática regular de atividades físicas, dieta rica em frutas, verduras e vegetais e a aderência a um programa efetivo de rastreio de neoplasias colorretais, indicado a partir dos 50 anos para a maioria das pessoas ou mais cedo a depender da história pessoal e familiar.
O rastreio é feito principalmente pela colonoscopia convencional, pelo qual são retirados pólipos neoplásicos, lesões planas ou até mesmo neoplasias não avançadas, procurando curar o paciente com a ressecção da lesão ou pelo menos oferecer altas chances de cura, já que o prognóstico é melhor no caso de estadios mais iniciais. Outras formas de rastreio incluem a realização de pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia e colonoscopia virtual.
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Como tratar
O tratamento deve levar em conta as particularidades de cada paciente e o estadiamento da doença. Quando possível é retirada completa da neoplasia, com margens cirúrgicas livres da lesão, e são retirados linfonodos para confirmar o estadiamento pré-cirurgico.
Na maioria dos pacientes o trânsito intestinal é restabelecido no mesmo tempo cirúrgico, mas em alguns casos faz-se necessária a confecção de uma colostomia - que é uma ligação do intestino em uma abertura da parede abdominal permitindo a coleta das fezes.
Outros tratamentos incluem quimioterapia, radioterapia e, nos casos mais avançados, cuidados paliativos, nos quais procura-se aliviar sintomas e auxiliar o paciente e seus familiares nos aspectos psicológicos, sociais e espirituais relacionados ao processo de morte.