Médico infectologista diretor da divisão médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Tem residência Médica em Inf...
iA malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida por um mosquito que pertence ao gênero Anopheles. Apesar de picar durante todo o dia, o Anopheles tem atividade mais crepuscular, picando com mais intensidade durante o amanhecer e o anoitecer. Cinco espécies de protozoários do gênero Plasmodium podem causar a malária humana: P. falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi. A forma mais grave é causada pelo P. falciparum.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2012 tivemos 207 milhões de casos de malária no mundo, ocasionando 627 mil mortes. O Brasil faz parte dos 97 países onde ocorre transmissão da malária. Segundo dados de 2011 do Ministério da Saúde, tivemos aproximadamente 260 mil casos de malária, a maioria concentrada na região amazônica, com 69 óbitos neste ano. No Brasil, a maioria dos casos transmitidos se deve ao P. vivax, forma menos grave que o P. falciparum.
Quando uma pessoa vai frequentar uma área com alta chance de transmissão da malária, alguns medicamentos podem ser usados para tentar evitar a transmissão, como doxiciclina, atorvaquone-proguanil, cloroquina, mefloquina e primaquina. Alguns desses medicamentos não estão disponíveis para compra em farmácias no Brasil. Essa decisão de profilaxia medicamentosa deve ser tomada em conjunto com médico especializado na área de infectologia ou medicina dos viajantes, uma vez que antecedentes pessoais do paciente, uso crônico de medicações, roteiro e tempo de viajem são levados em conta para essa decisão. A profilaxia não é 100% eficaz e os medicamentos são iniciados quase sempre antes da viajem e mantidos até depois do retorno. Porém, é preciso lembrar que o mais importante para malária e tentar evitar ser picado pelo mosquito e contaminado pelo Plasmodium, seguindo todas as orientações de proteção já faladas em artigo anterior.
No Brasil é controversa a realização de profilaxia para malária nas áreas onde há transmissão da doença (Região Amazônica) uma vez que existe uma estruturada rede de diagnóstico e tratamento da doença, devendo ser bem avaliado todo roteiro do viajante. Não é incomum vermos estrangeiros em visita ao Brasil fora da região amazônica usando profilaxia de malária, conduta que não traz nenhum benefício e só causa o risco de efeitos colaterais da medicação.
Em relação ao tratamento da doença, notícias recentes mostram novas drogas sendo testadas para melhorar o tratamento da malária, como o uso da tamefoquina, que promete ser um tratamento de dose única. O Brasil faz parte do estudo que testa essa nova droga.