Título de Especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Mestre e Doutora em Infectologia...
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O que é Herpes labial?
O herpes labial é uma infecção viral e contagiosa causada pelo vírus do herpes simples. É caracterizada pelo surgimento de bolhas pequenas e doloridas nos lábios, gengivas, língua, céu da boca, interior das bochechas, nariz e, às vezes, se estendendo para o rosto, queixo e pescoço.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90% da população brasileira adulta já foi contaminada com o vírus do herpes, mesmo sem ter apresentado sintomas da doença. No mundo, as estimativas são de que 67% da população com menos de cinquenta anos tenha sido infectada pelo vírus causador do herpes labial, o que equivale a mais de 3,7 bilhões de pessoas.
Causas
A causa do herpes labial é, principalmente, a infecção pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1). Porém, o vírus do herpes simples tipo 2 (HSV-2), causador do herpes genital, também pode provocar herpes labial através do sexo oral desprotegido.
A transmissão do herpes labial acontece através do contato com a saliva ou mucosa de uma pessoa infectada pelo vírus. Portanto, as formas mais comuns de se pegar a doença são através do beijo, do uso compartilhado de utensílios (como copos, canudos ou talheres) e do sexo oral (se a pessoa tiver herpes genital, por exemplo).
O contágio acontece mesmo que a lesão não esteja ativa. Isso porque o vírus pode ficar um tempo inativo no organismo, período chamado de latência. Nesse momento, a pessoa infectada não apresenta sintomas, mas segue podendo transmitir a doença. Alguns fatores podem fazer com que o vírus seja reativado, causando sintomas aparentes, como exposição à luz solar intensa, estresse emocional, febre e queda no sistema imunológico.
Sintomas
Os principais sintomas do herpes labial são as bolhas que se formam agrupadas nos lábios, gengivas, língua, céu da boca, interior das bochechas e outras regiões próximas. O desenvolvimento dessas bolhas pode ser dividido em três estágios:
- Coceira: no início da herpes labial, muitas pessoas sentem uma sensação de coceira, ardor ou formigamento ao redor de seus lábios antes do aparecimento das bolhas;
- Bolhas: pequenas bolhas cheias de líquido geralmente surgem ao redor dos lábios, nariz ou bochechas;
- Cicatrização: as bolhas se rompem e formam crostas que iniciam o processo de cicatrização.
Além disso, as bolhas nos lábios podem vir acompanhadas de sintomas como:
- Dor ao movimentar a boca;
- Vermelhidão nos lábios;
- Ardência;
- Desconforto ao mastigar ou ingerir líquidos;
- Rachaduras nos lábios.
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O período de incubação do herpes labial varia entre dois e 26 dias. As lesões aparecem de quatro a seis dias após o contato, entretanto, a maioria das pessoas (80%) não desenvolve sintomas após a contaminação pelo vírus do herpes. Depois da primeira infecção (primária), o vírus do herpes permanece dormente (latente) no corpo e pode ser periodicamente reativado e causar sintomas.
Diagnóstico
Na maioria das vezes, os médicos conseguem detectar uma infecção pelo vírus do herpes simplesmente por meio do exame clínico, dando especial atenção às feridas. Se houver dúvidas, alguns exames podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico. Os mais utilizados são:
Os principais exames utilizados para o diagnóstico de herpes labial incluem:
- Exames de sangue para anticorpos de HSV (sorologia);
- Teste de anticorpo fluorescente direto das células extraídas de uma lesão;
- Cultura viral da lesão.
Fatores de risco
Os fatores que podem aumentar o risco do herpes labial aparecer incluem:
- Contato íntimo e compartilhamento de objetos com uma pessoa que tenha herpes labial
- Doenças que afetam o sistema imunológico tais como HIV/AIDS e câncer
- Sexo sem proteção
- Exposição ao Sol
- Menstruação
- Estresse;
- Outras infecções
É por isso, inclusive, que o herpes bucal é mais comum durante o verão. A exposição solar pode levar a uma queda na imunidade, condição que facilita a reativação do vírus. Para se prevenir, o uso de protetor labial é uma opção, mas não serve como garantia de que novas lesões não aparecerão.
Leia também: Quais são os riscos de beijar uma pessoa com herpes?
Buscando ajuda médica
Se o paciente apresentar os sintomas de herpes labial, é essencial procurar ajuda de um especialista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. Os especialistas que podem diagnosticar o herpes labial são:
- Clínico geral;
- Infectologista;
- Dermatologista.
Tratamento
Os sintomas de herpes labial, geralmente, desaparecem entre uma e duas semanas. Medicamentos tópicos e via oral podem ajudar a aliviar o desconforto causado pela infecção ativa, além de ajudar os sintomas a desaparecerem mais rapidamente. Veja as melhores opções a seguir para o tratamento de herpes labial:
Pomada para herpes labial
As pomadas para herpes labial são remédios antivirais tópicos que devem ser aplicados a cada duas horas. Elas auxiliam a reduzir o tempo de erupção das bolhas, em casos leves de herpes, e ajudam a diminuir o incômodo causado pelos sintomas.
Remédio para herpes labial via oral
Existe, ainda, a opção de utilizar remédio para herpes labial durante o tratamento da doença. De uso oral, o medicamento antiviral funciona melhor se for tomado durante uma reativação do vírus, durante os primeiros sintomas, antes do aparecimento das feridas.
Existem outras alternativas?
Compressas com loções antissépticas não agressivas podem ser feitas, tendo o cuidado de não retirar as crostas, pois pode haver sangramento e retardar a cicatrização.
Leia também: Especialista explica: herpes labial tem cura?
Medicamentos
Os medicamentos para herpes labial mais utilizados são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e evite se automedicar. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
O herpes labial não tem cura, uma vez que o vírus fica em estado de latência e pode ser reativado a qualquer momento. Contudo, os tratamentos ajudam a minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente com o diagnóstico.
Prevenção
Como a infecção pelo vírus do herpes é contagiosa, as pessoas com infecção dos lábios devem evitar beijar outras assim que sentirem o primeiro formigamento ou quando aparecer alguma bolha, até que a ulceração esteja totalmente cicatrizada. Além disso, essas pessoas não devem compartilhar utensílios, tocar nos lábios e fazer sexo oral.
Pessoas com herpes genital devem usar sempre preservativos, mesmo sem bolhas visíveis e sem sintomas, pois o vírus pode estar presente nos órgãos genitais e contagiar os parceiros sexuais. Os preservativos podem ajudar a reduzir o risco de contaminação pelo vírus herpes no sexo genital ou oral com uma pessoa infectada.
Também é importante evitar o compartilhamento de qualquer tipo de objeto ou item pessoal, como talheres, copos, toalhas, maquiagem ou escova de dente com outras pessoas.
Por fim, é importante que o paciente tome cuidado para não retirar as crostas das lesões, pois pode haver sangramento e retardar a cicatrização. Evitar exposição prolongada ao sol também é uma medida. O uso de hidratante labial com proteção FPS também pode ser útil para manter os lábios hidratados e evitar rachaduras.
Leia mais: Como prevenir as crises de herpes labial?
Complicações possíveis
O herpes labial pode levar a problemas se não for tratada corretamente. Entre as complicações possíveis, destacam-se:
- Recorrência do herpes labial (vários episódios durante o ano);
- Disseminação do herpes para outras áreas do corpo como os olhos;
- Infecções bacterianas secundárias na pele;
- Infecção generalizada (sepse), mais comum em indivíduos com algum tipo de doença de pele ou imunossupressão como portadores de câncer ou do vírus HIV;
- Cegueira caso o vírus atinja a mucosa ocular e não seja tratado.
Referências
Ana Célia Xavier, médica dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
Mayo Clinic
American Sexual Helth Association (ASHA)
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, Ministério da Saúde, 2016
Sociedade Brasileira de Infectologia
Manual MSD