Doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista e...
iUso de energéticos e suplementos para atividade física pode modificar a forma de o coração bater em vários aspectos. Apesar de apresentarem objetivos diferentes, ambos podem ser consumidos pela mesma população, em ambientes e doses não controladas.
Os energéticos geralmente são estimulantes à base de derivados de cafeína e taurina. Ambas as substancias são encontradas em cafés, chás, refrigerantes de cola e guaraná - só que em doses menores. Algumas latas de energéticos chegam a apresentar a concentração de 10 a 15 xicaras de café preto. A cafeína, além de manter a pessoa mais "acordada", também facilita algumas arritmias cardíacas, como palpitações e extrassístoles.
Além disso, o consumo dessas bebidas eleva discretamente a pressão arterial, que na presença de algumas arritmias geralmente ainda não detectadas (lembrem-se, ninguém faz eletrocardiograma até uns 50 anos de idade, em média) pode levar a sintomas como desmaios e até parada cardíaca. A maioria da população não apresenta essas doenças - mas, se acontecer com você, as estatísticas da população não fazem muita diferença, certo?
Os suplementos são uma coisa a parte. Alguns deles são feitos com reposição de aminoácidos e proteínas em doses muito acima do que uma dieta saudável pode trazer. Na maioria das vezes o corpo consegue aproveitar o que entra e expelir o excesso, geralmente pelo rim. Então, salvo uma sobrecarga renal (que aquando associada a muitos líquidos passa despercebida), os danos não são importantes.
E os queimadores de gordura, também conhecidos como fat burners? Estes merecem uma atenção especial. Geralmente vendidos associados a suplementos, os fat burners são aceleradores do metabolismo feitos à base de anfetamina, droga comprovadamente relacionada a mortes por arritmia, ou piora de função hepática e de pressão arterial.
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Tanto os fat burners quanto os suplementos importados (que não usam a chancela da ANVISA) são vendidos no mercado negro com facilidade. É bom lembrar que em outros países não há regulamentação rígida sobre presença de substâncias não listadas na fórmula. E o que acontece: as empresas inserem anabolizantes em baixas doses e não listam nos ingredientes. O resultado superior em ganho de massa de alguns "importados" pode vir daí. E os efeitos colaterais (dentre eles impotência, queda de cabelo, espinhas, lesão hepática e problemas graves de colesterol) aparecem depois do uso contínuo.