Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981), doutorado em Ginecologia, Obstet...
i Antes de começarmos a falar sobre menstruação, temos que esclarecer alguns pontos. Os ciclos menstruais iniciam na adolescência, que é um marco do final da infância para o começo da vida adulta, terminando na menopausa. Neste texto falaremos, portanto, sobre este período reprodutivo da mulher sem considerar gravidez, pós-parto, e amamentação, que merecem textos a parte.
O cérebro é que controla ciclicamente os ovários, que respondem produzindo hormônios que, por sua vez, agem no útero e outros órgãos. Existe, portanto, um eixo: cérebro, ovários e útero, que de uma forma harmônica coordenam os ciclos menstruais.
A menstruação é composta de sangue junto com a descamação do tecido que envolve a cavidade do útero, que se desprende uma vez que não ocorreu a fertilização do óvulo. Consideramos uma menstruação normal com os seguintes parâmetros: duração entre dois a sete dias, intervalo a cada 21 a 35 dias (nas adolescentes até 45 dias), um volume aproximado de até 80 ml por ciclo, não mais que um absorvente grande por hora ou tampão a cada duas horas.
Podem ocorrer falhas consideradas normais de até 90 dias depois dos ciclos regulares, sem que haja gestação. Qualquer alteração para mais ou para menos na quantidade e/ou intervalo deve ser investigada quando persistir por mais de dois ciclos consecutivos.
O útero é um órgão muscular, muito irrigado, com capacidade de crescer até 1.000 vezes para suportar uma gestação, de contrair, expulsar o feto e de retornar às condições iniciais para uma nova gestação. Ele depende de inúmeros hormônios para seu desenvolvimento e funcionamento. Por esta incrível capacidade e potencial, ele pode apresentar alguns problemas. Os Sangramentos Uterinos Anormais (SUA) na maioria das vezes não se acompanham de outros sintomas e é a queixa mais frequente nos consultórios.
As causas destes sangramentos anormais podem ser divididas em:
- Causas Uterinas (estruturais): pólipos, miomas, adenomiose (endometriose na espessura da parede do útero), hiperplasias/câncer endométrio
- Causas Não Uterinas (não estruturais): coagulopatias (alteração na coagulação), disfunção ovariana (hormonais), endometrial (infecções), iatrogênicas (medicamentos, hormônios, DIU, pílulas usadas erradas)
- Outras causas (alterações vasculares e outras doenças).
Devemos lembrar que muitos sangramentos não têm origem uterina, mas de outras partes como: colo uterino, vagina, trauma, gravidez, urinários, intestinais.
Muitas vezes, encontramos causas de SUA que se sobrepõem (associadas) e devemos investigar por exames: clínico, de sangue, hormonais, ultrassonografia, entre outros, para sermos mais certeiros no diagnóstico, tratamento e acompanhamento destas pacientes.
É muito comum a queixa de menstruação irregular após uso de pílula do dia seguinte. Ela causa uma turbulência hormonal que se reflete em sangramentos irregulares. Parênteses: vamos falar sério, tem mulheres usando estes medicamentos hormonais contraceptivos de uso de exceção como rotina para evitar a gravidez..
Além destas alterações, os miomas e pólipos são causas mais comuns de sangramentos intensos, crônicos e que podem levar à anemia.
Saiba mais: Suspenda sua menstruação
Fica a dica: todo sangramento fora da normalidade persistente, deve ser investigado. Ele é o efeito de algum problema (não causa) e demonstra que algo não vai bem.