Bacharela em Fonoaudiologia pela PUC-SP desde 1987. Atua no Conselho Regional de Fonoaudiologia: 4348/5-SP. Pós-graduada...
iOs efeitos negativos do cigarro sobre a voz e sobre a saúde da laringe como um todo são inegáveis. O ato de fumar está associado a alterações na qualidade vocal, irritações da laringe, câncer e outras alterações dos tecidos.
Apesar do aumento das políticas públicas que visam combater o tabagismo, o cigarro continua sendo a principal causa de mortes evitáveis em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o cigarro causa seis milhões de mortes no mundo por ano, a maioria em países de baixa e média renda. Além disso, a OMS alerta que, se essa tendência se mantiver, o número de mortes ligadas ao fumo deve aumentar para oito milhões ao ano em 2030 - e 80% desses óbitos deverão acontecer nos países mais pobres.
Um fumante de 30 anos de idade tem sua expectativa de vida diminuída em 18 anos. Fumantes que morreram entre os 35 e os 69 anos perderam, em média 22 anos de vida por causa do tabaco.
A fumaça e o alcatrão dos cigarros, charutos e cachimbos ressecam o trato vocal, causando irritação do revestimento mucoso das vias aéreas, indispensável para qualidade vocal.
As pregas ou cordas vocais, quando agredidas pelo calor e os mais de cinco mil tipos de substancias tóxicas advindas do cigarro apresentam depósito de secreção ao longo de toda a extensão, levando ao aparecimento do pigarro.
Isso se deve tanto pela própria fumaça e componentes, como pelo fato das células ciliadas, presentes nas bordas das cordas vocais e importantíssimas para renovação do muco que a recobre, pararem de se movimentar por uma hora a cada cigarro utilizado. Diante desse quadro, a tosse e pigarro frequentes ocorrem em resposta à irritação da mucosa, sendo causados pelos agentes nocivos e pelo calor das substâncias inaladas pelo tabagista.
As cordas vocais funcionam como aparadores de impurezas ao longo da laringe, favorecendo assim a instalação de alterações laríngeas diversas como edemas, pólipos, hiperplasias, displasias e câncer. Se o sistema respiratório estiver comprometido, haverá uma modificação na produção da voz. Alguns fumantes apresentam pregas vocais polipóideas flácidas que resultam em disfonia (voz comprometida) significativa.
Mesmo na ausência da patologia laríngea, os efeitos do fumo sobre a função pulmonar são suficientes para produzir uma ampla alteração na voz.
Há evidências de que fumar cigarros relaciona-se intimamente ao câncer de laringe. A maioria dos indivíduos com carcinoma laríngeo tem história de fumo durante longo tempo de sua vida. Condições pré-cancerosas como leucoplasia e hiperceratose também estão intimamente ligadas ao fumo.
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Conhecida pela sigla ETS (Environmental Tobacco Smoke), a fumaça ambiental do tabaco é formada principalmente (até 85%) pela fumaça desprendida da ponta acesa de um cigarro e é também exalada pelo fumante.
Referências
EFEITOS DO TABACO NA LARINGE E NA VOZ, RENATA DINIZ ROCHA, tese de mestrado.