Redatora especializada em saúde, bem-estar, alimentação e família.
Na certa você já viu a foto do vestido que está colocando a internet em choque essa semana. A grande discussão é sobre as cores do vestido: enquanto algumas pessoas veem uma peça azul e preta, outras enxergam branco e dourado. Mas como isso é possível com cores tão diferentes?
O oftalmologista Anibal Mutti, do Hospital 9 de Julho, explica que para entender esse fenômeno é necessário primeiro saber como nosso cérebro recebe e interpreta as cores que enxergamos nos objetos. "A retina, porção do olho responsável por captar a imagem, possui dois grupos de células: os bastonetes e os cones", diz. Os cones são as células responsáveis pela nossa percepção das cores, sendo que nossos olhos possuem cones vermelhos, azuis e verdes. No entanto, cada pessoa carrega porções diferentes de cada tipo de cone, gerando percepções diferentes. "Por exemplo, uma placa que você considera vermelha pode ser vista como marrom ou rosa por algumas pessoas, justamente pela diferença na proporção dos cones e como cada cérebro recebe as informações", completa Anibal.
Contudo, essa variação de cores entre as pessoas é muito sutil, individual e normal, sem indicar qualquer tipo de distúrbio ou doença, como daltonismo. No caso da fotografia, o oftalmologista conta que o vestido possui tonalidades no limite entre o cinza, o azulado, o branco e o dourado - e que esse limiar pode se apresentar de maneira diferente para cada um conforme a percepção de cores.
Outro ponto levantado pelo especialista diz respeito à forma como nosso cérebro recebe e interpreta a luz que entra pela nossa retina. Duas pessoas podem fazer uma leitura diferente do mesmo objeto com base não só na luz que está sendo lançada sobre ele, mas também do quanto de luz é refletida pelo objeto. Isso quer dizer que o cérebro pode interpretar um vestido refletindo menos luz (preto e azul), ou refletindo mais luz (branco e dourado). "Uma justificativa para isso são pessoas que viram cores diferentes conforme a luz da tela no computador ou celular, bem como a posição dos olhos com relação à tela no momento", lembra o especialista. Mesmo uma sutil diferença na incidência da luz pode mudar o limiar de sensibilidade das células da retina.
Pode ser estresse?
Foi discutida a possibilidade de as pessoas enxergarem cores diferentes com base em seu estado emocional. "De fato a percepção das cores pode variar por conta de alterações hormonais, metabólicas e até por carência de vitaminas", ressalta o oftalmologista Anibal. "Mas um quadro agudo de estresse ou tristeza não mudaria essa percepção tão rapidamente - o estresse prolongado, talvez, causasse alterações."