Cirurgião-geral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Universidade de São Paulo (USP). É...
iA obesidade é uma doença crônica e progressiva e tem nas operações bariátricas um tratamento eficaz a longo prazo para seu controle. Como na hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e mesmo em oncologia, consideramos "obesidade não controlada" o termo adequado para aqueles enfermos que não atingem sua meta de perda ponderal a curto e médio prazo, com o mesmo raciocínio para as doenças crônicas acima citadas. Por exemplo, quando um paciente não tem seu diabetes tipo 2 controlado não simplesmente "reganha" sua doença enquanto está sendo tratado corretamente, igualmente ocorre com a obesidade que é uma doença crônica com diversas características que podem dificultar seu controle.
Naqueles que não conseguem atingir perda de peso maior que 20% de seu peso total nos primeiros 6 meses de pós-operatório (menos de 0,5% dos pacientes) caracterizamos obesidade não controlada, enquanto que aqueles que perdem acima de 20% de seu peso total nos primeiros 6 meses (98,5%) chamamos de portadores de obesidade controlada. Além disso, os pacientes que ficam entre 10 e 20% de perda em 6 meses, chamamos de portadores de obesidade parcialmente controlada. Devem ser considerados em conjunto com a definição de controle da obesidade:
- Satisfação do paciente com o resultado obtido
-
Melhora da doença associada, como diabetes por exemplo, independentemente da perda ponderal (mecanismos independentes da perda de peso).
Já a longo prazo, como a grande maioria dos seres humanos, por diversas razões fisiológicas, pode ocorrer algum ganho do peso perdido. A genética associada a vários fatores ambientais e pessoais favorece-nos ao ganho ponderal com o passar da vida.
Portanto, a longo prazo após cirurgias bariátricas, podemos definir reganho de peso controlado aquele indivíduo que reganha 20% ou menos de seu peso perdido, enquanto que reganho excessivo é o que reganha 50% do peso perdido. As causas de não controle pós-operatório são classificadas em fatores ligados ao paciente (comportamentais e biológicas) e aquelas relacionadas às técnicas cirúrgicas.
Algumas técnicas operatórias tem inquestionavelmente relação com não controle da obesidade e com reganho excessivo a longo prazo. Em ordem crescente de relação com não controle da doença e reganho de peso a longo prazo, as operações malabsortivas (switch duodenal e derivação bileo pancerática à Scopinaro) são as que tem menos incidência de não controle e reganho, seguida pela derivação gastro jejunal em Y de Roux (bypass gástrico) e finalmente as operações com predomínio da restrição de ingestão alimentar: a gastrectomia vertical e banda gástrica ajustável, esta última a de menor efetividade.
Apesar das operações malabsortivas terem melhores resultados em relação à perda de peso, elas são pouco realizadas pelo índice relativamente alto de complicações nutricionais que elas acarretam no pós-operatório. Assim sendo, a derivação gastro jejunal em Y de Roux (bypass gástrico) ainda é a operacão que tem melhores resultados a médio e longo prazo, relativos à perda ponderal e controle das doenças associadas e sem grandes complicações depois das cirurgias, seguida pela gastrectomia vertical.
As condutas a serem tomadas em casos de reganho de peso variam de acordo com as causas citadas acima e compreendem a avaliação do endocrinologista e da equipe multidisciplinar para auxiliar em mudanças comportamentais ou indicação de reoperação como conversão para outra técnica, correção de eventuais complicações, etc.