Médica ginecologista especialista em Endoscopia Ginecológica titulada pela FEBRASGO, também professora de Yoga...
iUm sangramento de coloração mais escura muitas vezes preocupa a mulher. Mas, na maioria das vezes, é normal. A coloração escurecida do sangue, mais marrom do que vermelho, tem relação com a quantidade de sangue e a velocidade com que o este sai do útero e chega ao ambiente externo. Então, quando sangramos em menor quantidade, esse sangue demora mais para chegar ao exterior do corpo e ao longo do caminho vai escurecendo.
Isso é comum no começo do fluxo menstrual de cada mês e no final. Algumas mulheres que usam anticoncepcionais e passam a sangrar em menor quantidade por efeito do hormônio podem menstruar apenas poucos dias com sangue mais escuro. Isso não é problema.
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Agora acho que vale a pena falarmos um pouco do que consideramos sangramento uterino anormal, porque é uma queixa ginecológica comum, corresponde a um terço das consultas a ginecologistas. Pode ser causada por uma ampla variedade de doenças ou relacionada com o uso de medicamentos. As causas mais comuns em mulheres não grávidas são problemas do útero (por exemplo, miomas, pólipos endometriais, adenomiose), além de questões hormonais como a anovulação, distúrbios da coagulação do sangue, ou até câncer. Não podemos esquecer do escape, situação que acontece quando a mulher que usa anticoncepcional sangra no meio da cartela. Isso pode acontecer durante a fase de adaptação da medicação, mas em alguns casos, é preciso rever a dose.
A importância de cuidar de mulheres com sangramento uterino anormal relaciona-se com o grande impacto na qualidade de vida, produtividade e utilização de serviços de saúde por essas mulheres.
Mas o que é sangramento uterino anormal?
Qualquer mudança na quantidade, duração ou periodicidade da menstruação para mais ou para menos. Também sangramentos não relacionados ao ciclo menstrual, ou seja, sangramentos a qualquer momento, relacionados a relações sexuais ou não.
Em uma mulher com queixa de sangramento anormal, várias questões devem ser respondidas. Iremos pedir para mulher descrever o sangramento, desde quando, quanto tempo durou, a quantidade entre outras perguntas. Perguntaremos sobre histórico de doenças, gestações tipo de parto, medicações que usa e muito mais.
Mulheres que têm cesáreas podem ter sangramento por conta de cicatriz, chamado pós-menstrual. Ou seja, a mulher tem o período menstrual normal, passa um ou dois dias sem sangramento e depois apresenta um pequeno sangramento, em geral, amarronzado. Esse problema, conhecido como istmocele, pode até provocar dificuldade para ter uma próxima gestação.
Se há sangramento relacionado ao coito, devemos pensar em doenças do colo do útero, mas também é preciso pensar em lesões em qualquer parte da vulva e vagina. Doenças sexualmente transmissíveis (DST) estarão entre as possíveis causas e também a secura genital, comum na menopausa.
Depois de exame externo, exame especular para observar a vagina e o colo do útero e o toque vaginal que nos permite também uma primeira avaliação do útero e dos ovários, partimos para exames complementares.
Na maioria dos casos, além do Papanicolau, iremos precisar do ultrassom pélvico. Quando há suspeita de doenças do colo do útero ou vagina e vulva faremos colposcopia e ou vulvoscopia.
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Se o ultrassom sugere alteração na camada interno o endométrio, precisaremos realizar a histeroscopia. Tanto na colposcopia, vulvoscopia quanto na histeroscopia, se encontrarmos lesão suspeita, será feita biópsia, pois alguns canceres genitais podem se apresentar como sangramento anormal.
Portanto, o melhor é procurar o ginecologista a qualquer sangramento anormal para uma avaliação.