Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iDiferente do homem, que tem sua trajetória de vida acontecendo de forma gradual e lenta, as mulheres têm dois momentos muito bem delimitados ao longo dos anos: menarca (primeira menstruação) e menopausa (última menstruação).
As mulheres são dotadas de extrema variabilidade hormonal, alternando-se ciclos de estrógeno e de progesterona de forma sequencial, o que por vezes torna a nossa vida e nosso humor uma verdadeira montanha russa.
A menopausa é um processo de início lento, começando por um conjunto de sintomas chamado climatério, que ocorrem por volta dos 40 anos: a menstruação começa a ficar irregular, ocorre ganho de peso na região abdominal, aumento das medidas na cintura e também os famosos fogachos. Brinco com as pacientes que ficamos parecidas com a "Mulher Tocha". Quando a menstruação cessa definitivamente, chamamos de menopausa.
Este percurso entre climatério e menopausa não é um processo brusco - as mudanças são lentas, tanto emocionais quanto físicas. Considero a mais contundente delas o ganho de peso. Durante a menopausa ganhamos de presente a capacidade de engordar um quilo por ano, sendo muito difícil perdê-los - verdadeiro presente de grego!
Tendo em vista que esse é um processo do qual as mulheres não conseguem fugir, é um momento importante para iniciarmos de forma mais rígida aqueles controles dos quais estamos sempre tentando escapar e que realmente amenizam os sintomas desagradáveis:
- Alimentação correta e adequada, com maiores quantidades de peixe, verduras verde escuras e brotos como o de feijão, alfafa e bambu. Esses alimentos são ricos em ômega e em fitoestrógenos (hormônios vegetais)
- Diminuir a ingestão de gorduras, chocolates, doces e dar preferência a frutas frescas
- Praticar atividade física moderada, constante
- Enfim todos os cuidados que esquecemos quando em plena atividade.
Tendo em vista tratar-se de um evento definitivo, medidas terapêuticas/medicamentosas devem ser assumidas para que essa passagem seja suave. Não existe contra indicação para o tratamento homeopático durante o climatério, menopausa e após essa. Aliás, melhor do que tratamento é o acompanhamento, tendo em vista que não há qualquer doença. A reposição hormonal com estrógenos sintéticos deverá ser avaliada caso a caso. Lembrar que os hormônios sintéticos podem ocasionar aumento de quadros de insuficiência venosa (varizes e trombose venosa) e de alterações mamárias. Por isso, é importante investigar antecedentes familiares de neoplasia mamária antes de iniciar o tratamento.
O uso de homeopatia visa diminuir as expressões e manifestações tão desconfortáveis deste período. Quando falamos de homeopatia, vale lembrar sempre dos "quatro pilares da homeopatia":
- 1) Experimentação: todo remédio homeopático é obtido após experimentação
- 2) Lei da Semelhança: procuramos, dentro da experimentação, o remédio mais semelhante à sua doença
- 3) Remédio Único: o ideal é um remédio único para tratamento
- 4) Doses Mínimas: Hahnemann, pai da homeopatia, considerava o paciente "fragilizado" pela doença e, portanto, deveria ser medicado com muito cuidado. Por isso as doses mínimas.
Então estamos em busca de um medicamento que contemple a maior parte dos sintomas decorrentes desse período:
- Tendência a acúmulo de gordura
- Fragilidade óssea com perda de massa óssea (osteopenia)
- Fragilidade também psíquica: mais chorosa, mais tendência a isolamento
- Calores principalmente durante a madrugada
- Insônia ou hipersonia
- Ressecamento de pele e de secreções genitais
- Dores articulares
- Tendência a proliferação de tecidos (nódulos, miomas verrugas)
Muito difícil encontrar um remédio único para tudo isso. Procuramos dentro da Lei da Semelhança medicamentos que comtemplem o que ocorre a cada paciente, e a partir daí fazemos a individualização - pois cada mulher tem seus próprios sintomas. De forma geral pelo menos como eu trato, a paciente não sai da consulta com remédio único. Existem medicamentos de ação importante neste período, como a Sepia Succus, a Lachesis e o Natrum muriaticum, além dos extratos feitos de órgãos como o Ooforinum e o Foliculinum, que fazem parcial substituição dos extratos hormonais não mais produzidos pelo corpo feminino. Essa é a razão da administração de remédio único ser tão complicado, pois podemos também fornecer através da homeopatia o que o corpo não mais produz. Desta forma minimizamos os efeitos da falta de produção.
Saiba mais: De bem com a menopausa
Nossa! Quanta coisa. Isso tudo faz parte de nossa mudança corpórea para podermos nos aventurar em outras atividades. Na senescência temos o desabrochar de muitas artistas, pintoras, musicistas, jardineiras e somos cuidadoras de netos. Só coisas boas.