Graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1982), com residência médica em Cirurgia Geral n...
iO medo, o preconceito, o constrangimento e o desconhecimento que rondam a realização do exame de toque de próstata não devem superar os cuidados com a saúde do homem. O mais importante é lembrar que a detecção precoce do câncer de próstata pode significar a cura da doença. Alguns pacientes podem apresentar o PSA (Antígeno Prostático Específico, exame que detecta o câncer de próstata) dentro da normalidade para o volume da próstata e sua idade, porém, a realização do toque retal pode detectar alterações na glândula como, por exemplo, nódulo ou área suspeita de doença pelo endurecimento percebido à palpação, levando à suspeita de câncer de próstata. Nesta situação o paciente deve realizar a biopsia da próstata, podendo confirmar-se ou não o diagnóstico.
Estima-se que até 20% dos casos diagnosticados de câncer de próstata apresentam toque alterado, sem alteração do PSA e, cerca de 70% dos pacientes ficam curados com o tratamento do câncer de próstata quando a detecção da doença é feita na sua fase inicial. Por esta razão, a realização do exame, que dura poucos segundos e não causa dor, é imprescindível para o diagnóstico da doença
Deve-se, ainda, investigar doenças pregressas que ocorreram ao longo da vida do paciente como, por exemplo: doenças infecciosas do trato urinário, calculose renal, hiperplasia benigna da próstata, ou verificar se houve práticas esportivas como equitação e ciclismo. Isso porque qualquer doença ou trauma perineal e prostático que ocorra sobre a próstata pode causar aumento do PSA, mesmo que transitoriamente, criando uma falsa suspeita do câncer. Estes pacientes devem ser tratados de suas doenças de base ou devem suspender temporariamente as atividades esportistas para que seja realizado novo PSA, comprovando-se ou não a suspeita do câncer de próstata.
Outros exames
Além do PSA e toque, podem ser indicados outros exames na investigação do câncer de próstata como o exame de urina I, cultura e antibiograma de urina, ultrassom do trato urinário, e exames mais sofisticados como a ressonância nuclear magnética multiparamétrica. Alguns exames, ainda experimentais, como aqueles ligados à biologia molecular, estão sendo desenvolvidos e, com certeza, deverão entrar no arsenal diagnóstico do câncer de próstata. Obviamente, o médico deve indicá-los conforme as evidencias colhidas durante a anamnese e exame físico do paciente.
Em fase inicial a detecção precoce do câncer de próstata pode levar à cura, enquanto os casos detectados em estádio avançado podem comprometer o tratamento eficaz da doença. Hoje em dia a maioria dos pacientes é diagnosticada pela alteração do PSA, em torno de 70% nos países desenvolvidos, a ponto dos especialistas terem criado um estadio clínico especial, chamado de estadio T1c. Neste estagio, o diagnóstico é feito apenas pela alteração do PSA, mesmo quando o toque retal da glândula é normal. Ou seja, quando ambos exames estão alterados, há um aumento do risco de que o paciente seja portador do câncer de próstata.
A mídia vem tendo um papel fundamental no esclarecimento da população quanto à importância da prevenção do câncer de próstata. Esta mudança de atitude dos homens, realizando os exames preventivos, promoveu a cura de muitos pacientes pelo tratamento precoce da doença. Quando o paciente é convencido do benefício dos exames, com certeza, pode-se diagnosticar a doença numa fase em que há grandes chances de cura da doença.