Médica Endocrinologista formada pela UNISA em 1993. Doutorado em endocrinologia pela FMUSP. Médica fundadora do Ambulató...
iHá tempos, a obesidade deixou de ser questão de estética e passou a ser considerada problema de saúde pública, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são 38,8 milhões de pessoas com 20 anos ou mais de idade que estão acima do peso, o que corresponde a cerca de 40% da população total do País. Dentro deste grupo, estima-se que 1 milhão de pessoas sofra de obesidade mórbida, isto é, apresentam índice de massa corporal (IMC) superior a 40.
Quando uma pessoa está inserida neste quadro, torna-se mais sujeita a desenvolver problemas como: a diabetes tipo 2, doenças cardíacas, pressão alta, infarto, cálculo biliar e doença na vesícula biliar. Além disso, doença no fígado, nas articulações principalmente a osteoartrite e gota, problemas pulmonares incluindo apnéia do sono e no sistema reprodutivo das mulheres. Sem contar, é claro, os inúmeros transtornos psicológicos.
Uma das alternativas para o seu tratamento, no entanto, são as cirurgias,
que só devem ser adotadas em último
caso, quando o paciente já não responde mais as dietas ou tratamentos medicamentosos. Porém, é importante destacar que essa opção é apenas um passo para tratar da obesidade e não uma fórmula mágica onde o paciente irá emagrecer da noite para o dia. Emagrecer é uma conseqüência do procedimento cirúrgico. Manter o peso, entretanto, é um trabalho que requer comprometimento e disciplina.
Após a cirurgia, o paciente precisa iniciar imediatamente um acompanhamento multidisciplinar no pós-operatório, a fim de minimizar e/ou prevenir todos os potenciais efeitos negativos do procedimento em longo prazo. Este processo dever envolver especialistas da área de endocrinologia, psicologia, nutrição, de atividades físicas e de medicina do estresse, que juntos irão promover o bem-estar físico e emocional dos pacientes bariátricos.
Os resultados, positivos ou não, também são conseqüência da motivação de cada paciente para seguir as instruções do pós-operatório. Para isso, ele precisa se conscientizar da importância de aliar modificações de comportamento com novos padrões alimentares, atividade física regular, melhora do sono e do estresse. A adesão à programas de acompanhamento pós-operatório tardio, além de melhorar o resultado em relação à perda de peso, também ajuda na manutenção de um correto estado nutricional após o emagrecimento.
Embora a cirurgia bariátrica esteja se tornando cada vez mais comum e acessível às pessoas, dados apresentados no último congresso da American Society of Bariatric Surgery (ASBS) apontam para cerca de 20 mil procedimentos/ano no Brasil, acho importante lembrarmos que a evolução dos medicamentos que auxiliam no
tratamento da obesidade mórbida pode,
futuramente, diminuir a procura por estes procedimentos. Basta recordamos do que ocorreu com a úlcera. Até uns 15 anos atrás elas eram tratadas apenas com cirurgias. No entanto, estes procedimentos são raramente necessários hoje em dia já que o tratamento com medicamentos o é muito eficaz. Daí a necessidade de avaliarmos individualmente a técnica cirúrgica que será usada.
Os tipos de cirurgias bariátricas:
Restritivas: banda gástrica ajustável
Mistas: Bypass em Y de Roux
Disabsortivas: scopinaro ou duodenal switch
Outra técnica que vem despertando discussões entre os especialistas da área é a chamada cirurgia de diabetes. Nela, é feito um desvio do alimento de forma a evitar a primeira parte do intestino. Isso faz com que o organismo produza uma substância chamada GLP1, que estimula o pâncreas a produzir insulina. No entanto, não há estudos suficientes que mostrem que os resultados perdurem a médio e a longo prazo, mesmo após uma mudança física irreversível.
Você faria ou já fez a cirurgia bariátrica?