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Quem tem diabetes precisa se preocupar em manter a glicemia controlada, pois isso é uma grande indicador que a própria doença está sob controle o que, por sua vez, garante muito mais qualidade de vida para o diabético. Algumas atitudes evitam (e muito) as oscilações da glicemia. Médicos e nutricionistas apontam quais são elas a seguir:
Manter o peso controlado
Todo paciente diabético, independentemente se é do tipo 1 ou 2, se beneficia do controle de peso. ?E serve tanto para manter a glicemia estável quanto para evitar as famosas comorbidades, que é quando a pessoa apresenta duas ou mais doenças associadas, por exemplo diabetes e hipertensão?, explica o endocrinologista Mateus Dornelles Severo, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Não é à toa que um dos fatores de risco do diabetes tipo 2 é o excesso de peso e a obesidade, especialmente quando há depósito de gordura na região abdominal. A gordura afeta diretamente a produção de insulina, o hormônio que regula a entrada de glicose (açúcar) nas células e por consequência mantém a glicemia controlada, evitando que as funções do organismo, principalmente fígado, pâncreas e rins, entrem em pane.
"Por outro lado, pacientes com o tipo 1 que não cuidam da alimentação acabam ganhando muito peso, o que aumenta a necessidade de insulina e predispõe ao surgimento de hipertensão e distúrbios dos lipídios, como o triglicérides aumentado", explica Mateus.
Prefira carboidratos de baixo índice glicêmico
Os carboidratos com baixo índice glicêmico são absorvidos de maneira mais lenta pelo organismo. "A escolha correta dos carboidratos ajuda a evitar elevações súbitas da glicemia após as refeições, o que também irá demandar menos insulina do organismo", aconselha Mateus.
Em geral, quanto mais fibras e água compõe os alimentos do grupo de carboidratos, mais baixo é o índice glicêmico deles. "Além disso, são alimentos que também ajudam na perda de peso pois aumentam a sensação de saciedade justamente por evitarem os picos de insulina na corrente sanguínea", aponta a endocrinologista Andressa Heimbecher.
Fazem parte deste grupo de baixo Índice glicêmico os cereais integrais (chia, aveia, arroz, pães e massas integrais), legumes (batata doce, abóbora, brócolis, cenoura) frutas (pera, morango, maçã, abacate, banana).
A especialista ainda acrescenta uma dica certeira de cereal. "Segundo as pesquisas, a aveia tem propriedades comprovadas de aumento de saciedade, pois é rica em ácido fólico e fibras. Quando incluímos a aveia na alimentação, ela ajuda a eliminar mais gordura da região abdominal", completa Andressa. Isso acontece porque quando as pessoas consomem carboidratos que não são integrais, como açúcares, farinha branca e derivados, o organismo libera uma quantidade maior de insulina, e a consequência é o estoque de gordura no abdômen. A aveia, de forma oposta, faz com que o nível de insulina no organismo aumente de forma gradual.
Respeite os horários das refeições
Manter uma rotina alimentar regrada é uma das chaves para evitar oscilações da glicemia. É importante que o paciente diabético siga os horários das refeições sempre considerando três grandes refeições (café da manhã, almoço e jantar) e pequenos lanches entre eles com no mínimo 2 horas de intervalo.
"Não dá certo pular o almoço num dia e, no outro, almoçar uma macarronada, especialmente para quem usa insulina ou medicamentos que possam causar hipoglicemia", diz Mateus. Além disso, quem passa muitas horas em jejum (4, 5 horas ou mais) também irá sobrecarregar o organismo com a produção de insulina.
Fazer o monitoramento regular da giclemia
Quanto mais o paciente monitora os níveis de glicose, mais fácil fica perceber descompensações e, por sua vez, evitar mal-estar e complicações. Realizar o monitoramento com o glicosímetro (medidor de glicose) diariamente vai indicar se o açúcar está sob controle ou se há sinais de hipo ou hiperglicemia. O ideal é fazer as medições em jejum, antes e depois das refeições.
Os valores de referência de glicemia recomendadas para diabéticos adultos são:
- Glicemia de jejum: maior do que 70mg/dl e menor do que 110 mg/dl
- Glicemia antes de comer (pré-prandial): maior do que 70mg/dl e menor do que 110 mg/dl
- Glicemia duas horas depois de comer (pós-prandial): maior do que 70mg/dl e menor do que 140 mg/dl
"Os testes antes das refeições ajudam a ajustar a dose da insulina rápida ou ultrarrápida, permitindo assim correção da dose sempre que necessário", explica o endocrinologista Mateus.
Pratique atividades físicas regulares
Atividades físicas são importantíssimas para manter o bom controle glicêmico especialmente no paciente diabético tipo 2. Contudo, antes de começar o exercício, vale conversar com o médico endocrinologista e o educador físico para individualizar o treinamento às suas necessidades. "De uma maneira geral, é importante comer antes do exercício além de se manter bem hidratado. Em alguns casos também é necessário consumir uma fonte de carboidratos (frutas) durante o exercício ou fazer ajustes na dose da insulina", sugere Mateus. Converse com seu médico sobre isso. Os níveis de glicemia também devem ser checados antes e ao final da atividade física.
A Sociedade Americana do Coração recomenda a prática de exercícios por 30 a 60 minutos diários, num saldo de 150 minutos na semana. "Além disso, uma boa dica é incluir as atividades físicas não programadas no seu dia a dia, como andar ao invés de dirigir, fazer jardinagem, subir escadas, descer um ou dois pontos de ônibus antes e andar. Cada caloria gasta conta", orienta Andressa
Siga os conselhos do seu médico
A melhor forma de prevenir as alterações da glicemia é investir em alimentação saudável, praticar atividades físicas regulares, seguir a medicação corretamente e fazer o monitoramento diário com o glicosímetro. "Pacientes de diabetes que dependem da insulina correm o risco de usar doses altas demais e com isso acabar tendo uma hipoglicemia", explica o endocrinologista Mateus Dornelles Severo. Por isso, é fundamental seguir as orientações médicas para o ajuste de todos os itens: medicação, dieta e exercícios. Aliás, ficar desatento à prescrição dos médicos e fazer alterações na rotina de medicamentos por conta própria pode causar problemas sérios. "Um dos grandes perigos é a automedicação?, alerta a endocrinologista Rosa Paula Mello Biscolla, do Fleury Medicina e Saúde. "A cortisona, por exemplo, aumenta os níveis de glicose no sangue".