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Se você ficou intrigado com palavras como radicchio e chucrute talvez seja porque não mora na região Sul do Brasil. Por lá, não há uma pessoa que desconheça o sabor desses alimentos e suas diversas formas de consumo. Topa dar uma chance aos conhecimentos culinários de gaúchos, paranaenses e catarinenses? Podemos garantir que vale a pena!
E para quem ainda duvida, é bom saber que a região Sul do Brasil é referência em alimentação saudável. "De acordo com dados do Ministério da Saúde, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão acima do índice nacional em relação ao consumo diário de frutas e hortaliças, dois dos alimentos mais ricos e importantes da nossa nutrição alimentar", explica a nutricionista Paula Crook, da Patrícia Bertolucci Consultoria em Nutrição.
Além de hábitos de consumo geral mais saudáveis, a região Sul também é ferrenha defensora de alguns alimentos não muito populares no restante do País, mas que se consumidos adequadamente podem fazer bem à saúde. É nessa categoria que entram o radicchio, hortaliça da família da chicória, e o chucrute, que nada mais é do que repolho fermentado com bactérias benéficas para o seu organismo.
Listamos os alimentos do Sul que mais favorecem uma vida saudável, e como consumi-los para conseguir esses benefícios! Confira:
Pinhão
Esse só em época de festa junina, certo? Errado. Os sulistas consomem pinhão em muitas outras ocasiões. O ideal é cozinhar o alimento, mas até farinha e pudim de pinhão têm espaço na dieta dos sulistas. A farinha pode, por exemplo, ser usada no lugar da farinha branca no preparo de pães e bolos. Criatividade é a palavra de ordem aqui.
"O pinhão é uma excelente fonte de carboidratos", pondera o nutrólogo Roberto Navarro. Além disso, ele é rico nos aminoácidos arginina e leucina, que aumentam o vigor físico e são muito importantes para quem quer conquistar mais força muscular.
Mas mesmo que o pinhão seja um bom alimento, não está liberado comer um balde por dia. É preciso bom senso na hora de decidir pela quantidade. "Cerca de 10 unidades de pinhão possuem aproximadamente 130 kcal que, portanto, poderia figurar como um pequeno lanche", alerta a nutricionista Clarissa Fujiwara, coordenadora de Nutrição da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Erva-mate
Mora no Sul, vai visitar o Sul ou vai apenas passar pelo Sul? Tenha certeza absoluta que você, em algum momento, vai experimentar o chimarrão. É praticamente impossível não provar a bebida, tão típica e tão amada na região.
E isso é muito bom porque o principal componente do chimarrão, a erva-mate, é riquíssima em benefícios. "Ela possui uma gama de compostos antioxidantes, como os polifenois, responsáveis por proteger organismo frente ao dano de radicais livres, que causam o envelhecimento celular", explica Clarissa.
Nem precisava, mas a erva-mate ainda tem um adicional: também ajuda na redução dos níveis de colesterol LDL, aqueles relacionados a problemas cardiovasculares.
O problema da erva-mate está em consumi-la muito quente, como ocorre no chimarrão, mas não é por isso que você vai colocar a bebida de lado. Nada disso.
"Sabemos que bebidas quentes podem causar alterações na mucosa do esôfago e predispor a um câncer, como mostrou estudo recente da Organização Mundial da Saúde", considera Navarro. O nutrólogo explica que você pode fazer a infusão da erva quente, mas o ideal é esperar esfriar para consumir abaixo de 60 graus.
Chucrute
A palavra é bem curiosa, mas é só comida mesmo. O chucrute nada mais é do que o repolho fermentado. Esse modo de prepará-lo ajuda a conservar seus nutrientes e ainda adiciona novas propriedades.
"Durante o processo de salga e fermentação, os números e as variedades de bactérias benéficas aumentam significativamente", explica Paula Crook. Isso ajuda a tornar o chucrute um probiótico, alimento rico em organismos vivos que traz benefícios à saúde. No caso, as bactérias do chucrute melhoram a digestão, reforçam o sistema imunológico e também podem ajudar a reduzir o colesterol e triglicérides.
Novamente, bom senso não faz mal para ninguém, certo? O ideal é consumir até duas colheres de sopa de chucrute ao dia, pois ele é rico em sódio, e tomar cuidado com os acompanhamentos. "No Sul, ele costuma ser consumido com joelho de porco e outras carnes calóricas, mas o ideal é servi-lo em refeições mais balanceadas, com carnes magras e carboidratos complexos", considera Navarro.
Radicchio
Não sabe do que estamos falando? Tudo bem, o alimento - da família da chicória - é mais raro mesmo em outras partes do Brasil. O radicchio é uma folha de um roxo avermelhado, que lembra o alface. Sua coloração, além de linda, também é a fonte de seus benefícios. "Ela significa que o alimento contem antocianinas, poderosos antioxidantes que atuam contra o envelhecimento precoce e até o câncer", explica a nutricionista clínica Juliet Marzalek, de Curitiba (PR).
Além disso, as folhas são ricas em potássio, nutrientes que atua contra a retenção de líquidos, e também contêm fibras insolúveis, aquelas que deixam o intestino funcionando melhor do que nunca!
Ele costuma ser consumido cru em saladas, e essa é mesmo a melhor forma de preservar suas fibras. "Quando você cozinha, abranda essas fibras, o que reduz seu poder regulatório do intestino", revela a especialista. Mas ainda assim, vale consumi-la aquecida devido aos seus outros nutrientes. Nesses casos, ela pode ser usada em risotos e tortas.
O radicchio é um alimento pouco calórico, como todas as outras folhas: 100 gramas do vegetal contêm 23 calorias. Mas o ideal é consumir uma porção, ou seja, 15 folhas, e intercalar com outras folhas nutritivas, como rúcula e couve, entre outras.
Vinho
Simplesmente não dá para falar sobre alimentos típicos do Sul sem mencionar e ressaltar o vinho. Turistas do Brasil todo vão em direção à região justamente para provar as melhores bebidas e fazer os imperdíveis passeios pelas vinícolas de lá. E quem pode culpá-los, não é mesmo? Os vinhos são ótimos e os lugares, lindos e acolhedores.
O vinho tinto é rico em resveratrol, um antioxidante e anti-inflamatório natural. "Dessa forma, ele protege o coração, o cérebro e os vasos sanguíneos", resume Navarro. Além disso, o álcool ajuda a reduzir a produção de colesterol LDL e aumenta o HDL, ajudando mais ainda o coração.
Mas agora vem a informação que você procurou evitar até este momento: vinho é bom, mas precisa ser consumido com moderação. Pois é, não tinha como não mencionar isso. Uma taça de vinho ao dia é o ideal para conseguir esses benefícios. Mais do que isso o álcool começa a ser um fator de risco para câncer de esôfago e estômago, principalmente se houver histórico familiar. "O consumo excessivo de álcool também pode causar aumento da glicemia e dos níveis de triglicérides e alterações do fígado", considera Clarissa.
Galeto
O galeto é uma iguaria muito comum no Rio Grande do Sul. Como o prato nada mais é do que a carne de frango, pode ter certeza de que ele faz muito bem à saúde. Essa carne é rica em proteínas de alto valor biológico, vitamina B5 e normalmente traz poucas calorias. Ou seja, vale aprender com os sulistas e consumir frango dessa forma diferente.
No entanto, é preciso ter um pouco de cuidado com a pele do animal, rica em gorduras saturadas. "Consumir essas carnes sem a pele é o ideal para a saúde", salienta Juliet. Portanto, tente retirar a pele antes de preparar ou pelo menos na hora de consumir.
Além disso, se for para dar preferência a uma parte específica desse prato - os sulistas mesmo comem um galeto inteirinho! -, escolha o peito, que é a parte mais magra.
Ostra
Não adianta olhar para o lado e fingir que não leu. Estamos falando de ostra mesmo. Os frutos do mar são imperdíveis em Santa Catarina, principalmente as ostras. Se você for a Florianópolis e não experimentar, pode ter certeza que terá que voltar à cidade!
Além de ser um item típico, vale a pena prová-las pelos benefícios. Ela é rica em zinco, mineral que ajuda diversas enzimas do corpo a realizarem suas reações que garantem o funcionamento do organismo.
Inclusive, o zinco é regulador do hormônio testosterona, principal hormônio masculino e também o responsável pela libido das mulheres. "Se a pessoa tem uma queda hormonal e você dá ostra, isso repõe o zinco e pode voltar a produção dos hormônios", explica o nutrólogo Roberto Navarro.
E a ostra ganha de 10 a 0 de diversos alimentos que contêm bastante zinco. Em 100 gramas desse molusco você tem quase 38 miligramas do mineral, contra 5,67 mg a cada 100 g de lagosta, por exemplo.