Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A revista especializada Clinical Nutrition publicou uma revisão de estudos indicando que a desnutrição atinge de 40% a 60% dos pacientes que dão entrada em hospitais da América Latina. Foram analisadas 66 pesquisas de 12 países, realizadas com 29.474 pacientes. Além disso, a maior parte dos estudos ocorreram no Brasil.
A médica especialista em nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e líder da revisão, Maria Isabel Correia comenta: "O paciente chega ao hospital e começa a ser tratado da doença principal, mas, infelizmente, a preocupação com o estado nutricional muito raramente faz parte do diagnóstico".
Segundo Maria, se o paciente acabar perdendo peso ou mudar a forma como se alimenta, ele estaria em risco de desnutrição. Por isso, o Ministério da Saúde lançou um Manual de Terapia Nutricional, recomendando que os pacientes admitidos na unidade de internação hospitalar recebam a atenção da equipe responsável pela nutrição.
A terapia nutricional inclui: triagem, avaliação dos pacientes em risco, cálculo das necessidades nutricionais, indicação de terapia e monitoramento. Os pacientes com risco ou que já estejam desnutridos, devem ter a alimentação fortificada e podem receber nutrição enteral (por tubos no nariz) ou parenteral (pela veia).
Um dos estudos analisados revelou que uma pessoa com alto grau de desnutrição tem três vezes mais chances de morrer: enquanto pessoas com grau médio de desnutrição têm 4,1% mais chances de morte, aqueles com alto grau de desnutrição tem esse número aumentado para 12,8%.
Os dados recolhidos apontam que há uma relação entre o tempo de internação e evolução da desnutrição. Assim, quanto maior o tempo internado, maiores são as chances de o paciente ficar desnutrido. Além disso, a destruição hospitalar pode ter várias causas, como a não aceitação da dieta hospitalar, a própria doença ou os jejuns para a realização de exames.
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A médica alega que exista um consenso internacional de que 50% das pessoas internadas estão desnutridas. "Por isso dizemos que a doença mais prevalente nos hospitais é a destruição". A solução que os hospitais vêm encontrando para combater o problema é deixar a comida mais atraente para o paciente, fazendo pratos mais coloridos e melhorando a textura.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, as ações relacionadas à terapia nutricional no Sistema Único de Saúde (SUS) receberam um auxílio de 59% entre 2010 e 2015. No ano passado, R$ 92,77 milhões foram aplicados na área. O objetivo é fortalecer a terapia nutricional por meio da elaboração de materiais e realização de cursos de capacitação de profissionais que integram as Equipes Multiprofissionais de Terapia Nutricional (EMTN).
