Doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista e...
iQuando você está no pico do seu treino ou toma um susto, já reparou como seu coração fica acelerado? Pois é, existe uma explicação para isso. Então, vamos começar essa história do começo...
O músculo cardíaco (miocárdio) contrai cerca de 80 vezes por minuto, isso faz o fluxo do sangue ser mais ou menos estável ao longo do dia. Digo mais ou menos porque podemos notar o pulso ?batendo? uma vez para cada contração dos ventrículos.
Cada batimento aumenta um pouco a pressão dentro do vaso, e podemos notar o "pulso", que é uma onda de sangue sendo empurrado através do corpo, levando o sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, rins, intestinos, músculos e de volta ao coração.
Cada batimento é iniciado por um estímulo elétrico criado pelo próprio coração. Um grupo especial de células, chamado nó sinusal, cria o ritmo. Da mesma forma que uma baterista, ele mantém uma frequência estável, que acelera quando necessário para alimentar as outras partes do corpo (na corrida) ou antecipando o uso em caso de luta ou fuga (no susto).
Causas da arritmia cardíaca
Quando o ritmo fica mais rápido que o adequado, mais lento que o mínimo necessário ou irregular, aconteceu uma das duas coisas:
- O nó sinusal não está fazendo seu trabalho direito (sendo mais lento que o desejado, ou impedido de dar ritmo aos ventrículos, nos bloqueios)
- Alguém decidiu comandar mais rápido, se sobrepondo, como nas taquicardias e nas extrassístoles.
Por isso, se a frequência é mais lenta que 50bpm, mais rápida que 100bpm ou irregular, chamamos arritmias.
Arritmia cardíaca pode matar
Se você acompanhou até aqui, reparou o quão importante para o corpo que o fluxo seja estável. Se o coração bate mais lento, sangue acumula nos pulmões e não chega no cérebro. Se bate muito rápido, o sangue, que é um caldo composto de sólidos diluídos no soro, começa a "engarrafar" e também acumula sem alimentar o restante do corpo.
Os primeiros que sofrem com a privação de alimento/oxigênio são o cérebro e o próprio coração. Por isso, arritmias muito rápidas ou muito lentas podem matar.
Felizmente, estas são muito raras. Podem ser iniciadas com adrenalina, esforço, drogas e pessoas que já vivem em privação crônica de oxigênio no coração (infarto ou angina) ou no cérebro (problemas em carótidas, derrame ou AVC).
Arritmias ventriculares (nascem nos ventrículos) costumam trazer maior risco de vida que as atriais (contra as quais o coração já tem mais defesas naturais).
Arritmia cardíaca X Atividades físicas
A maioria das pessoas com arritmia podem praticar atividade física regular, e inclusive devem se manter ativas, desde que a frequência seja mantida controlada. Outras precisam de remédios para gerenciar o risco.
Pacientes portadores de cardiopatia grave, como aqueles com desfibrilador ou arritmias ventriculares que duram mais de 30 segundos (sustentadas) ou com sinais de instabilidade (angina, perda da consciência), devem ser afastar de atividade desportiva.
Raramente pacientes ficam impedidos de fazer atividade aeróbica. Iniciar atividades como caminhada e ciclismo leve sem incremento de carga é aceitável e seguro.
Buscando ajuda médica
Quem tem arritmias deve passar em consulta médica para avaliar se elas são sensíveis ao estresse e adrenalina.
Se existe alguma doença no coração que o torna mais frágil no caso de aceleração (taquicardias) ou alentecimento(bradicardias), ecocardiograma, eletrocardiograma e holter 24 horas já ajudam a identificar pessoas em maior risco.
Consulta médica em busca de história de morte, desmaios na pessoa ou em parentes de primeiro grau (pais, irmãos) é importante, pois pode haver um padrão familiar genético.