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Quem tem diabetes deve ficar de olho: se a glicemia subir acima do nível esperado, há risco de vários danos no organismo, como complicações renais, lesões oculares e problemas de pele. A doença ocorre justamente por causa desse aumento da glicemia (açúcar no sangue), que acontece porque o pâncreas não consegue produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para o bom funcionamento do organismo ou porque a insulina apresenta resistência para agir da maneira adequada.
Inserir alguns hábitos simples no dia a dia é importante para conviver bem com o diabetes. Veja o que você pode fazer para ajudar os tratamentos convencionais a controlar a glicose e se manter sempre saudável.
Controlar o peso
Quem tem diabetes e está acima do peso ideal deve procurar um nutricionista para fazer uma dieta adequada e eliminar os quilinhos extras. De acordo com o endocrinologista Renato Zilli, do Hospital Sírio Libanês, o benefício está em perder a gordura abdominal, já que ela é uma das responsáveis pelo surgimento do diabetes e também exige muita liberação de insulina.
"Quando se perde peso, sobra mais insulina para outras partes do corpo, exigindo uma demanda menor do hormônio", explica. Isso é muito benéfico para o controle do diabetes.
Fazer atividade física
Via de regra, todas as pessoas deveriam fazer atividade física regular. No entanto, quem tem diabetes deve seguir essa recomendação ainda mais à risca. Zilli explica que quem se exercita diminui o risco ou até mesmo consegue controlar o diabetes. "Vai diminuir a resistência à insulina na musculatura periférica. Com a atividade física, a pessoa usa melhor o açúcar do sangue", esclarece.
Além disso, mexer o corpo vai afastar o risco de infarto ou AVC, que é naturalmente aumentado entre pacientes com diabetes. É importante conversar com o médico para ter uma orientação sobre as melhores atividades físicas para cada caso.
Hidratar bem a pele
O descontrole da glicemia também pode provocar pele seca que, se não cuidada e muito bem hidratada, pode apresentar coceiras e rachaduras que aumentam a chance de infecções.
O dermatologista Cláudio Wulkan, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a pele seca aparece depois de uma a três semanas de glicemia descontrolada. "É preciso hidratar bem a pele e controlar o açúcar do sangue".
Microrganismos oportunistas também atacam quando a pele está seca: "Com o descontrole do açúcar, as infecções podem aparecer, pois as células de defesa do nosso sangue têm sua mobilidade alterada. Elas funcionam devagar em um ambiente com muito açúcar", explica Wulkan. Quando essas defesas estão comprometidas, a pele fica vulnerável aos ataques de bactérias e fungos.
A hidratação da pele, portanto, faz muita diferença para evitar irritações e lesões. O cuidado com a pele inclui o uso de produtos específicos para quem tem diabetes. Cremes hidratantes desenvolvidos especialmente para esse público podem ser usado diariamente. Para uma absorção mais eficiente, o ideal é fazer uso do hidratante logo após o banho.
Cuidar dos pés
A pele dos pés é a que mais sofre com o descuido do controle da doença. O dermatologista explica que a região está mais sujeita a ataques de fungos ou bactérias porque a vascularização fica comprometida e as células de defesa do organismo não chegam ao local. Além disso, o diabetes causa micro lesões nos vasos e nos nervos que podem, indiretamente, alterar a sensibilidade dos pés.
"Essa alteração da sensibilidade pode provocar feridas, machucados e úlceras", alerta Wulkan, que também é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Americana de Dermatologia.
"A pessoa pode se machucar mais porque não sente a dor. Se pisar em uma pedrinha, por exemplo, não vai sentir e vai ferir a pele", explica. A recomendação é sempre avaliar a sensibilidade dos pés nas consultas médicas.
Além disso, também nessa região do corpo o ressecamento da pele aparece com mais intensidade. O uso de cremes hidratantes próprios para a pele de quem tem diabetes pode ajudar a controlar os danos causados pelo ressecamento excessivo.
É importante lembrar que o creme hidrante não deve conter álcool, já que esse componente pode prejudicar a hidratação da pele.
Comer fibras
Uma alimentação saudável e rica em legumes e verduras é ideal para quem tem diabetes por conter fibras, recomenda o endocrinologista. As fibras ajudam a diminuir a velocidade de absorção da glicose no sangue.
"Alimentos ricos em fibras também dão saciedade, fazendo com que a pessoa coma menos", esclarece o endocrinologista.
Dormir bem
Parece bobagem, mas uma boa noite de sono é aliada de quem tem diabetes. Renato Zilli explica que dormir menos que sete horas por noite piora o controle do açúcar, porque o corpo produz mais cortisol, hormônio que, em excesso, não é bem-vindo já que aumenta o acúmulo de gordura abdominal.
"Além disso, a falta de sono provoca mais compulsão alimentar, por isso é muito importante que a pessoa durma bem". O endocrinologista ainda ressalta que a nossa força de vontade vai sendo gasta durante o dia, então a chance de comer bobagens aumenta. "É importante então que a gente comece o dia com mais disposição e, para isso, é essencial dormir bem".
Não se estressar
O corpo libera cortisol diante de uma situação de estresse, o que é ruim para quem tem diabetes. "Além disso, o estresse pode fazer com que a pessoa deixe de fazer escolhas saudáveis e ter uma piora na qualidade de sono", diz Zilli.
Evitar carboidratos simples
Farinha branca, açúcar e outros carboidratos simples se transformam rapidamente em glicose, logo não são boas escolhas para quem tem diabetes.
"Hoje, temos uma oferta calórica muito grande, então o ideal é fazer escolhas mais saudáveis e programar as refeições", recomenda o endocrinologista do Hospital Sírio Libanês.
Ficar longe do álcool
De acordo com Zilli, quem tem diabetes deve ter muito cuidado com bebidas alcoólicas. "Elas podem conduzir a glicemia tanto para baixo [hipoglicemia] como para cima [hiperglicemia]. A melhor bebida alcoólica para quem tem diabetes é o vinho tinto seco, mas mesmo assim não se pode beber à vontade" diz, pedindo cautela.
"Só o médico saberá dizer a quantidade que a pessoa pode consumir", explica o especialista.