Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Quando falamos em câncer de pulmão, automaticamente lembramos do cigarro. E faz sentido: o tabagismo continua sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Ainda assim, o fumo - ativo ou passivo - não é o único responsável pelo tumor.
Você sabia que a poluição ambiental também é uma importante causa de câncer de pulmão? E que a quimioterapia não é a única possibilidade de tratamento para a doença? Veja, na matéria abaixo, 7 fatos importantes sobre o câncer de pulmão, respondidos pelo médico oncologista Fernando Santini, do Hospital Sírio-Libanês.
1) É um câncer recorrente no Brasil
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Apesar de a taxa de incidência da doença estar diminuindo cada vez mais, desde a década de 1980, estima-se um total de 31.270 novos casos nos próximos anos - sendo 18.740 homens e 12.530 mulheres.
"O que é mais impactante é que ele é o tumor que mais mata. E na maior parte dos casos, é diagnosticado em casos avançados, em estágio 4. Poucas vezes o câncer de pulmão é detectado em estágios iniciais", explica o médico oncologista Fernando Santini, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
2) Existem diferentes tipos de câncer de pulmão
O câncer de pulmão é um carcinoma e pode ser dividido em dois grandes grupos: carcinoma de células pequenas e câncer de pulmão de não-pequenas células. Este último, por sua vez, conta com três subtipos principais: adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas e carcinoma de grandes células.
Segundo o médico oncologista Fernando Santini, o câncer de pulmão de células pequenas costuma atingir fumantes e ex-fumantes, mais frequentemente. Trata-se de um tipo mais raro de tumor, embora muito mais agressivo que o câncer de não-pequenas células. Apesar da agressividade, existe tratamento para a doença.
3) Os sintomas podem confundir
Normalmente, os sintomas do câncer de pulmão não ocorrem até que a doença esteja em um estágio avançado e podem ser confundidos com outros problemas de saúde, como uma irritação na garganta. Mesmo assim, conforme explica Fernando Santini, alguns sinais podem se manifestar no começo da doença. Os mais comuns, de acordo com o INCA, são:
- Tosse persistente
- Tosse com sangue
- Dor e chiado no peito
- Piora da falta de ar
- Rouquidão
- Perda de peso e de apetite
- Pneumonia recorrente
- Sentir-se cansado ou fraco.
O mais importante é estar atento aos sintomas e buscar o médico o quanto antes, ainda que pareça uma tosse sem importância, por exemplo. "Todo sintoma deve ser levado em consideração. Ao notar qualquer um destes, o paciente deve procurar auxílio médico e não pensar que aquilo vai passar", aconselha o médico oncologista Fernando Santini.
4) Cigarro não é o único fator de risco
Muitas pessoas ainda associam o câncer de pulmão ao hábito de fumar. Este raciocínio não está incorreto, uma vez que o tabagismo, de fato, continua sendo uma das principais causas de câncer de pulmão no mundo todo. Porém, o cigarro não é o único fator de risco para a doença: até mesmo não-fumantes podem ter o câncer de pulmão.
"Quem fuma tem um risco até 20 vezes maior de desenvolver o tumor do que os não fumantes. Mas isso não quer dizer que quem fuma não vá ter. A segunda principal causa, atualmente, é a exposição à poluição ambiental", afirma Fernando Santini. Além disso, o tabagismo passivo, que é a exposição à fumaça do tabaco, também é um fator de risco para o câncer de pulmão.
5) É possível diagnosticar precocemente
Nem sempre é fácil diagnosticar o câncer de pulmão, uma vez que os sintomas comuns tendem a aparecer com mais frequência em estágios avançados. Além disso, falta a conscientização da população a respeito de um exame preventivo muito importante para a detecção precoce do câncer de pulmão: a tomografia de tórax.
Segundo o médico oncologista Fernando Santini, do Hospital Sírio-Libanês, o exame é indicado anualmente para pacientes na faixa etária que compreende 55 e 80 anos, fumantes ou ex-fumantes. "Se você detecta precocemente, pode fazer uma cirurgia tratativa. Fazendo esse rastreamento, os pacientes podem viver mais", explica o especialista.
6) O tratamento é personalizado
Quando falamos em câncer, que tipo de tratamento vem à mente? Muitas pessoas ainda pensam na quimioterapia como a única alternativa, mas não é bem assim. O tratamento depende de inúmeros fatores, que podem variar de acordo com cada paciente, tipo de câncer de pulmão e estágio da doença.
Por isso, é indicado para o tratamento do paciente um grupo multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, radiologista intervencionista, médico nuclear, fisioterapeuta, nutricionista e outros profissionais. Juntos, eles podem oferecer um atendimento individualizado para cada caso, respeitando as especificidades do paciente.
De modo geral, os tratamentos indicados para o câncer de pulmão incluem: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. Estas duas últimas modalidades, segundo Fernando Santini, representam uma grande mudança no tratamento do câncer de pulmão e permitem que os pacientes vivam com mais qualidade de vida, por mais tempo.
"A imunoterapia é como a liberação de um bloqueio do nosso sistema imune. Quando o tumor desenvolve um escudo e se ?esconde? do nosso sistema imunológico, a imunoterapia funciona como uma espécie de vacina, tirando esse escudo e fazendo com que o nosso corpo combata o tumor, estimulando o sistema de defesa", esclarece o médico.
Já a terapia-alvo, como explica Fernando Santini, é mais indicada para pacientes cujo tumor tenha determinadas características moleculares (genéticas). Essas medicações, segundo o INCA, têm sido reservadas para o tratamento de doenças avançadas.
"A imunoterapia tem efeitos colaterais reduzidos. O paciente pode ter apenas alguma inflamação, mas a frequência desses eventos é baixa. São tratamentos que permitem mais qualidade de vida para os pacientes, garantindo um dia a dia muito mais tranquilo", reforça Fernando Santini.
7) Existe prevenção
Como explicamos anteriormente, qualquer pessoa pode ter câncer de pulmão. Ainda assim, a melhor forma de preveni-lo é evitando alguns fatores de risco, principalmente o tabagismo e o fumo passivo. Diminuir a exposição a elementos químicos e poluição ambiental também é um cuidado que ajuda a reduzir o risco do câncer de pulmão.
Outro fator de atenção importante é a obesidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de peso pode elevar o risco de câncer e tem aumentado a incidência da doença entre a população. Por isso, nunca é demais reforçar: hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios e controle do estresse são importantes aliados na prevenção do câncer, não só o de pulmão.
Referências:
INCA. Câncer de Pulmão. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao
Oncoguia. 5 coisas que você deve saber sobre o câncer de pulmão. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/5-coisas-que-voce-deve-saber-sobre-o-cancer-de-pulmao/11056/448/
Oncoguia. Sinais e sintomas do câncer de pulmão em homens. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-cancer-de-pulmao-em-homens/12327/448/
Instituto Lado a Lado Pela Vida. Câncer de Pulmão. Disponível em: https://www.ladoaladopelavida.org.br/cancer-de-pulmao
Oncoguia. Obesidade eleva risco de câncer: entenda oito processos biológicos que explicam relação. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/obesidade-eleva-risco-de-cancer-entenda-oito-processos-biologicos-que-explicam-relacao/11797/7/